
SAUDADES DE ZECA FRAUZINO
1
Era vinte três de abril,
Quando tudo aconteceu.
A cidade de Ipueiras
O rei do forró perdeu.
Antes do raiar do sol
Em Sobral ele Morreu.
2
No ano de dois mil e dez
Seu Zeca desencarnou,
Era sábado dia de feira,
Quando ele se enterrou,
A cidade de Ipueiras,
Enlutada então chorou.
3
Quando Seu Zeca partiu,
Partiu também a alegria,
Do povo que em seu forró
Dançava e se divertia
Ninguém nunca vai fazer
As festas como ele fazia.
4
A igreja ficou lotada
De fãs e admiradores.
Gente das redondezas
Lotavam os corredores
Em todo rosto se via
O lacrimejar e dores.
5
Quando eu ouvir sanfona,
No mês de julho gemer,
Vou me lembrar de Zeca,
E a saudade vai doer
E do forró pé-de-serra
Que só ele sabia fazer.
6
Zeca era muito alegre
Era muito brincalhão.
Era uma figura querida
Que encantou o sertão,
Era um homem festeiro,
E gostava de animação.
7
Quem não participou,
Dos churrascos que fazia.
Era lá em seu terreiro
Que tudo acontecia
Às vezes com sanfoneiro
Pra trazer mais alegria.
8
A saudade ainda se nota,
Nos olhos de sua Maria,
Que já não espera na porta,
As voltas de quando ele ia,
Mas sabe que ao seu lado,
Por certo estará um dia.
9
Cada vez que eu escutar
Uma música singela,
Que tem como título,
A Casinha Amarela,
De Zeca vou me lembrar,
Pois ele gostava dela.
10
Como pai era um ídolo,
Para os filhos que ele tem.
Os filhos o endeusavam,
De tanto lhe querer bem,
E Zeca pelos seus filhos,
De amor morria também.
11
Por todo canto se escuta,
A grande lamentação,
Da falta que nos faz
Este caboclo do sertão
Que fazia o real forró,
Com gosto de tradição.
12
Lamenta Edilson Vieira,
Bento Raimundo também,
Lastima Simões Carolino
E Zé Alves como Ninguém,
Sanfoneiros que animaram,
O forró que mais não tem.
13
Lamenta Quindô Miranda
Que não perdia um forró.
Lamenta Mané Aprígio,
Do seus amigos o maior.
Lamenta Antônio Elizeu,
O doutor Irineu e Deó.
14
Lamenta o seu Batata
Batéia e Aparecida,
Toinha e Zé Marques,
Essa tão triste partida.
Lamentou rico e pobre,
Chorando na despedida
15
Lamenta toda Ipueiras,
Desde a serra ao Sertão
Lamenta Edilson Sales,
Lastima Tony Aragão,
Lamenta lá em Brasília,
A Terezinha Mourão.
16
Corte Branco e Floresta,
E grande a lamentação.
Naquela encruzilhada
Zeca não está mais não,
Deitado em sua rede,
E acenando com a mão.
17
Foi no dia de São Jorge,
Que Seu Zeca viajou.
Feito o Santo Guerreiro,
Em seu Cavalo montou
Foi seguir o seu destino,
Muita saudade deixou.
18
Meu amigo Zeca se foi,
Mas foi contando vitória.
Pois forró igual o dele,
Não há em nossa história.
E com certeza será eterno,
Dentro de minha memória.
19
Primeiro Sábado de julho,
Sem Zeca, Sem animação
A lua não estará tão cheia
No três de julho no sertão.
Quando seria o forró
Do Zeca e da tradição.
20
Zeca me fez um pedido,
Bem antes de ser levado.
Queria o convite da festa
Em seu cavalo montado.
E nesse cordel que eu fiz,
Assim será retratado.
21
Adeus amigo querido,
Adeus símbolo do sertão.
Adeus tempos de alegria,
Adeus Autêntico Chitão
Adeus Seu Zeca Frauzino
Adeus festas e tradição.
22
Esta homenagem faço,
Com carinho e emoção
Pra figura mais popular,
Que viveu em meu sertão,
E foi um grande amigo,
Que trago no coração.
Se Zeca estivesse vivo, neste sábado dia Três de julho, seria 55 anos fazendo o forró mais animado de Ipueiras. A Zeca Frauzino, minha homenagem e minhas saudades.