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quarta-feira, 29 de julho de 2015

Porteira Fechada


PORTEIRA FECHADA
*
Escancarei a porteira
Só pra ver você passar
Passou dia, passou noite,
Você nada de aboiar
Eu não sei nem quantas luas
Sonhei com passadas suas
Trotava meu coração
Nem peão e nem boiada
Vi cruzar a minha estrada
Na poeira da ilusão.
*
Versos e  foto de Dalinha Catunda

segunda-feira, 27 de julho de 2015

A PAÇOCA DE PILÃO


A PAÇOCA DE PILÃO
*
O pilão foi muito usado
E ainda tem serventia
Pras bandas do meu sertão
Sem ele não se vivia
Foi de grande utilidade
Mas hoje é antiguidade
Enfeite de moradia.
*
Eu tenho em minha casa
Um pilão até bonito
E nele faço paçoca
Receita que eu repito
É paçoca do sertão
Que sei pisar no pilão
Seguido o antigo rito.
*
A carne pode ser fresca
Para em casa preparar
Depois da carne bem limpa
É hora de temperar
Pimenta do reino e sal
E o alho é essencial
Esse não pode faltar.
*
Bote a carne no tempero
Deixe o tempero pegar
Depois de algumas horas
Ponha no sol pra secar
Retire e corte bem ela
Leve com banha à panela
Para em seguida fritar.
*
Pra paçoca ficar boa
Preste bastante atenção
A carne é bem torrada
Por favor, não queime não
Quanto a cebola escolhida
A roxa é a preferida
Assim manda a tradição.
*
Depois que tirar do fogo
Pode deixar esfriar.
A manteiga de garrafa
Você pode acrescentar
Pra ficar mais coradinha,
O colorau na farinha,
Garanto vai ajudar.
*
Corte a cebola em quatro,
Tem que ser boa porção,
Depois de juntar tudo
Bata aos poucos no pilão
Farinha de mandioca
É a que vai paçoca
Que se faz lá no sertão.
*
Essa gostosa paçoca
Mamãe nos oferecia
Com banana fatiada
Agente até repetia
O gosto está na memória
Fez parte da minha história
Era assim que mãe fazia.
*
Versos e foto de Dalinha Catunda

quinta-feira, 23 de julho de 2015

"CANTE LÁ QUE CANTO CÁ"

LACI DE PAULA E DALINHA CATUNDA
*
LACI DE PAULA
Essa é minha conterrânea
Do querido Ceará
Terra de carnaubais
Monólitos em Quixadá
Povo de cultura viva
O torrão de Patativa
"Cante Lá, que Canto Cá".
*
DALINHA CATUNDA
No sertão eu fui criada
Com jerimum e jabá
Escapei também comendo
Nambu assada e preá,
Já comi muita farinha!
Quer pelejar com Dalinha?
“Cante Lá, Que Canto Cá”.
*
XILO de Cícero Lourenço

quarta-feira, 22 de julho de 2015

GANHEI O BREDO



GANHEI O BREDO
*
Mal começou o forró
Escutei o seu “coió”
Corri levantando pó
Nem pensei em ser astuta
No baio você montou
Olhando pra mim piscou
Quando o cavalo trotou
Eu já estava na garupa.
*

Foto e versos de Dalinha Catunda

segunda-feira, 20 de julho de 2015

JUREMA É PRA CARVÃO

A JUREMA É PRA CARVÃO
*
Estaca não me ofereça,
Que não tenho precisão.
Quando cerquei meu roçado
Eu cerquei foi com mourão!
E pra você não pular
 Na cerca mandei plantar
 Muita urtiga e cansanção.
*
Aqui na minha fazenda
Tem angico e imburana,
Não me falta sabiá,
Só não quero é pé de cana...
Não venha com: ora poxa!
Porque sua jurema roxa
Aqui não é soberana.
*
Para falar a verdade
E acabar a discussão,
A tal da jurema roxa
Só serve para carvão.
Eu não tenho fogareiro,
E só uso marmeleiro!
É a lenha meu fogão.
*

Versos e foto de Dalinha Catunda.

terça-feira, 14 de julho de 2015

MEU ENGENHO DE SAUDADE QUEBRA CANA TODO DIA.

                                                                                                                                                                                                                         






MEU ENGENHO DE SAUDADE 
QUEBRA CANA TODO DIA.

MOTE DE TARCÍSIO LEITE
*
GREGÓRIO FILOMENO
O meu engenho de aço
não moeu mais uma cana
já faz mais de uma semana
que um alfenim eu não faço
não vendi mais um cabaço
de garapa a freguesia
a máquina da nostalgia
é que trabalha a vontade

MEU ENGENHO DE SAUDADE 
QUEBRA CANA TODO DIA .

*
DALINHA CATUNDA
Distante do meu sertão
Eu digo sem embaraço
Da cana sou só bagaço
Remoendo solidão
Não vejo no caldeirão
Borbulhas que o mel fazia
Azedou minha alegria
E aqui na grande cidade

MEU ENGENHO DE SAUDADE
QUEBRA CANA TODO DIA

domingo, 5 de julho de 2015

ARGENTINA E CHILE

ARGENTINA E CHILE
*
Neste futebol de hoje
É bem triste a nossa sina
O Brasil sem jogar nada
Nosso sonho assassina
Pra não morrer de tristeza
Só nos resta a baixeza
De torcer contra a Argentina.
*
Versos De Dalinha Catunda
Foto colhida na internet

quarta-feira, 1 de julho de 2015

SAUDOSO SERTÃO


SAUDOSO SERTÃO
*
Certa vez um boiadeiro
Em dia de desalento
Pegou a sua viola
Presenciei o momento
Falou das suas andanças
E evocou as lembranças
No mais penoso lamento
*
Do seu peito sertanejo
Saiu um canto chorado
Mais parecia um aboio
Aquele canto rasgado
Uma cantiga dolente
Que na viola plangente
Virava um triste recado.
*
Meu amigo lhe conheço
Seu nome é desilusão
Já correu pelas campinas
Montado em seu alazão
Mas hoje o que lhe consola
É dedilhar na viola
A sua lamentação.
*
A dor que bate em seu peito
Também reflete no meu
Pois vejo o sertão ardendo
A flora o fogo lambeu
E sem ter preservação
Vira deserto o sertão
Que a natureza nos deu.
*
Versos de Dalinha
Ilustração Cayman Moreira.