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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

ANTIGOS NATAIS


Amigos e leitores do Cantinho da Dalinha, desejo de coração um Natal com muita paz e saúde para todos.

ANTIGOS NATAIS
*
Dezembro chega e me faz
Lembrar os velhos natais
Vividos lá no sertão
Com meus irmãos e meus pais.
Nas terras alencarinas,
Vivi festas natalinas,
Que não esqueço jamais.
*
Um peru bem gordo tinha,
Pra véspera de Natal.
Na cozinha o movimento
Era fora do normal.
A galinha recheada,
Com farofa e costurada
Era um prato especial.
*
Uma árvore de garrancho,
Enfeitada com algodão.
Uma estrela prateada
Bem feita de papelão,
Coberta com purpurina
Na árvore nordestina
Enfeitava a ocasião.
*
O sapatinho me lembro
Não poderia faltar.
Debaixo de minha rede
Nunca deixei de botar,
Confesso que achava belo
O presentinho singelo
Que não deixei de ganhar.
*
E melhor do que os presentes
Era a nossa animação,
Porque na simplicidade
Que reinava no sertão,
Só em receber presente
A criançada contente
Mostrava satisfação.
*
Pros meninos caminhão,
Feito de lata e madeira.
Um pião feito de pau
Tudo comprado na feira.
E a bonequinha de pano
As meninas todo ano,
Ganhavam pra brincadeira.
*
Contudo o que mais recordo,
Daqueles natais que eu tinha
Era o presépio montado,
Que se chamava lapinha.
Ver o Jesus com seus pais
Cercado por animais,
Encantava esta Dalinha.
*
Dalinha Catunda
Texto e foto de Dalinha Catunda

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

NÃO DEIXE O HOMEM BATER NEM EM SEU ATREVIMENTO

*

NÃO DEIXE O HOMEM BATER,

NEM EM SEU ATREVIMENTO!

1

Desde pequena eu ouvia

Nas declarações de amor

Que não se bate em mulher

Nem mesmo com uma flor

E para viver comigo

Com sinceridade digo:

Cuidado com meu andor.

2

Não nasci para apanhar,

Nunca fui uma qualquer.

O respeito é bom e eu gosto

Isto toda fêmea quer.

Se quiser ser respeitado

O meu recado está dado,

É conselho de mulher.

3

Homem que bate em mulher

Com toda sinceridade

É um projeto de homem

Não é homem de verdade

E a mulher que é surrada

Também chamo de culpada

Por sua cumplicidade.

4

Pois quem apanha uma vez,

Vira saco de pancada.

E se ele alterar a voz

Procure logo a estrada.

Botar culpa na bebida,

É tática conhecida

E desculpa esfarrapada.

5

No começo são palavras,

Depois vem o palavrão.

E com a voz alterada

Ele vem e senta a mão,

A mulher que é dependente,

Apanha de quebrar dente,

E esconde a situação.

6

Se por ventura apanhar,

Calada não fique não,

Apronte um grande escarcéu

Para chamar atenção,

Alguém vai se apiedar

Por você testemunhar

Na hora da precisão

7

Não cale pra proteger,

Os seus filhos e o seu lar.

Depois da primeira surra

Muitas mais irão chegar.

Mantenha a dignidade

Fuja da infelicidade

De querer compactuar

8

Acorde enquanto é tempo,

Tenha determinação.

Um pouquinho de amor próprio

Ajuda na decisão,

Vá procurar nova vida

Com sua cabeça erguida

Pra tudo tem solução

9

Hoje já existem leis,

Para socorrer mulher

Que deve ser atuante

Quando o momento requer.

Com a Maria da Penha

No macho se desce a lenha

Do jeitinho que a lei quer.

10

E não fique constrangida

Em procurar seu direito,

Pois quem maltrata mulher

Jamais será bom sujeito

Merece mesmo prisão

E não tenha compaixão

Só cadeia dará jeito.

11

Quanto mais você aguenta

Mais a coisa fica torta.

Hoje vai pro hospital,

Amanhã pode estar morta.

Morar com quem lhe condena

OH Mulher! Não vale à pena,

Tranque de vez sua porta.

12

Não pensem que estou falando

Do chamado cidadão.

Que cumpre com seus deveres,

Que conhece obrigação.

E por ter dignidade

Dispensa a tal crueldade

Sabe bem o que é razão.

13

Está nas mãos da mulher

Os direitos que ela tem.

Cúmplice da violência,

Tal papel não lhe cai bem

Compete a ela se impor

E mostrar o seu valor

Como de fato convém.

14

Quando a coisa ficar preta,

Procure a delegacia.

O Boletim de Ocorrência

É mais uma garantia.

Em seguida abra um processo

E nada de retrocesso

Acabe com a agonia.

15

E quando for ao juiz,

E o mesmo lhe perguntar:

Vai retirar o processo?

Pretende continuar?

Prossiga com sua luta

Altiva e bem resoluta,

E nem pense em fraquejar.

16

Nunca pense em piedade,

E prossiga firme em frente

Sendo assim construirá

Um mundo bem diferente

Moldando a sociedade

Trazendo pra realidade

Um homem mais consciente.

17

A velha submissão

Não tem significado.

A mulher emancipada

Tem profissão e mercado.

Mas tem homem que duvida,

Que a história dessa vida

Já tem um novo traçado.

18

Foi-se o tempo em que mulher

Babava seu travesseiro,

Pois abortando seus sonhos

Soluçava o dia inteiro.

Sendo hoje alforriada

Não deve ser humilhada

Já basta de cativeiro.

19

Mulher, bastante atenção,

Vive-se novo momento,

Não deixe o homem bater

Nem em seu atrevimento!

Se o homem perde a razão

Levantando sempre a mão

Tenha seu discernimento.

20

Quantas Marias se foram,

Por causa da violência.

Dê um basta nesta história,

Já chega de complacência

Não baixe mais sua crista,

Canto de galo machista

Está fora de evidência.

21

Escreva uma nova história

Tenha mais dignidade

Foi-se o tempo da Amélia,

Reina hoje outra verdade

Onde a mulher é guerreira

Levanta sua bandeira,

Diante da realidade.

22

Não quero ver estampado,

Seu retrato no jornal.

Esta violência toda,

Garanto não é normal.

Não quero chorar de pena

Vendo você no Datena

Numa ocorrência fatal.

23

Nunca seja alvo de bala,

E nem morra estrangulada.

Não quero ouvir o seu grito

Bem na hora da facada.

Aprenda a se defender

Use todo seu poder,

Não fique paralisada.

24

Não ature violência,

Diga adeus à sujeição.

A lei Maria da Penha

Tem a nova geração,

Esqueça o tempo da peia

Covarde é bom na cadeia

Para amansar na prisão.

25

Louvo Maria da Penha

Que teve garra e lutou.

Uma lei muito importante

Para mulher conquistou.

Dedico-lhe este cordel

Mulher de nobre papel

Que a história registrou.

*

Cordel de Dalinha Catunda

Xilo de Erivaldo

Cordel editado em 2011


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ANIVERSÁRIO DE LUIZ GONZAGA


O NOBRE LUIZ GONZAGA
*
Luiz Gonzaga nasceu,
No dia de Santa Luzia.
Cantou a dor e alegria
A todos embeveceu.
E o povo reconheceu
Como alteza do baião!
Reinou em serra e sertão
O nosso cabra da peste
Rei caboclo do agreste
Orgulho desta nação.
*
Texto: Dalinha Catunda
Foto: mpbnet.com.br
Visite:
www.Cordeldesaia.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

BENDITO CORDEL


BENDITO CORDEL
*
Ao cordel tão popular
Faço minha louvação
Louvo métrica e rima
Também louvo a oração.
Louvo nosso cordelista,
Que de fato é um artista
Faz arte na produção.
*
Leandro Gomes de Barros
Com a sua sabedoria.
Achou que ia dá pé
Imprimir a poesia
E passou para o papel
O que se chama cordel,
Com base na cantoria.
*
O cordel ganhou o mundo,
Ao virar literatura,
Repassa conhecimentos
Difunde nossa cultura
Aborda todos os temas
Por abraçar tantos lemas
Tem seu jogo de cintura.
*
O cordel literatura
Era um clube do bolinha,
Mas depois de algum tempo,
Houve mudança na rinha
Agora neste terreiro
A mulher abre o berreiro
Fazendo sua ladainha.
*
Por gostar da poesia,
E por ela me encantar
Comecei a fazer rima,
Me danei a versejar.
Com meus versos de mulher
Eu vou metendo a colher
Na cultura popular.
*
Texto e foto de Dalinha Catunda
Visite:
www.cordeldesaia.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

REUNIÃO NA BIBLIOTECA NACIONAL


REUNIÃO NA BIBLIOTECA NACIONAL

Ontem dia 30 de novembro, estive a convite da Biblioteca Nacional participando de uma reunião onde foi discutido o interesse da Biblioteca Nacional em atualizar seu acervo de cordel.

Com os olhos voltados para esta literatura, novas janelas serão abertas dando visibilidade à cultura popular. Além do acervo impresso, entre outros projetos, a biblioteca pretende catalogar blogs e sites de cordel e disponibilizá-los na internet.

A Biblioteca Nacional trabalhará em parceria com a Fundação casa de Rui Barbosa, o CNFCP – Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, com a ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel que doará cordéis duplicados de seu acervo para o Depósito Legal. Como também doarão, casa Rui Barbosa e o CNFCP que estavam presentes na reunião dando início a uma grande campanha a favor do cordel.

Da direita para esquerda na foto os participantes da reunião:
Marisa Colnago Coelho - CNFCP,
Ângela Monteiro Bettencourt – Biblioteca Nacional
Dalinha Catunda - Cordel de Saia
Milena Viana - Biblioteca Nacional
Vinícius Pontes Martins - Biblioteca Nacional.
Dilza Bastos - Fundação Casa de Rui Barbosa
*
Texto e foto de Dalinha Catunda
Visite também:

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Cordel na Feira da Providência

Dalinha Catunda

CORDEL NA FEIRA DA PROVIDÊNCIA
*
Na Feira da Providência
Fazendo belo papel,
Um espaço especial.
Conseguiu nosso cordel,
Nosso folheto enxerido
Que por lá será vendido
Bem exposto em painel.
*
O cordel que sempre esteve,
Nas feiras do meu sertão,
Migrou com os nordestinos
Ganhou nome, ganhou chão,
E deve ao cabra da peste
Ter saído do Nordeste,
Para encantar a nação.
*
Vender cordel numa feira,
É tarefa emocionante,
Eu que escrevo meu cordel
E desta arte sou amante,
Fazer parte desta história
Na verdade é uma glória
Para esta retirante.
*
O cordel está na feira,
No rádio e televisão,
Virou tema de novela
Conquistou esta nação,
Já virou coisa de bamba
Pois em escola de samba,
Chega como inovação.
*
Navegando na internet
“Bateu asas do sertão”
É moda também tendência
É primor e evolução
Na Feira da Providência
Eu vou prestar reverência
Ao cordel, minha paixão
*
 A Feira da Providência começa dia 30 de novembro e vai até o dia 04 de dezembro. Será no Rio Centro no Rio de Janeiro

Texto e foto de Dalinha Catunda
Visite:
www.cordeldesaia.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

UM LUGAR NO CÉU

UM LUGAR NO CÉU
*
Maria era católica,
Porém resolveu mudar
Virando irmã Maria
Esqueceu santo e altar.
E o santo de Canindé,
Que ela tinha tanta fé
Resolveu pra mãe doar.
*
A medalhinha sagrada,
Que tinha nossa Senhora
Um presente da madrinha,
Que foi dado em boa hora.
Ela tirou do pescoço,
Causando grande alvoroço
Pois dizem que jogou fora.
*
O seu marido, coitado,
Já entrou em depressão,
Pois é devoto fiel,
E de São Sebastião!
Não pode beber cerveja,
Pois caso Maria veja
Já começa com sermão.
*
Devota bem fervorosa,
Da virgem da Conceição
Não perdia uma novena
Não faltava a procissão.
Pagava promessa a pé
Era tanta sua fé,
Que ajoelhava no chão.
*
Deixou de lado o véu,
Deixou de lado missal,
O terço também deixou
Numa mudança cabal.
Um lugar no céu deseja,
E querendo que assim seja,
Cumpre novo ritual.
*
Espero que esta devota,
Beata lá do sertão,
Que usava terço e rosário
Gostava da confissão,
Que tem no nome de Pia
O nome da virgem Maria,
Tenha mesmo salvação.
 *
 Texto e imagem de Dalinha Catunda
A ilustração, é Santuario de Fátima, em Nova Fátima, município de Ipueiras - Ceará,
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www.cordeldesaia.blogspot.com