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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

NÃO DEIXE O HOMEM BATER NEM EM SEU ATREVIMENTO

*

NÃO DEIXE O HOMEM BATER,

NEM EM SEU ATREVIMENTO!

1

Desde pequena eu ouvia

Nas declarações de amor

Que não se bate em mulher

Nem mesmo com uma flor

E para viver comigo

Com sinceridade digo:

Cuidado com meu andor.

2

Não nasci para apanhar,

Nunca fui uma qualquer.

O respeito é bom e eu gosto

Isto toda fêmea quer.

Se quiser ser respeitado

O meu recado está dado,

É conselho de mulher.

3

Homem que bate em mulher

Com toda sinceridade

É um projeto de homem

Não é homem de verdade

E a mulher que é surrada

Também chamo de culpada

Por sua cumplicidade.

4

Pois quem apanha uma vez,

Vira saco de pancada.

E se ele alterar a voz

Procure logo a estrada.

Botar culpa na bebida,

É tática conhecida

E desculpa esfarrapada.

5

No começo são palavras,

Depois vem o palavrão.

E com a voz alterada

Ele vem e senta a mão,

A mulher que é dependente,

Apanha de quebrar dente,

E esconde a situação.

6

Se por ventura apanhar,

Calada não fique não,

Apronte um grande escarcéu

Para chamar atenção,

Alguém vai se apiedar

Por você testemunhar

Na hora da precisão

7

Não cale pra proteger,

Os seus filhos e o seu lar.

Depois da primeira surra

Muitas mais irão chegar.

Mantenha a dignidade

Fuja da infelicidade

De querer compactuar

8

Acorde enquanto é tempo,

Tenha determinação.

Um pouquinho de amor próprio

Ajuda na decisão,

Vá procurar nova vida

Com sua cabeça erguida

Pra tudo tem solução

9

Hoje já existem leis,

Para socorrer mulher

Que deve ser atuante

Quando o momento requer.

Com a Maria da Penha

No macho se desce a lenha

Do jeitinho que a lei quer.

10

E não fique constrangida

Em procurar seu direito,

Pois quem maltrata mulher

Jamais será bom sujeito

Merece mesmo prisão

E não tenha compaixão

Só cadeia dará jeito.

11

Quanto mais você aguenta

Mais a coisa fica torta.

Hoje vai pro hospital,

Amanhã pode estar morta.

Morar com quem lhe condena

OH Mulher! Não vale à pena,

Tranque de vez sua porta.

12

Não pensem que estou falando

Do chamado cidadão.

Que cumpre com seus deveres,

Que conhece obrigação.

E por ter dignidade

Dispensa a tal crueldade

Sabe bem o que é razão.

13

Está nas mãos da mulher

Os direitos que ela tem.

Cúmplice da violência,

Tal papel não lhe cai bem

Compete a ela se impor

E mostrar o seu valor

Como de fato convém.

14

Quando a coisa ficar preta,

Procure a delegacia.

O Boletim de Ocorrência

É mais uma garantia.

Em seguida abra um processo

E nada de retrocesso

Acabe com a agonia.

15

E quando for ao juiz,

E o mesmo lhe perguntar:

Vai retirar o processo?

Pretende continuar?

Prossiga com sua luta

Altiva e bem resoluta,

E nem pense em fraquejar.

16

Nunca pense em piedade,

E prossiga firme em frente

Sendo assim construirá

Um mundo bem diferente

Moldando a sociedade

Trazendo pra realidade

Um homem mais consciente.

17

A velha submissão

Não tem significado.

A mulher emancipada

Tem profissão e mercado.

Mas tem homem que duvida,

Que a história dessa vida

Já tem um novo traçado.

18

Foi-se o tempo em que mulher

Babava seu travesseiro,

Pois abortando seus sonhos

Soluçava o dia inteiro.

Sendo hoje alforriada

Não deve ser humilhada

Já basta de cativeiro.

19

Mulher, bastante atenção,

Vive-se novo momento,

Não deixe o homem bater

Nem em seu atrevimento!

Se o homem perde a razão

Levantando sempre a mão

Tenha seu discernimento.

20

Quantas Marias se foram,

Por causa da violência.

Dê um basta nesta história,

Já chega de complacência

Não baixe mais sua crista,

Canto de galo machista

Está fora de evidência.

21

Escreva uma nova história

Tenha mais dignidade

Foi-se o tempo da Amélia,

Reina hoje outra verdade

Onde a mulher é guerreira

Levanta sua bandeira,

Diante da realidade.

22

Não quero ver estampado,

Seu retrato no jornal.

Esta violência toda,

Garanto não é normal.

Não quero chorar de pena

Vendo você no Datena

Numa ocorrência fatal.

23

Nunca seja alvo de bala,

E nem morra estrangulada.

Não quero ouvir o seu grito

Bem na hora da facada.

Aprenda a se defender

Use todo seu poder,

Não fique paralisada.

24

Não ature violência,

Diga adeus à sujeição.

A lei Maria da Penha

Tem a nova geração,

Esqueça o tempo da peia

Covarde é bom na cadeia

Para amansar na prisão.

25

Louvo Maria da Penha

Que teve garra e lutou.

Uma lei muito importante

Para mulher conquistou.

Dedico-lhe este cordel

Mulher de nobre papel

Que a história registrou.

*

Cordel de Dalinha Catunda

Xilo de Erivaldo

Cordel editado em 2011


6 comentários:

chica disse...

Lindo alerta, aviso, de forma bem humorada nesse cordel...beijos,chica e lindo fds!

AC disse...

O cordel é uma forma de expressão bem interessante. E este, com um tema bem pertinente, foi construído com mestria.

Beijo :)

Nelcima De Morais disse...

OI, Dalinha! parabéns pelo tão belo cordel. Valeu!!

Karen disse...

Querida Dalinha, visitando blogs diferentes cheguei ao seu, não li nenhum post por inteiro mas gostei muito a apresentação abaixo da titulo, muito bem escrito, parabéns !!

Rosário Pinto disse...

E se ele insistir
Aqui, ele não se cria.
Diga para desistir.
Cantar noutra freguesia.
Abuso é ato covarde!
Com isto, ninguém se alia.

Bjs, mulher valente, criativa e educadora,
Rosário

RetroMomentos disse...

Ótimo!! Bjuss e boas festas pra vc e tda sua família!