SABIDA POSSO NÃO SER MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

 

SABIDA POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

Mote de Dalinha Catunda

1

Eu já fui muito parceira

Na rotina desta vida,

Hoje sou bem precavida,

Não estou dizendo asneira.

Cansei de levar rasteira,

Mas nunca fiquei no chão,

Aprendi cada lição,

E se você quer saber:

SABIDA POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

 Dalinha Catunda

2

Sei que tenho meu limite

Sou eterno aprendiz

Não empino o meu nariz

Mas permita que eu grite

Tá errado, dou o palpite

Não é pra sim, dou um não

Pra achar a solução

Que aos dois vá atender

SABIDO POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO

RivaMoura Teixeira

3

A vida é um aprendizado

Para quem a compreende

É vivendo que se aprende

Com o presente e o passado

O meu caráter é formado

Tendo por base a razão.

Nunca fui um sabichão

Procuro não esconder

SABIDO POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO

 Araquém Vasconcelos

4

Já levei muita rasteira

Por caminhos onde andei

Já sofri, já vacilei

Muitas vezes por besteira.

Não dou mais minha chuteira

Pra ninguém ser campeão

No campo do coração

Não vou mais condescender

SABIDO POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

 Raniery Abrantes

5

Quem quer ser muito sabido

Às vezes, bem tolo o é,

Quer ser o melhor até,

Só na pose é atrevido

E digo pra ser ouvido

Limpe os ouvidos, então,

Sincera essa confissão

És o primeiro a saber:

SABIDA POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO!

MOTE DE DALINHA CATUNDA

Bastinha Job

6

Lutei minha vida inteira

Aos poucos fui aprendendo

A ninguém fico devendo

Aprendi, fui bem ligeira

E de forma verdadeira

Enfrentando o mundo cão

Deus me estendendo a mão

O que pois, irei temer ???

SABIDO ( A ) POSSO NÃO SER

MAS, BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

Dulce Esteves

7

Nunca me fiz de rogada

Mas dizem que sou matreira

Sou menina, sou arteira

E sou mulher preparada

Porém já fui enganada

Já sofri com traição

E reprimi o coração

Mas se você quer saber

SABIDA POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

Lindicássia Nascimento

8

Meu padrinho Frederico

Quando a bênção eu pedia

De moco ele se fazia

Me levava no fuxico;

Ele nunca abriu o bico

Nem sequer me dava a mão,

Tomei dura decisão

Mandei Fred se fuder

SABIDO POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO

 Giovanni Arruda

9

Já cansei de emprestar

Aquilo que era meu

Um dia papai me deu

Uma vara de pescar

E quem vier me falar

Emprestada eu dou um não

Preste bastante atenção

No que eu tenho a dizer

SABIDO POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

Jerismar Batista

10

- Hoje, estou com dor ciática,

não posso fazer amor!

Você não vê o estridor

de transar com uma asmática?

A enxaqueca é problemática,

os gases tiram a tesão.

- Quero a separação,

esse medo hei de vencer;

SABIDO POSSO NÃO SER

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

Sávio Pinheiro

11

A desgraça do esperto

Foi usar da malandragem

Mas só levou desvantagem

Foi não foi lhe desconcerto

Onde chega qu'estou perto

Muda até de opinião

Já entendeu minha lição

Não paga mais para ver

SABIDO POSSO NÃO SER

MAIS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

 F. de Assis -

12

Nunca disse ser esperto

mas vez outra dou meus pulos

não tive meus “feitos” nulos,

sou para o diverso, aberto,

que às vezes sei, não dá certo.

Mudo o meu caminho então,

ouvindo o meu coração

vou diferente fazer,

SABIDO POSSO NÃO SER

MAS, BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

 Zé Salvador.

13

Eu não nego parceria

A quem de mim a requer,

Pois sou aquela mulher

Que protege e auxilia,

Porém, o que me angustia

É trapaça e traição,

Jogo duplo, ingratidão

De longe vou perceber,

SABIDA POSSO NÃO SER,

MAS BESTA NÃO SOU MAIS NÃO.

 Nilza Dias

14

GLOSANDO NA REDE COM DALINHA

Mote de Dalinha Catunda

Xilo do meu acervo, obra de Maércio Siqueira

Agradeço a interação de todos. Como sempre mandaram muito bem.

Meu abraço carinhoso

 dalinhaac@gmail.com

MANDO VOCÊ SE LASCAR, SE VIER COM PRECONCEITO

Um mói de poetas Glosando na Rede com Dalinha Catunda

NÓS DAS BANDAS DE LÁ

1

Sou Nordeste, sou Sertão

Eu sou das bandas de lá

Nascida no Ceará

De “Padim Ciço Romão”

Sou Catunda e Aragão

Trago o Nordeste no peito

Por isso tenha respeito

Não se atreva a desdenhar

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO

Dalinha Catunda

2

Nordeste não é, somente,

Um local, assim, comum;

Aqui não temos nenhum

Motivo que deixe ausente

O tesão que torna a gente

Povo forte, satisfeito

E que carrega no peito

Um orgulho de arrombar.

- MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO.

Glosa: Professor Weslen

3

Quando tô admirado

" caraca" não vou falar

Você sim vai escutar

Vôte vixe bem falado

O nosso palavreado

É forte no linguajar

E nosso dialogar

É simples, mas tem respeito

SE VIER COM PRECONCEITO

MANDO VOCÊ SE LASCAR

[Rivamoura Teixeira)

4

Eu sou nordestina nata

E tenho orgulho de ser,

Não posso nem conceber

Por ser ideia tão chata

Quem nossa origem destrata

Tem cérebro oco, estreito,

É bom você tomar jeito

Pense antes de falar:

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO.

Glosa de Bastinha Job.

5

Do Brasil o meu Nordeste

Jamais tem comparação

Orgulho deste torrão

Ser Nordestina da peste

Do Norte, do Sul ou Leste

Falo batendo no peito

Escolhi pra ser meu leito

Minha terra, meu lugar

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO.

Glosa : Dulce Esteves

6

Seu moço eu sou do Sertão

Das terras pernambucana!

Me viro na caninana

Se alguém fala mal do chão.

Do meu velho e bom rincão

Peço que tenha respeito.

Não venha com desrespeito

Já vou também te alertar.

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO.

Mote: Dalinha Catunda.

Marcos Silva

7

Sou Nordeste brasileiro,

Sou Pernambuco, Bahia...

Velho-Chico em Travessia...

Sou Velho Barco banzeiro.

- Eita, Calango Mineiro -!

Moda de Viola, o peito:

Bate coração de jeito

Que é Galope à Beira-Mar.

MANDO VOCÊ SE LASCAR,

SE VIER COM PRECONCEITO!

Edmilson Santini

8

De nascimento, o Sudeste

Tá em minha certidão,

Porém no meu coração

Fincou Raíz o Nordeste,

Com cultura que reveste

De gratidão o meu peito,

Lá me criei, me deleito

Pois ali é o meu lugar

MANDO VOCÊ DE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO.

Glosa: Nilza Dias

9

Wellington Santiago

Não largo meu "arre égua",

E meu "ôxe", eu acho um luxo;

Meu forró de "rela bucho",

Com distância d'uma légua.

Quem faz bullying, não dou trégua,

Pode ser qualquer sujeito;

Não me falte com respeito;

E se quiser discriminar,

MANDO VOCÊ SE LASCAR,

SE VIER COM PRECONCEITO.

Glosa: Wellington Santiago

10

Gosto de arroz com feijão

Cuscuz com bode cozido

Um forró no chão batido

Xote, xaxado e baião,

Eu sou fã do Gonzagão

Nordestino insuspeito

E se eu vir qualquer trejeito

Querendo de nós gozar

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO

Glosa: Giovanni Arruda

11

Sou nordestino arretado,

Destemido, corajoso,

Sou valente, sou tinhoso,

Tenho calcanhar rachado,

O meu couro é tostado,

Levo a vida do meu jeito,

O Nordeste no meu peito,

Faz meu coração pulsar,

MANDO VOCÊ SE LASCAR,

SE VIER COM PRECONCEITO.

 Joabnascimento

12

Com prazer, sou nordestina

Fiel às minhas raízes

Memórias muito felizes

Vividas desde menina

A Bahia me fascina

Aqui vivo e me deleito

O sertão me deu o jeito

De ser forte pra lutar

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO

Creusa Meira

13

Só ando por este chão

Que é chamado nordeste

Eu sou um cabra da peste

Pego cobra com a mão

Mordo e jogo no chão

E do jeito que eu quiser

Só respeito a mulher

Que é obra exemplar

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO.

Arimateia Magalhães

14

Sou Paraíba do norte

Das entranhas do sertão

Minha cidade é São João

Onde o sol já nasce forte

Nasci aqui, tive sorte

Mamãe me criou no peito

Nordestino é desse jeito

Não para de trabalhar

MANDO VOCÊ SE LASCAR,

SE VIER COM PRECONCEITO.

Jerismar Batista

15

Pros lados do litoral

Nas praias de Fortaleza

Onde a santa natureza

Me trouxe para a real

De maneira natural

Com carinho e muito jeito

O Nordeste é o meu leito

Para eu deitar e rolar

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO

Glosa de Vânia Freitas

16

Gosto de ser nordestino

Porém não da dependência

Pra livrar-se da carência

Como se fosse destino

Ou por conta do divino

Sem o qual não há mais jeito

Isso é um falso conceito

Que temos de superar

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO.

José Walter Pires

17

sou rifle sou carabina

sou punhal de Lampião

meu Nordeste é Gonzagão

no forró de lamparina

minha morena fascina

faz um requebro perfeito

por isso quero respeito

quando for pra ela olhar

MANDO VOCÊ SE LASCAR

SE VIER COM PRECONCEITO.

Chico Fábio Cordéis

18

Desde criança na pia

que pratico obediência

equilibrando a prudência

e nada a mim desafia.

Não ligo quando me espia

pra depois botar defeito,

me taxar de mal sujeito

querendo me "esculachar".

MANDO VOCÊ SE LASCAR,

SE VIER COM PRECONCEITO.

Zé Salvador

Obrigada meus amigos e amigas, ficou muito bom.

Obrigada pela interação é gratificante entrar na roda de versos com todos vocês.

Glosando na Rede com Dalinha, é uma idealização de Dalinha Catunda, coordenada pela mesma e é divulgada em outros espaços.

Dalinha Catunda idealizadora e administradora dos blogs:

https://cantinhodadalinha.blogspot.com/

https://cordeldesaia.blogspot.com/

FOLCLORE E A LENDA DE YARA

 

FOLCLORE E A LENDA DA YARA

1

O Folclore brasileiro

É rico e bem atrativo

Geração a geração

Ele se mantém ativo

Recontando cada história

Que o povo traz na memória

Para um público cativo.

2

Folclore é sabedoria,

Tradição, conhecimento

Herança dos ancestrais

Passada sem testamento

Com aval da oralidade

O povo em atividade

É voz nesse movimento.

3

As expressões culturais

Que tem em comunidade

Fazem parte do folclore

Pois é sua identidade

Por isso cada rincão

Zela pela tradição

Seguindo sua verdade.

4

Adivinhas, trava-línguas,

A culinária também

Os ditados populares

Costumes que o povo tem

Essas manifestações

Conjunto de tradições

A memória leva além.

5

Temos cantigas de roda

Ciranda pra cirandar

Benditos e ladainhas

E as cantigas de ninar

Temos dança, temos festa

O povo se manifesta

 O anseio é salvaguardar

6

Nós temos contos e fábulas

histórias de arrebatar

E temos lendas fantásticas

Algumas são de assustar

Tem Lenda do Boitatá

Também a do Guaraná

E muito mais pra contar.

7

O folclore com certeza

É leque de tradições

D’um povo que movimenta

Repassando informações

Com raízes no passado

Pesquisando esse legado

E trazendo inovações.

8

Hoje como cordelista

Resolvi me aventurar

Entrar no mundo das lendas

E esse mundo desbravar

Sobre o lúdico universo

Vou utilizar meu verso

Para melhor explanar.

9

Minha lenda preferida

É lenda que corre chão

É a lenda da sereia

Mas conforme a região

De mãe-d’água é nomeada

Ou de Uiara chamada

Dependendo da versão.

10

É uma lenda amazônica

A base da minha história

E fala sobre uma indígena

Da guerreira em trajetória

Uma mulher perseguida

Que lutou por sua vida

Com valentia notória.

11

Era uma vez uma índia

Uma guerreira valente

Dona de grande beleza

Vivia livre e contente

E por ser muito invejada

Quase foi assassinada

Mas escapou felizmente.

12

Os seus irmãos invejosos

Resolveram se vingar

E aquela bela guerreira

Decidiram por matar

A forte guerreira então

Lutou, matou cada irmão

Para poder escapar.

13

Depois da luta sangrenta

Com medo de ser punida

A tão valente guerreira

Fugiu em grande corrida

Se jogou no igarapé

Lá encontrou o Pajé

Sentiu que estava perdida.

14

O pajé era seu pai

E naquela ocasião

Sofrendo a morte dos filhos

Tomou uma decisão

Não podia desculpar

Precisava castigar

Sua filha sem perdão.

15

Naquele instante o Pajé

Com ânsia de se vingar

Pegou a índia no colo

Para no rio jogar

E sem hesitar jogou

Quando a guerreira afundou

Ele saiu do lugar.

16

Mas a valente guerreira

Teve a sua salvação

Os peixes sentiram pena

E entraram logo em ação

Transformaram em sereia

A índia daquela aldeia

Que gostou da solução.

17

Ela é metade peixe

Outra metade é mulher

É a rainha das águas

Como a magia requer

É a sereia que encanta

Quando solta a voz e canta

Do jeitinho que ela quer.

18

E nos rios da Amazônia

Passou Yara a viver

Como uma linda Sereia

Com seu canto e com poder

Se algum homem lá chegar

Ela atrai para afogar

O povo vive a dizer.

19

Segundo a Lenda de Yara

Quem conseguir escapar

Termina ficando louco

E se quiser se tratar

Precisa ter muita fé

E procurar o Pajé

Só ele pode curar.

20

Essa história da Sereia

Repleta de fantasia

Muitos contaram em prosa

Enfeitando com magia

Hoje eu canto este universo

Na rima de cada verso

Nas estrofes da poesia

21

Essa conhecida Lenda

Em versos eu recontei

Coloquei o meu olhar

Em tudo que pesquisei

Rima e metrificação

Que existem na oração

São das regras que adotei.

22

Eu sou Dalinha Catunda

Cordelista e Cirandeira

Faço versos e boneca

Como artesã bonequeira

Também sei contar história

As que guardei na memória

São da minha vida inteira.

23

Se quem conta aumenta um ponto

Eu também sei aumentar

Vou contando do meu jeito

Para o leitor encantar

Inspirada em minha Tia

Escrevo com alegria

Ela soube me ensinar.

24

Foi lendo e ouvindo histórias

Que aprendi a escrever

A dizer o que eu queria

Nos versos que sei fazer

Minha voz hoje não cala

Tenho meu lugar de fala

Por saber o que dizer.

Fim

Cordel de Dalinha Catunda

Capa: Maércio Siqueira