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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

LEGADO DE FAMÍLIA

 Meu pai de camisa azul. Tem 95 anos. Cercado por filhos, genros e amigos. Meu irmão Tony Aragão, tocando violão e cantando especialmente para nosso pai, Espedito Catunda, velhas canções.

LEGADO DE FAMÍLIA
*
Eu não condeno o meu pai
Se ele um dia me espancou.
Ele estava só fazendo
O que seu pai lhe ensinou
Se eu apanhei tanto dele,
No milho ele ajoelhou.
*
Recriminamos excessos,
Mas tínhamos limitação,
No fundo um pai só tentava
Modelar um cidadão.
Hoje a falta de limite
A todos tudo permite
Pois falta orientação.
*
Eu criei dois filhos machos
Empregando minha lei.
Os dois já estão formados
Do meu jeito os limitei.
Foi seguindo a tradição
Que cumpri minha missão
Com valores que herdei.
*
Este poema foi publicado no jornal O Povo de Fortaleza Sábado dia 24/09/2011.
 Texto e foto de Dalinha Catunda
Visite: www.cordeldesaia.blogspot.com
rosarioecordel.blogspot.com


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ALÉM DA PRIMAVERA


ALÉM DA PRIMAVERA
*
De flores me vestirei
Seja em qualquer estação.
Não desistirei dos sonhos
Apostei nesta opção
Plantarei sempre alegria
Semear melancolia
Não tenho esta pretensão.
*
A primavera chegou
Sem o sol aparecer,
Mas flores de primavera
Bordaram o amanhecer
Debruçada na janela
Vejo quanto à vida é bela
Sinto seu resplandecer.
*
Amo as flores, amo a vida,
Independente de idade,
O plantio do passado
Colho na maturidade
E em qualquer estação
Bate bem meu coração
Buscando felicidade.
*
Poema publicado no jornal O Povo de Fortaleza em, 02-10-2011
Texto e foto de Dalinha Catunda
visite: cordelde saia.blogspot.com
www. rosarioecordel.blogspot.com

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

OITICICAS CENTENÁRIAS


OITICICAS CENTENÁRIAS
*
Árvores de minha terra,
Que me chamam atenção
Oiticicas Centenárias
Fincadas naquele chão
Resistindo bravamente
A grande devastação.
*
Nas margens do Jatobá
De águas bem cristalinas
Do galho da oiticica,
Junto com outras meninas
Nas águas daquele rio
Nos jogávamos traquinas.
*
As antigas oiticicas
Naqueles tempos de então.
Tinham seus frutos colhidos
Era grande a produção,
Era para o camponês
Com certeza o ganha pão.
*
Oiticicas centenárias
Farta sombra do sertão,
Numa delas tem meu nome
Desenhei num coração
Misturando-me a flora
Tão rica do meu torrão.
*
21 de setembro dia da árvore.
Não basta amar a natureza é preciso preservar.
*
Texto de Dalinha Catunda
Imagem do blog fazendatamandua.com.br
Visite: www.cordeldesaia.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com


terça-feira, 20 de setembro de 2011

CHORO DOBRADO


CHORO DOBRADO
*
Foi antes da primavera
Que ele partiu pro além,
Nos braços de um violão
Que ele tocava tão bem.
O choro que era tocado
Agora é choro chorado
Que junto às lágrimas vem.
*
Foi nas terras de Iracema
Que nasceu nosso Alencar
Com as suas sete cordas
Nos encantou ao tocar.
Nesta tocante saudade
A tal dor dói de verdade
E o choro não vai parar.
*
Onde existir um bom grupo
Dedilhando um violão                                
Lá no planalto central,
Ou quebradas do sertão,
Alguém vai se lembrar
Das sete cordas a tocar
Do alencarino chorão.
*
Alencar estudou em Ipueiras, tinha familiares por lá e fez muitos amigos.
Jovem, tocando em bailes, era admirado por todos.
A familia enlutada meus sentimentos.
*
 Texto de Dalinha Catunda
Foto de Edson Morais

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A PORTA DA RUA, DRUMMOND E DALINHA

Drummond e Dalinha

Deparei-me com este poema de Carlos Drummond de Andrade no blog: www.daquidepitangui.blogspot.com, uma postagem do meu amigo Licínio, fiz um comentário em versos, pois gostei do assunto e resolvi postar em meu blog. Espero que gostem.
Meu abraço a todos

  PORTA DA RUA
*
Vive aberta a porta da casa
Ninguém entra pra furtar
Por que se fecharia a casa?
Quem se lembra de furtar?
*
Pois se há vida na casa, aporta
Há de estar, como a vida, aberta.
Só se fecha mesmo esta porta
Para quedar, ao sonho, aberta.
*
Poesia de Carlos Drummond

 PORTA DA RUA, HOJE
*
A porta da rua hoje
Já não fica escancarada
Com medo de ladrões
É a sete chaves trancada.
*
Lamento esta realidade
Da liberdade roubada
Até em pequena cidade,
Hoje se vive enjaulada.
*
Dalinha Catunda

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cruz na beira da estrada

 CRUZ NA BEIRA DA ESTRADA

Cada vez que eu atravesso,
Estradas do meu sertão.
No transcorrer da viagem
Dispara meu coração
Cada lado da estrada
Tem tanta cruz enfeitada                               
Que causa até comoção.
*
Por detrás de cada cruz
Uma história singular
Um filho que sai de casa
Para nunca mais voltar
Com o coração ferido
Por ter o filho perdido
Tem mãe na cruz a chorar
*
A causa maior se sabe,
É o consumo de bebida.
Jovens inconseqüentes,
Em disparada corrida.
E cada cruz na estrada,
É uma vida roubada
Antecipada e perdida.
*
A cruz na beira da estrada,
No Nordeste é tradição
Tanto se vê no asfalto
Como na estrada de chão
Ela marca o desatino
Marca o trágico destino
Vira lenda no sertão.
*
Fotos e texto de Dalinha Catunda
visite:www.cordeldesaia.blogspot.com
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terça-feira, 13 de setembro de 2011

EM IPUEIRAS E NO RÁDIO



EM IPUEIRAS E NO RÁDIO

Estive em Ipueiras durante o mês de agosto e como sempre acontece, acabo participando de programas de rádio. Talvez por ser interiorana de nascimento e por gosto, tenho grande apreço por esse meio de comunicação que ainda predomina, principalmente, nas cidades do interior.

Em pleno sábado, dia de feira, estava eu ao lado do radialista Max Weber Holanda emendando um papo de quase uma hora sobre cordel.
Max Weber, como todo bom radialista, estava bem informado sobre a literatura de cordel e fez perguntas dentro do contexto, perguntas que elucidavam a curiosidade dos ouvintes.
Declamei alguns poemas que fazem parte do meu recital: Sertaneja, Sim Senhor! E saí de lá muito contente com a repercussão da entrevista.

Quero agradecer, a Carlos Moreira radialista da Vox FM que foi quem sugeriu a entrevista e quero agradecer também ao radialista Max Weber que me deu a oportunidade de falar sobre cordel para o povo de minha terra e adjacências.
 Texto e fotos de Dalinha Catunda
Visite também
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terça-feira, 6 de setembro de 2011

OUTRA PÁTRIA


OUTRA PÁTRIA

Amar com fé e orgulho,
A terra em que nasci.
Aprendi inda na infância,
Nas poesias que li.

Ó minha pátria sagrada,
Cadê teus encantos mil?
Poluído e acinzentado,
Vislumbro teu céu de anil.

Teus rios, mares, florestas,
Sofrem sem preservação.
Na natureza sem festa
Impera a devastação.

Boa terra jamais nega,
A quem trabalha seu pão.
Por que fazer nosso pobre,
Parasita da nação.

Sonegando-lhe trabalho,
Humilhando o cidadão.
Que recebe bolsas, vales
Deixando orgulho no chão.

Quem não vive do trabalho,
Do suor, da sua mão,
Não pode ter amor próprio,
Nem orgulho da nação.

Como imitar a grandeza,
Dessa terra em que nasci.
Se o exemplo lá de cima
Na verdade inda não vi.

Por isso eu digo e repito,
Dirigentes da nação.
Primeiro dêem exemplo
Depois cobrem ao cidadão.

O que li de Bilac é,
Só passado vejo agora.
Minha pátria hoje é outra.
Tenho saudades d’outrora. 
*
Texto de Dalinha Catunda
Ilustração do brasilescola.com
Visite: www.cordeldesaia.blogspot.com
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domingo, 4 de setembro de 2011

Gerardo Mello Mourão e Anselmo Vieira

Gerardo Mello Mourão


GERARDO MELLO MOURÃO E ANSELMO VIEIRA

Gerardo Mello Mourão embora universal não deixou de cantar seu sertão e sua gente em prosa e em versos em sua trajetória literária.

Muito me orgulho de ter privado da amizade deste poeta e escritor que com toda erudição que carregava em seus alforjes, pois falava nove idiomas entre eles o grego, soube falar com singeleza das coisas do sertão o que notadamente ficou registrado no seu livro “Rastro de Apolo” e em tantos outros livros de sua autoria.

Para o deleite do leitor que gosta do bom versejar, pincei do livro de Gerardo Algumas sextilhas onde ele cita os cantadores nordestinos entre eles Anselmo Vieira de Sousa.

“Há cantadores famosos
Nas feiras do Cariri,
Jacó Alves Passarinho
De Mutamba, Aracati,
Há Romano de Mãe d’Água,
Sinfrônio do Jaboti.
*
Azulão em Pernambuco
E Inácio da Catingueira,
Serrador, Cego Aderaldo
E mais Anselmo Vieira
Que foi o melhor de todos
Por ser filho da Ipueira.
*
Na viola e na rabeca
Eu também sou cantador,
Mas somos pobres mortais,
Eu, Anselmo ou Serrador,
Não vamos desafiar
Apolo, Nosso Senhor.”
*
 Anselmo Vieira de Sousa é filho de Ipueiras, e foi, segundo o próprio Gerardo, referência para ele. De Anselmo, são poucos registros na história dos cantadores nordestinos. Em minhas pesquisas, o que li sobre o mesmo foi no livro “Cantadores” de Leonardo Mota e nas entrevistas e livros de Gerardo.

Ser filha de Ipueiras e navegar nas ondas poéticas do popular Anselmo Vieira e do culto Gerardo Mello Mourão é uma honra sem tamanho.
*
Texto: Dalinha Catunda.
Foto de Anselmo retirada do livro Cantadores de Leonardo Mota.
Foto de Gerardo Mello Mourão retirada do: flickr.com
Visite também: www.cordeldesaia.blogspot.com
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Leonardo Mota e Anselmo Vieira

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

LEVANDO FUMO

Você quer mesmo fumar?
Pode fumar, meu irmão!
Porque quem vai se lascar,
De verdade é seu pulmão.
Se você quer levar fumo
Pode seguir o seu rumo
Que não vou gastar sermão.
*
Uma coisa só lhe peço,
É que se afaste de mim
Não vou fumar por tabela
Para ter o mesmo fim
Você fuma por prazer
E nunca vai entender
Que isto pode ser seu fim.
*
Pode queimar seu dinheiro,
Acabe com sua saúde
Porém acho incoerente
Este tipo de atitude
Amigo não leve a mal
Com certeza seu final
Será mesmo um ataúde.
*
Texto: Dalinha Catunda
Foto da internet
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