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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A REVOADA DAS POMBAS


A REVOADA DAS POMBAS
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Vi a pomba bater asas
Esvaziando o terreiro
Era só um passarinho
Buscando novo roteiro
Pomba-de-arribação
Bem comum lá no sertão
No ir e vir corriqueiro.
*
Quando pousou na vivenda
Já era tempo de estio
Entretanto fez seu ninho
Acabei com seu fastio
Cuidada com bom xerém
Ela sentia-se bem
Arrulhava a cada cio.
*
Vi a rola satisfeita
Sempre renovando o ninho
E dava graças a Deus
Por tê-la em meu caminho
Mas tudo acabou em nada
Pois a rola desalmada
Sumiu em um torvelinho.
*
E foi-se a pomba vadia
Foi-se a Burguesa também
Por rolas eu não lamento
Umas vão e outras vem
E foi-se a pomba terceira
Não será a derradeira
Que meu alçapão detém.
*
Outro dia eu avistei
A vadia em meu quintal.
A Burguesa toda prosa
Vi pousando em meu varal
Mas quem hoje me fascina
É uma pomba-divina
Conhecida por trocal.
*
Versos e foto de:
 Dalinha Catunda cad. 25 da ABLC
Idealizadora e gestora dos Blogs:
Cantinho da Dalinha e Cordel de Saia

domingo, 3 de novembro de 2019

AS DELFINAS
Era uma vez uma cidadezinha no interior do Ceará, chamada Ipueiras. Nos arredores dessa cidade, ficava um simpático lugarejo, o Pai Mané, onde só havia sítios. Lá Morava Dona Delfina e suas filhas.
Dona Delfina era verdureira, tinha seus canteiros com coentro e cebolinha. Dali tirava o complemento para o sustento da família.
Em Ipueiras antigamente as feiras só aconteciam aos sábados. E quem fosse ao centro da cidade, nesse dia, encontraria Dona Delfina e as filhas, com suas cuias de verduras.
As crianças da cidade, as vezes acompanhavam as mães, quando essas iam a feira, pois queriam garantir, o bolo manzape, a pitomba, o cajá e o cambucá.
Mas além das guloseimas, só Dona Delfina, encantava as crianças, pois a verdureira, tinha uma cuia especial. Uma Cuia colorida, cheia de bonequinhas de pano que atraia o olhar da meninada, e por ser um mimo barato, as meninas sempre conseguiam levar uma bonequinha para casa.
As bonecas eram conhecidas, como as bonecas das filhas de Dona Delfina. Eram vendidas nas feiras, eram arrematadas nos leilões das novenas e durante muito tempo foram presentes queridos e cobiçados pelas meninas do interior.
Brinquei muito de boneca de pano, fiz muitos vestidinhos para elas, confesso que nunca fiquei, sem uma dessas bonequinhas. Até me arriscava a fazer algumas com as sobras de tecido que minha mãe juntava. Mainha, entre outras atividades, era costureira.
Hoje envolvida com cultura popular, artesanato, poesia, estou exercitando o que herdei do meu povo e repassando as novas gerações o meu conhecimento.
Agora, voltei a brincar de fazer boneca. É uma ocupação que me dá muito prazer. E com todo carinho e respeito por Dona Delfina e suas filhas, batizei minhas bonecas com o nome da verdureira e artesã: AS DELFINAS.
*
Fotos e relato de Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com
Idealizadora e gestora do Cantinho da Dalinha  e do Blog Cordel de Saia.