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quarta-feira, 30 de abril de 2008

SER / TÃO MULHER





SER/TÃO MULHER

Tempo de fauna no cio,
E de flora em floração.
A menina flor do agreste
Em tempos de reinação.
Rolando no chão sagrado,
A luz dum sol encarnado,
Lasciva, marca seu chão.
*
Era tempo de floradas,
Sol a pino, céu azul,
O cheiro que se espalhava,
Era da flor do caju
Seu rosto estava corado
Tal fruto avermelhado
Que dá no mandacaru.
*
Debaixo dum cajueiro
Solo inculto do sertão,
Num leito de folhas secas,
Sua seiva regou o chão
Viu estrela, escutou sino,
Era o "debout" nordestino,
De uma flor em botão.
*
Seu corpo e a natureza,
Tinham a mesma Harmonia
Era uma rês brejeira
Que o campeiro seduzia
Cavaleiro joga o laço,
E corre para o abraço
De quem não escaparia.
*
E foi à sombra da árvore
Que desabrochou a flor
Ao sentir-se atravessada
Pela espada do amor
O canto da passarada
Que coroava a jornada
Estimulava o ardor.
*
Tão cúmplice da paixão
O frondoso cajueiro,
Que teve a virgem nativa
Deitada em seu palheiro
Botou frutos encarnados
Em vez dos amarelados
Como era costumeiro.
*
Versos de Dalinha Catunda

4 comentários:

Dalinha Catunda disse...

Amigos,
Hoje, 30 de abril, é o dia nacional da mulher. Minha homenagem
a todas as mulheres e em especial aquelas que não deixam de se encantar com a vida.
Bom feriado a todos

Anônimo disse...

Quem sabe Dalinha não provém daí mesmo a cor viva ,vermelha e doce que o caju apresenta quando chega sua época. O que não lhe falta é imaginação, e a põe no papel com maestria. Parabéns.


do amigo Bérgson

Jean Kleber disse...

Dalinha, lí duas vezes, talvez três. A cada leitura o prazer se renovava.Você tem o dom da comunicação. Do compartilhar sentimentos e emoções.O poema está impecável.Parabéns.

António Inglês disse...

Dalinha

Minha amiga, permita que não comemore consigo em especial este dia nacional da mulher em seu país, não pelo que representa, mas porque a meu ver, todos os dias são dias da mulher e todos os dias devem ser comemorados por esse facto.
A mulher sabe ser mãe, mulher, amante, fada, guia e símbolo de sabedoria.
Este seu poema só comprova aquilo que digo.
Desejo-lhe um óptimo fim de semana.
António