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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

ERA ASSIM: 1- O NAMORO


 

ERA ASSIM:

1 - O NAMORO

*

Houve um tempo que era assim:

E tudo tinha mais graça

Os flertes aconteciam,

A conquista era na praça,

E como não recordar,

O tempo de namorar

Que o pensamento hoje traça.

*

Na pracinha do colégio,

Na avenida do pecado,

A colega alcoviteira

No leva e traz de recado.

No seu papel de cupido

Sem fazer muito alarido

Torcia por resultado.

*

Namorados de mãos dadas

Davam voltas na pracinha,

Esperando por um banco,

Que para todos não tinha.

A rádio local tocava,

Da pracinha se escultava,

A romântica modinha.

*

Quando a luz dava sinal

Não se podia teimar

Era hora de ir embora

Nem pensar em atrasar

Era surra, era carão,

E pisa de cinturão,

E nada de reclamar!

*

Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com

sábado, 2 de novembro de 2024

NO BALANÇO DA PENEIRA


NO BALANÇO DA PENEIRA

*

Vou seguindo meu caminho

Como alegre criatura

Que balançando a peneira

Vai semeando cultura

Repassando tradição

Como mulher do sertão

Que faz versos com fartura.

*

Versos e fotos de Dalinha Catunda

Cordelista – Cirandeira – artesã e gestora dos blogs:

www.cantinhodadalinha.blogspot.com

www.cordeldesaia.blogspot.com 

dalinhaac@gmail.com



 

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Mote: Quem vive só de vaidade, diz que é, mesmo sem ser.


 

Poetas e poetisas “Glosando na Rede com Dalinha”

 

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

1

Quem vive se pabulando

Dizendo que muito é,

Confesso não levo fé,

E vejo o povo mangando,

Pois quem anda se exaltando

Não tem tempo de aprender,

E se você quer saber

Digo com sinceridade:

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É MESMO SEM SER.

Glosa e mote de Dalinha Catunda

2

Quem disser que é o tal

É porque não é ninguém

Não tem sequer um vintém

É coitado, marginal,

Ignorante brutal,

Precisa ver para crer;

Escreve e não sabe ler,

Não tem curiosidade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É MESMO SEM SER.

Arimaté Sales

3

Alguém diz que é o tal

Quer estar na passarela

É só um pé de chinela

Mas quer ser um sem igual

Comprou lugar no mural

Só querendo aparecer

A todos quer convencer

Mas logo vem a verdade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Rivamoura Teixeira igutu Ceará

4

Que conta muita lorota

Só querendo se gabar

O seu dia vai chegar

Ninguém é pois , idiota

Pra tudo tem sua cota

Todo mundo vai saber

Mostra pois queremos ver

Se procede de verdade

QUEM SÓ VIVE DE VAIDADE

DIZ QUE É MESMO SEM SER.

Glosa : Dulce Esteves

5

Gente que fala besteira

Que se exibe sem ter nada

Só pabulagem e zuada

Igual vendedor de feira

Será bem curta a carreira

De quem assim proceder

Ninguém queira se crescer

Através da falsidade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Glosa:Jerismar Batista

6

Nariz empinado é

Coisa de gente idiota

Que come feijão e arrota

E diz que comeu filé

Anda de jumento e a pé

E fala com todo prazer

Como é bom a gente ter

Dólar que não é verdade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Vânia Freitas

7

Quem quer chamar atenção,

Mostrando toda arrogância,

Com desdém e petulância,

Demonstrando ostentação,

É cheio de presunção,

Sem ter nada pra comer,

Quem ostenta sem poder,

É um ser sem humildade,

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE,

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Glosa: Joabnascimento

8

Igual sepulcro caiado

Só importa a aparência

Seu miolo, sua essência

É de eterno fracassado,

Tenho dó desse coitado

Não vê o tempo correr

Seu verniz vai derreter

Pois perdeu a validade:

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Glosa de Bastinha Job

9

Agradável é ser real

Em nada dissimulada

Assim tal uma fachada

Em tudo artificial

Bom mesmo é ser natural

Ter beleza e dá prazer

O gostoso é a gente ver

Uma pessoa de verdade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER.

Glosa: F.de Assis Sousa

10

Quem explora a própria imagem

Como sendo o mais gostoso

Anda inchado e orgulhoso

Quer em tudo ter vantagem

Não carrega na bagagem

A semente do saber,

Pois no fundo ele quer ter

O que não tem, de verdade

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É, MESMO SEM SER

Glosa: Giovanni Arruda

11

Quem come pura farinha,

Dizendo que é caviar,

Quem vive só de falar,

Sem nunca entrar na linha,

Quem não levanta e caminha

Nos caminhos do fazer,

Vive só do "vou vencer",

Mas a preguiça lhe invade...

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE,

DIZ QUE É, MESMO SEM SER!

Glosa: Compadre Lemos

12

Já chega falando grosso

Querendo me intimidar

Não tem nada pra doar

Só vive roendo um osso

Preço no fundo do poço

Fingindo que tem poder

É pobre sem nada ter

E detido na vaidade.

QUEM VIVE SÓ DE VAIDADE

DIZ QUE É MESMO SEM SER

Glosa: Jairo Vasconcelos.

*

Amigos e amigas, muito obrigada pela interação é muito bom contar com vocês.

Sempre que estou em minhas palestras, falo destes espaços virtuais que juntos mantemos, tanto O Conversa de Calçada Virtual, como O Glosando na Rede com Dalinha. Agradeço muito a participação de todos.

Dalinha Catunda

Cordelista – Cirandeira – artesã e gestora dos blogs:

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dalinhaac@gmail.com

sábado, 19 de outubro de 2024

Dalinha Catunda Na I FLI


 Estarei participando da I FeiraLiterária  de Inclusão no Instituto Benjamin Constant.

dalinhaac@gmail.com

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

O Cantador e o Comentário


O Cantador e o Comentário

Inspirado no poema, Sou Dalinha do Cordel, Aldy Carvalho – O Cantador – a quem mais uma vez agradeço, escreveu este significante comentário que me deixou bem lisonjeada e com vontade de dividir com meus amigos e amigas.

SOU DA LINHA DO CORDEL

*

Sou Cordel de Saia

Cordel de vestido

Cordel feminino

Cordel atrevido

Cordel de Calcinha

Cordel de Dalinha

Cordel divertido.

*

Sou manha e gracejo

Sou verso ladino

Sou canto nascido

No chão nordestino

Sou nesse universo

Cabocla do verso

Santo e libertino.

*

Sou alma do verso

Sou rima no ar

Sou dedos que contam

Pra metrificar

Sou inspiração

Dou voz a oração

No palco a cantar.

*

Saudações, Dalinha Catunda

Dalinha celebra a força e a identidade feminina dentro da tradição da literatura de cordel. A voz poética assume uma postura orgulhosa e autônoma e como é comum nesta poetisa, nesse poema, ela constrói uma imagem em que se define a partir de sua feminilidade e ousadia. A repetição da palavra "Cordel" com diferentes complementos – "de saia", "de vestido", "feminino", "atrevido" – sugere a multiplicidade de papéis e identidades que a mulher pode assumir. "Cordel de Calcinha" e "Cordel de Dalinha" reforçam essa ideia de intimidade com a arte e da autora consigo.

A metáfora de ser "alma do verso" e "rima no ar" sugere que ela se funde com a poesia, transcendendo as barreiras físicas e tornando-se parte da própria criação.

Dalinha, nesses versos, articula, com destreza, a presença e a força da mulher no cordel, revelando a profundidade e versatilidade da voz feminina no espaço da cultura popular. A cordelista se coloca como uma mulher múltipla, dona de sua criação e capaz de se expressar tanto com graciosidade quanto com irreverência.

Minhas todas palmas a esta nossa colega cordelista de prima.

Aldy Carvalho o Cantador

 

Dalinha Catunda – Cordelista Cirandeira – Artesã e gestora dos blogs:

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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

CORDEL NA FLIP EM 2024

 CORDEL NA FLIP EM 2024

Mais uma vez o cordel marcou presença, na Festa Literária Internacional de Paraty. Desta feita os cordelistas arcaram com suas despesas, o patrocínio dos anos passados, infelizmente, não rolou este ano. Contudo, o IPHAN nos abriu as portas da Casa do Cordel, lutou por parcerias, ampliou nossos espaços, fora da casa do cordel, nos oferecendo muitas atividades.

Além da exposição e venda de cordéis, participei organizando e colocando em prática a Ciranda que já virou tradição com o grupo do Rio de Janeiro e a equipe do IPHAN.

Fiz a Ciranda da Peneira No Coreto do Areal, lá também me apresentei com Edi Maria e Cleusa Santo, mostrando a As Três Faces de Maria, enfocando Maria Bonita. Ainda no Coreto do Areal, dei início a uma roda de versos, com Edi e Cleusa, aproveitando o público presente.

Fiz parte da mesa de debates sobre Cordel e Ciranda e sobre o registro do cordel como bem imaterial. Fora isso, fiz animação na Casa do Cordel com Santini, fiz declamações e conversei muito com os leitores.

Posso garantir que valeu a pena ir a Paraty, prestigiar essa nossa conquista que foi a primeira ação de salvaguarda proposta pelo IPHAN do Rio após o registro.

Quero agradecer aos cordelistas que interagiram comigo, agradecer a Letícia, ao André, Pedro e agradecer muito a Lívia pela simpatia e por se desdobrar para fazer o seu melhor, e fez!

Dalinha Catunda

Cordelista

Cirandeira

Gestora dos blogs:

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terça-feira, 20 de agosto de 2024

Cordel no Cine Teatro Copacabana - Dalinha Catunda





 








CORDEL NO TEATRO

Ontem, dia 18/08, eu Dalinha Catunda, estive no Cine Teatro SESC Copacabana atuando, ao lado de Edmilson Santini a convite de João Pedro Fagerlande.       Introduzir a literatura de cordel em novos espaços na cidade do Rio de Janeiro me deixa feliz e animada. Os convites vão chegando dos mais diversos lugares: Museus, institutos, escolas, shopping e feiras.

 É gratificante propagar nossa cultura na Cidade Maravilhosa onde tantos nordestinos escolheram para morar. Só tenho a agradecer e dividir com os amigos e parceiros virtuais e os amigos do dia a dia.

Dalinha Catunda

Idealizadora e responsável por administrar o blog Cantinho da Dalinha

dalinhaac@gmail.com


sábado, 17 de agosto de 2024

Dalinha Catunda e Edmilson Santini no SESC Copacabana

Cordel no SESC de Copacabana

Com Dalinha Catunda e Edmlson Santini

Estaremos amanhã, dia 18 de agosto, as15H, no SESC Copacabana. Eu, Dalinha Catunda e Edmilson Santini, com nossas performances e muita alegria. Com declamações, rimas e versos, apresentando o mundo encantado da nossa literatura de cordel, interagindo com o público com cirandas de versos e muito mais.

  É uma oportunidade e tanto de presenciar e saber mais sobre cordel.

Convido a todos vocês para esse evento, que tem a curadoria de João Pedro Fagerlande e com entrada é gratuita.

Dalinha Catunda - Gestora e idealizadora do Cantinho da Dalinha

contato: dalinhaac@gmail.com


 

quarta-feira, 10 de julho de 2024

CARTA-CORDEL RESISTÊNCIA


 

CARTA-CORDEL RESISTÊNCIA

1

Paraty foi para nós

Um motivo de alegria.

Lá na Casa do cordel,

Com o IPHAN acontecia

Uma das grandes conquistas,

Empolgando cordelistas,

Bela festa promovia.

*

“O que era doce acabou,”

Só por falta de orçamento!

A primeira salvaguarda

Foi um marcante momento.

Essa majestosa ação,

Hoje sem continuação,

Nos traz tristeza e tormento.

*

Vai aqui o meu lamento,

Mais do que reclamação,

Pois desse descaso todo

Falo com reprovação!

Em defesa do cordel,

Que faz bonito papel,

Mas “tá” fora da inclusão.

(Dalinha Catunda)

02

Poetas estão vivendo

Sem fé e sem esperança,

As autoridades não

Nos passam confiança,

Nessa situação crítica

Não vemos uma política

Voltada pra liderança.

*

O IPHAN proporcionou

Bons momentos de alegria,

Reconhecendo o cordel

Com muita sabedoria.

Mas logo decepcionou

Quando a verba nos negou

para o transporte e estadia.

*

Agora nos resta então

Lutar com inteligência,

Para tentarmos vencê-lo

Precisa resiliência.

O cordel rico em cultura

Tem sua desenvoltura

Sempre conquista audiência.

(Erinalda Villenave)

03

Se a FLIP é uma Festa

Poético-literária,

Com a presença do Cordel

Tornou-se quase lendária,

Por que no melhor do jogo,

Senhor IPHAN negou fogo,

Negando nossa diária?

Com isso o próprio vai contra

A tudo que apregoou,

No decorrer da campanha,

Quando o Cordel se tornou

Nosso vivo patrimônio.

Dizei-me, cá, Santo Antônio:

Será que o IPHAN se enganou?

Ou será que optando

Pelo descaso, atitude

Nada louvável, acredita

Que aos Cordelistas ilude?

Antônio, meu Santo Forte,

Que sempre nos dá um norte,

Clamo em Cordel: Nos ajude!

(Edmilson Santini)

04

Um Governo progressista

Não nega a identidade!

Ainda mais quando este

Contribui pra igualdade...

Pois que sendo inclusivo

Na cultura ver motivo

No aprimorar da verdade.

*

Meu cordel é patrimônio

O Governo acionista!

Como pode o burocrata

Ignorando a conquista,

Negar o direito certo

A quem batalhou esperto

Qual pena do cordelista?!

*

Negar estes subsídios

É o congelar do encanto

Dos fazedores das artes

Que além de verso, é canto

Pois que nos basta apoiar

Para a vida mergulhar

No embalo do acalanto.

(Severino Honorato)

.

05

O IPHAN abriu as portas

para o cordel se abancar,

dando força ao cordelista

para poder trabalhar

e nos chamou detentores

com direitos — sem favores —

e agora quer nos tirar?

*

Nos anos anteriores

trabalhamos a contento,

agora estão nos negando

com um raso argumento,

— isto ao artista, exacerba —

quando alegam não ter verba

pra custeio do orçamento.

*

O cordel é patrimônio

registrado em dossiê.

E isto, meu caro IPHAN,

quem nos deu, fora você.

Lembra, dois mil e dezoito,

seu entusiasmo afoito

recebendo o comitê?

(Zé Salvador)

06

Faltou dinheiro na FLIP,

Pro Cordel houve escassez,

Eu fiquei contrariado,

Cortaram na minha vez.

Deve ser ordem Doutor,

Mas não sei qual o Setor

Do Governo que isto fez.

*

De ter ido ano passado,

Perdi a oportunidade,

Passei mal cheio de dor.

Tinha lugar na Cidade...

Fui chamado de faltoso,

Um nome nada honroso,

Nada bom na minha idade.

*

O Relógio nunca volta,

Nós não vamos reclamar

Nestes Versos em conjunto

Temos chance de tentar,

Não mostrando mansidão,

Mas fazendo Petição

Para o Cordel divulgar.

(José Franklin da Silveira)

07

Por isso tudo, o Cordel,

De importância nacional,

Patrimônio da Cultura

Na FLIP, tradicional,

Precisa de prioridade

Em Paraty, a cidade

Da Feira internacional

*

Precisamos de conquistas,

De suportes: acolhida

De palco, mesa e debate;

De estadias, e comida

Dignidade, estrutura

Pra não causar ruptura

Porque é essa a nossa lida.

*

Cobramos dos responsáveis

Apoio, cumplicidade,

Atenção especial

A esta especialidade,

Aos líderes nordestinos,

Entregamos os destinos

Pra findar a crueldade.

(Cilene Oliveira)

08

O IPHAN parece negar

O Registro oferecido

Pois a FLIP sendo cortada

O Poeta é agredido.

Só andamos para trás

Assim, tudo se desfaz.

O valor desconhecido.

*

É preciso gritar alto.

Marcar nossa posição.

Cordel é literatura,

Conquistamos o bastão.

Dela, somos detentores

E não queremos favores,

Não pode cair ao chão.

*

O poeta cordelista

Merece maior respeito.

A continuar assim,

Cultura não terá jeito.

A Feira FLIP é todo ano

Não somos qualquer fulano.

O Cordel tem seu conceito.

(Rosário Pinto)

Fim

dalinhaac@gmail.com

quarta-feira, 19 de junho de 2024

SÃO JOÃO E SUAS TRADIÇÕES


 

SÃO JOÃO E SUAS TRADIÇÕES

1

Quando chega o mês de junho

Tem festa e animação,

De Santo Antônio e São Pedro,

Também a de São João.

É festa no mês inteiro,

E ninguém perde o roteiro

Nos trilhos da tradição.

2

Estes festejos juninos

Vieram de Portugal.

Por aqui eles chegaram

No tempo colonial,

E seguindo a tradição

A festa de São João,

Das três é a principal.

3

No dia treze de junho

Fica animado o terreiro.

A mulherada se apega

Ao Santo casamenteiro.

O famoso Santo Antônio!

Para arrumar matrimônio,

E se casar mais ligeiro.

4

Já vinte nove de junho,

De São Pedro é o dia.

Patrono dos pescadores,

É de barco a romaria,

É protetor das viúvas,

É também quem manda chuvas!

Da chave do céu é guia.

5

Essa festa dos três santos

De juninas são chamadas,

Por que é no mês de junho,

Que elas são celebradas.

No Brasil a tradição,

Tomou conta da nação,

Tem festas bem afamadas.

6

Numa junção de cultura

Foram chegando parceiras.

Dos indígenas herdamos

O costume das fogueiras.

Os zabumbas e tambores,

Da África são valores,

Como a dança e brincadeiras.

7

Tem festa grande em Barbalha,

Chamada pau da Bandeira.

O chá da casca do pau

É simpatia certeira.

Se a moça com fé tomar,

Santo Antônio, vai casar!

E adeus vida de solteira.

8

A Maior festa do mundo

Em louvor a São João.

É a de Campina Grande!

Digo com satisfação.

Tem Caruaru também,

Mossoró, e vou além,

São Luiz no Maranhão.

9

No Estado do Piauí,

Se destaca Teresina.

E no Ceará inteiro

Não falta festa junina,

Na praia, serra e sertão,

Tem festa pra São João,

E o povo todo se anima.

10

Acompanham essas festas,

Em suas celebrações,

Comidas e danças típicas,

Bebidas, roupas, balões.

Temos também as fogueiras!

Variadas brincadeiras,

Nesse rol de tradições.

11

E na dança da quadrilha,

É matuto o casamento.

Tem o padre e tem juiz,

Prestigiando o momento.

Inda tem o delegado,

Para casar obrigado,

O noivo que é marrento.

12

Hoje pra dançar quadrilha,

Tem luxo e muita beleza,

Tem a seda e muito brilho,

Ostentação e riqueza,

Tem muita competição,

Nem parece o São João!

Com a sua singeleza.

13

Quadrilha tradicional:

Tem vestidinho de chita,

Rapaz com calça emendada,

Moça com laço de fita,

Cantiga de Gonzagão,

Fazendo a animação,

A tradição é bonita.

14

O gritador de quadrilha,

Sai gritando: - olha a cobra!

Os brincantes fingem medo,

Mas a cena se desdobra.

- Olha a chuva:- é mentira!

A noite inteirinha vira,

Com animação de Sobra.

15

Na indumentária não falta,

Para compor, um chapéu.

Os grupos vão animados

Dançando de déu em déu.

Ainda existe balão,

Mas só na decoração!

Não pode mais ter no céu.

16

Já não tem mais aluá

Como tinha no sertão.

Ainda tem com fartura,

O afamado quentão,

Bebida tradicional,

Nas barracas do Arraial,

Que mantem a tradição.

17

Nas guloseimas da festa:

Milho cozido e assado,

Tem canjica e tem pamonha,

Tem amendoim torrado,

Bolo de milho e cuscuz,

É comida que seduz,

Em todo e qualquer condado.

18

Pé de moleque e pinhão,

Cachorro-quente também,

A paçoca e arroz-doce,

Nas barracas sempre tem.

Tem bolo e tem tapioca,

E saquinho com pipoca,

Não falta para ninguém.

19

Muitas são as brincadeiras

Para o povo que é brincante:

Tem argola e pescaria,

E tem correio elegante,

Pau-de-sebo e simpatia,

Alimentando alegria,

Que faz a festa importante.

20

 A Barraquinha do beijo

É muito bem frequentada!

Nela uma moça bonita,

E sempre bem-humorada,

Faz papel de beijoqueira,

É quem faz a brincadeira,

E bom dinheiro arrecada.

21

Nos enfeites das barracas

Para chamar atenção,

Bandeirinhas penduradas,

Vão mantendo a tradição.

Chamando atenção das gentes,

Colorindo os ambientes,

Na festiva ocasião.

22

Em todo Brasil nós temos

Quadrilha bem diferente.

Umas são contemporâneas,

Outras como antigamente.

Geração a geração,

Ocorre a transformação,

Mas sem quebrar a corrente.

23

Pelas mãos dos portugueses,

A semente foi plantada.

Aqui em nosso Brasil

Foi muito bem semeada.

Hoje na nossa cultura,

Temos São João com fartura,

Seguindo em grande jornada.

24

Nesse meu cordel falei,

Das festas de São João.

Sobre festejos juninos,

Repassei a tradição,

Retirando da memória,

Retalhos da minha história,

Vivida lá no sertão!

*

Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com