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sexta-feira, 30 de julho de 2021

MINHAS CAPAS MINHA ARTE *



 MINHAS CAPAS MINHA ARTE

*
Eu sempre gostei das artes
Inda hoje dou valor
Eu gosto de desenhar
De fazer versos de amor
Gosto de fotografar
De pintar e de bordar
Aprendi no interior.
*
Às vezes até me arrisco
A fazer ilustração
Fazer capas de cordel
Para minha produção
Nunca gostei de rotina
Sou assim desde menina
Gosto de transformação.
*
Versos e capas de Dalinha Catunda
Essas são capas de cordéis, desenhadas por mim.

quinta-feira, 29 de julho de 2021

MULHER RENDEIRA


 MULHER RENDEIRA

*
Eu vi a mulher rendeira,
rendando no Ceará.
Foi o mais belo espetáculo,
que vi pras bandas de lá.
*
Eu ainda era menina,
morando nas Ipueiras.
Conheci dona Totonha,
a maior entre as rendeiras.
*
Debruçada na almofada,
sentadinha na cadeira,
tecendo com mãos de fada
entretinha-se a rendeira.
*
O que era fios de linha,
aos poucos se transformava
Nas mãos daquela rendeira,
que tecendo encantava.
*
Entre o canto e o bailado
dos bilros manipulados,
Espetava o alfinete
Nos marcos já desenhados.
*
E para o encanto dos olhos,
surgia com esplendor,
A renda, que parecia,
obra de Nosso Senhor.
*
Saúdo a mulher rendeira,
Que traz magia na mão.
Dentro de nossa história,
Já é lenda e tradição.
*
Eu louvo a mulher rendeira
Artesã que me fascina
O bailado dos seus bilros
Conheci desde menina.
*
Texto e fotos de Dalinha Catunda
Nenhuma descrição de foto disponível.
MULHER RENDEIRA
*
Eu vi a mulher rendeira,
rendando no Ceará.
Foi o mais belo espetáculo,
que vi pras bandas de lá.
*
Eu ainda era menina,
morando nas Ipueiras.
Conheci dona Totonha,
a maior entre as rendeiras.
*
Debruçada na almofada,
sentadinha na cadeira,
tecendo com mãos de fada
entretinha-se a rendeira.
*
O que era fios de linha,
aos poucos se transformava
Nas mãos daquela rendeira,
que tecendo encantava.
*
Entre o canto e o bailado
dos bilros manipulados,
Espetava o alfinete
Nos marcos já desenhados.
*
E para o encanto dos olhos,
surgia com esplendor,
A renda, que parecia,
obra de Nosso Senhor.
*
Saúdo a mulher rendeira,
Que traz magia na mão.
Dentro de nossa história,
Já é lenda e tradição.
*
Eu louvo a mulher rendeira
Artesã que me fascina
O bailado dos seus bilros
Conheci desde menina.
*
Texto e fotos de Dalinha Catunda

quarta-feira, 28 de julho de 2021

CORDEL DE SAIA


 CORDEL DE SAIA

1

A mulher faz diferença

No cenário do cordel

Conhece bem seu papel

E no palco tem presença

A musa roga licença

Para iniciar seu canto

Sabe escrever com encanto

Enaltecendo a cultura

Ornando a literatura

Em todo e qualquer recanto.

2

Para o seu cordel fazer

A mulher se preparou

Ela se capacitou

Garanto e posso dizer

Fez e faz por merecer

Esse lugar conquistado

Pois já ficou comprovado

Que seu nome é competência

Das regras tomou ciência

Tem currículo aprovado.

3

É cheio de inovação

O Cordel vestindo saia

Lá no alto feito arraia

Faz a sua evolução

Não esquece a tradição

Traz de volta a cantadeira

Dando voz a cirandeira

Com seus trajes coloridos

Os aplausos repetidos

Saúdam essa bandeira.

4

Na peleja virtual

A mulher, bonito faz

Demonstra que é capaz

Destemida e atual

Se um dia foi desigual

O mundo cordeliano

Na saia ela botou pano

Para rodar o babado

Espantar o mau olhado

E seguir sem desengano.

5

Na boca da cordelista

Renasce o cordel cantado

Por muitos apreciado

É imensa a nossa lista

A mulher está na pista

Faz graça na cantoria

Encara bem a porfia

Na hora de pelejar

Canta sem titubear

Agindo traz alegria.

6

É a mulher nordestina

A que canta alegremente

Os versos que tem na mente

Com sorriso de menina

Se junta e não desatina

Para dar o seu recado

Bota o cordel no tablado

Nos cabelos uma flor

Sabe que tem seu valor

E pra ela tem mercado.

7

Nosso cordel feminino

Nosso cordel de mulher

Não é de meia-colher

É arte de quem tem tino

E usa tempero fino

Para os versos temperar

Assim consegue agradar

Quem gosta do que é bom

Por não ter medo do tom

Da fêmea a versejar.

8

Hoje já vejo calcinha

Lado a lado com cueca

Em bancas ou cordelteca

Uma com outra se alinha

Pois antes só homem tinha

Esse lugar ocupando

Mas a coisa foi mudando

Pra nossa felicidade

Chega, enfim, a igualdade

De gênero se irmanando.

9

Ser cantada ou escrachada

Ou ser musa de poeta

Da mulher não era a meta

Eu não estou enganada

Sem se fazer de rogada

Ela então se resolveu

E seu cordel escreveu

Dando fim a tirania

Nasceu cordel de Maria

Cresceu e sobreviveu.

10

Sem drama e sem salseiro

O homem não relutou

A mulher ele aceitou

Acabou sendo parceiro

Age no mesmo terreiro

Mas no fundo a gente sente

Que ainda é diferente

A condição feminina

O homem sempre termina

Com vantagens, claramente.

11

Com decote ou sem decote

A mulher chega e abusa

Enfeita sacola e blusa

Canta dança e dá pinote

Perfuma bem o cangote

Em cada apresentação

Faz a sua saudação

Sempre em alto e bom som

Com a boca de batom

Capricha na louvação.

12

Louva a Matuta fogosa

Que se vestia de chita

Botava laço de fita

Só para ficar mimosa

Louva a cabocla cheirosa

Que vivia no sertão

E dançava São João

Nos bons tempos de fogueira

Toda jeitosa e faceira

E seguindo a tradição.

13

Louva a famosa Maria

Parceira de Lampião

Que gostou do Capitão

E largou sua moradia

Pra viver como queria

Ao lado do cangaceiro

Sua paixão o parceiro

Que cruzou em seu destino

Um romance nordestino

Do casal aventureiro.

14

Louva a mulher aguerrida

Que pelo mundo se embrenha

Que é Maria da Penha

Que não desistiu da vida

E disso ninguém duvida

É verdade absoluta

É comandante da luta

Que favorece a mulher

E pelo o que faz requer

Respeito a sua conduta.

15

Viva a mulher cordelista

Que inovou no cordel

Que faz versos à granel

No assunto é estilista

Sempre tem nova conquista

É artesã da cultura

Agrega a literatura

Poesia e artesanato

Entrelaça em cada ato

Subsídios pra leitura.

16

A fêmea que se escondia

Nome e sobrenome tem

Faz o cordel e faz bem

É membro de academia

No mundo da poesia

Que hoje se descortina

Com a verve feminina

De sortilégio replena

A mulher se mostra plena

Escreve, assume e assina.

*

Xilo de Jefferson Campos

*

dalinhaac@gmail.com

terça-feira, 27 de julho de 2021

A primeira mulher cordelista a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Literatura de Cordel.


A primeira mulher cordelista a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

A descoberta!

Tudo começou com a indagação do poeta de cordel e pesquisador, Kydelmir Dantas, que me fez a seguinte pergunta: - Qual foi a primeira cordelista a tomar posse na ABLC e em que ano?

Eu não tendo resposta no momento, indiquei outras fontes a serem pesquisadas, entre elas o próprio presidente da ABLC, atualmente presidente de Honra, Gonçalo Ferreira da Silva.

Hoje, logo cedo, recebi uma ligação do mestre Gonçalo, papo vai, papo vem, lembrei-me de fazer a pergunta feita por Kydelmir Dantas.

Qual não foi minha surpresa, ao ouvir de Sr. Gonçalo, que a primeira mulher legitimamente cordelista, a ocupar uma cadeira na ABLC, teria sido eu, Dalinha Catunda.

Outras mulheres passaram pela ABLC, cada uma com sua competência, mas sem escrever literatura de cordel.

Para registro de pesquisas, segundo Gonçalo Ferreira da Silva, presidente na época, a primeira mulher a tomar posse na Academia Brasileira de Cordel, foi a cearense de Ipueiras, Maria de Lourdes Aragão Catunda, conhecida como Dalinha Catunda.

Filha de Espedito Catunda de Pinho e Maria Neuza Aragão Catunda. Nascida na cidade de Ipueiras, em 28 de outubro de 1952.

A posse se deu no dia 20 de setembro de 2008, passei a ocupar a cadeira número 25 que tem como patrono Juvenal Galeno, poeta e folclorista cearense.

Quando entrei para academia, levei do meu pequeno acervo apenas cinco títulos publicados: O Forró de Zeca, O jumento do Maurício, A Panela Remendada, A Rosa Apavorada e A Donzela Que Virou Índia.

Através de mim outras cearenses entraram nessa academia e hoje mantemos um ótimo intercâmbio cultural o que me deixa muito orgulhosa.

Dalinha Catunda, cad. 25 da ABLC

dalinhaac@gmail.com

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Glosas- NÃO DEIXO O HOMEM BATER NEM EM MEU ATREVIMENTO!


 

 

NÃO DEIXO O HOMEM BATER

NEM EM MEU ATREVIMENTO!

1

Acho muita covardia

Homem bater em mulher

Quem ser respeitado quer

Não pode entrar nessa fria

Pois quem a lei desafia

Causa seu próprio tormento

Passa a ser mau elemento

E começa a padecer.

NÃO DEIXO O HOMEM BATER

NEM EM MEU ATREVIMENTO!

Mote e glosa de Dalinha Catunda

2

Não me bate nem com flor;

Flor é pra ser ofertada,

A mulher quando ultrajada,

Qualquer que seja o agressor,

Que nada sabe do amor;

Não serve nem pra jumento,

Pois este tem sentimento;

Castigo é a " penca" perder:

Não deixo o homem bater

Nem no meu atrevimento!

Mote de Dalinha Catunda ,

Glosa de Bastinha Job

 3

Gosto de ser respeitada

E também de respeitar

Se respeitar é amar

Eu amo e me sinto amada

Nunca fui desrespeitada

Eu não dou vez a jumento

Pois eu fiz um juramento

Pra o homem não me ofender

NÃO DEIXO O HOMEM BATER

NEM EM MEU ATREVIMENTO!

Glosa - Vânia Freitas

Mote de Dalinha Catunda

4

Quem agride uma mulher

Por ciúme ou por despeito

Ou por se achar no direito

De forçar o que ele quer

Não passa de um pangaré

Desses bichado e sarnento

Findando no isolamento

Sem ninguém pra defender

NÃO DEIXO O HOMEM BATER

NEM EM MEU ATREVIMENTO

Mote: Dalinha Catunda

Glosa: Giovanni Arruda

5

Nunca elevaram a voz,

E fosse pai, irmão ou marido.

Eu não tolero alarido.

Da nascente até a foz,

Ninguém será meu algoz.

Nunca aceito ciumento,

Me enfrente só no talento.

Anote isto e, podes crer:

NÃO DEIXO O HOMEM BATER

NEM EM MEU ATREVIMENTO!

(Mote: Dalinha Catunda

Glosa: Rosário Pinto)

6

Bater em mulher se chama

Um ato de covardia

Coisa de mente vazia

De um covarde sem-futuro

Isso eu lhe asseguro

Nesse tal procedimento

Quando a panela ferver

NÃO DEIXO O HOMEM BATER

NEM EM MEU ATREVIMENTO!

Glosa: Claude Bloc

Mote: Dalinha Catunda

*

Xilo de Erivaldo Ferreira

Roda de glosa coordenada por Dalinha Catunda.

Obrigada pela interação, poetas e poetisas.