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quarta-feira, 28 de junho de 2017

RIACHO DO MEIO

RIACHO DO MEIO
*
Atravessei o portal
Que leva a felicidade
Naquele bosque encantado
Encontrei alacridade
Em goles vi a cascata
Molhando o seio da mata
 Espargindo liberdade.
*
Dia claro céu azul
A brisa a me acarinhar
No passo-a-passo da trilha
A passarada a cantar
O sonho era verdade
Entrevi felicidade
No brilho de cada olhar.
*
Vi no barulho das águas
Um canto a me embalar
O vento na samambaia
Trazia magia ao ar
Tão forte que não neguei
Para os orixás cantei
Pois estava a me encantar.
*
Confesso que fui tomada
Por grande exultação
A natureza em festa
Manifesta-se em paixão
Se a natureza conjura
O amor brota com jura
E cresce no coração.
*

Versos e foto de Dalinha Catunda

terça-feira, 27 de junho de 2017

NO BATE E REBATE DO VERSO




NO BATE E REBATE DO VERSO
*
BENTO RAIMUNDO
Da linha eu amanheço
Te vendo na minha frente
Dando aula de cordel
Ilustrando meu repente
Transmitindo alegria
Para o coração da gente.
*
DALINHA CATUNDA
Você estando presente
Da vida não tenho queixa
Com meu verso de bancada
Pego e gloso sua deixa
Na arte de pelejar
Sou mulher que não desleixa.
*
BENTO RAIMUNDO
Dalinha faz poesia
Na cultura nordestina
Do poeta que cantou
No claro da lamparina
As fofocas da cidade
a beleza campesina.
*
DALINHA CATUNDA
Versejar é minha sina
Confesso Bento Raimundo
Feito um bardo, um menestrel,
Sairia pelo mundo
Espalhando poesia
Nesse ramo me aprofundo.
*
BENTO RAIMUNDO
Escreve a sabedoria
Da gente do meu sertão
Do dia de farinhada
Da apanha de feijão
Tem forró e cantoria
Na placa do coração
*
DALINHA CATUNDA
Quando falo do meu chão
Não economizo verso
Se for para duelar
Garanto não desconverso
Eu nasci e me criei
Vivendo nesse universo.
*
BENTO RAIMUNDO
Numa noitada de versos
O poeta mostra o dom
A mente cria o assunto
A viola solta o som
E a plateia dizendo
Êta repentista bom
*
DALINHA CATUNDA
Canto sem sair do tom
E também sem gaguejar
Vejo o povo bater palmas
E o parceiro praguejar
E eu só metendo o sarrafo
Sem medo de apanhar.
*
BENTO RAIMUNDO
Mulher tem o seu lugar
É mensageira do amor
É musa e genitora
Tem o perfume da flor
Mas no debate ela aprende
Respeitar um cantador.
*
DALINHA CATUNDA
Cantador ou trovador
Que ciscar na minha rinha
Sente o perfume da flor
Mas sabe que ela espinha
Confuso sai arranhado
Vencido se desalinha.
*
BENTORAIMUNDO
Mulher e maravilhosa
Na cidade e no sertão
Tenho um lugar pra ela
Dentro do meu coração
Mas quando puxa repente
Eu comando a direção.
*
DALINHA CATUNDA
Se essa é sua intenção,
Já estou impaciente
Taque o dedo na viola
E capriche no repente
Para eu sair do comando
E você seguir em frente.
*
BENTO RAIMUNDO
 Mulher é inteligente
Tem talento e primazia
Todas elas oriundas
Do coração de Maria
Agora participantes
Da arte da cantoria.
*
DALINHA CATUNDA
Estamos em sintonia
Com a arte de cantar
Nas pelejas virtuais
Costumamos duelar
E assim vamos propagando
A cultura popular.
*
BENTO RAIMUNDO
Ela e mais importante
Do que a lua divina
A cabeça de adulta
O coração de menina
É musa inspiradora
Da Cultura nordestina.
*
DALINHA CATUNDA
Com a sua concertina
Eu não posso competir
Porém se puxar o fole
Sei que vou me divertir
Dançando um pé-de-serra
Até a barra surgir.
*
BENTO RAIMUNDO
 A mulher e tão divina
Por isso sabe o que quer
Eu por ser obediente
Dou o que ela quiser
Todo homem necessita
Do amor de uma mulher
*
DALINHA CATUNDA
Bem-me-quer e malmequer
Eu um dia desfolhei
No debulhado da pétala
Meu amor eu encontrei
Do jeito que ele me trata
Posso dizer que é um rei.
*
Xilo de Carlos Henrique



segunda-feira, 26 de junho de 2017

BASTINHA E A LITERATURA DE CORDEL

Amigos e amigas da Nossa Literatura de Cordel,
Quando projetei fazer esse cordel, logo pensei  em Bastinha Job  para apresenta-lo.
Bastinha é uma profunda conhecedora da Literatura de Cordel e seu aval enriquece qualquer obra. E como o folheto fala da trajetória da mulher no mundo cordeliano, é uma forma de homenagear Bastinha Job, a Cordelista do Assaré, que escolheu Crato para morar, e todas as mulheres que se aventuram na arte de escrever cordel.

APRESENTAÇÃO

Um folheto que nasceu
Dessa verve tão fecunda
Neste, Dalinha Catunda
Narra o que aconteceu:
Nosso Altino apareceu
Em Maria Pimentel
Do amargor, fez o mel
Pra narrar de cabo a rabo
O Violino do Diabo
Como o primeiro Cordel.
 *
As Herdeiras de Maria
Espalhadas por aí,
Contam daqui e dali
Em versos com maestria;
Dalinha faz da poesia
Rima, ritmo interligado
O tema forte enfocado
Na figura da MULHER;
Não fez um cordel qualquer...
Pensem bem no seu recado!
*
Bastinha Job
Cadeira nº 4 da ACC

Crato, março de 2017

AS HERDEIRAS DE MARIA

AS HERDEIRAS DE MARIA
1
Começa assim a história
Do folheto feminino:
A mulher com sua manha,
Território o nordestino,
Com patriarcado vil,
Montou-se então um ardil,
Pra traçar nosso destino.
2
Lá pra mil e novecentos,
E trinta e oito asseguro,
Foi que a mulher editou,
E plantou para o futuro,
O folheto feminino,
Com o nome masculino,
Que hoje aqui emolduro.
3
Quando a mulher resolveu
Escrever o seu cordel,
Ainda meio acanhada...
Não quis botar no papel,
Seu santo nome de pia,
Porém foi uma Maria,
A primeira do painel.
4
Era Altino Alagoano
Que assinava a autoria.
A do primeiro folheto,
Que a mulher se atrevia
A escrever sem assinar
Para o marido alcunhar
Com nome de Fantasia.
5
E foi Maria das Neves,
A Batista Pimentel!
Que teve o afoitamento,
De publicar um cordel,
E mesmo não assumindo
O que estava produzindo
Na lavra do seu vergel.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

ENTRE O RIO E O CEARÁ

 ENTRE O RIO E O CEARÁ
*
Quando acho que estou aqui,
Estou voltando pra lá
Com as malas na cabeça
Vivo pra lá e pra cá
Assim é a minha vida
Quase sempre dividida
Entre o Rio e o Ceará.
*
Fotos e versos de Dalinha Catunda

EVA E ADÃO

EVA E ADÃO

Por essa pose de Adão
Expressada em bela obra
Nota-se bem que o mancebo
Articula uma manobra
Vejam sua exibição
Com uma maçã na mão
E na cabeça uma cobra.
*
Pelo que vejo e que sinto
Vendo a Cobra, Eva e Adão
Eva viu a desgraceira
Tomou uma decisão
A cobra eu faço fumar
Adão que vá se lascar
Pois não vou ficar na mão.
*
E quem quiser comprovar
Essa parte da história
Puxe o fio da meada
Para achar a trajetória
Não tá no livro sagrado
Mas no livro do Pecado
Que cultivo na memória.
*
Versos de Dalinha Catunda

Foto da pg de: Ricardo Narciso da Rocha

UM CANTO JUNINO

UM CANTO JUNINO
*
JOSÉ DANTAS
Menina bonita
nobre nordestina,
vestida de chita
em festa junina,
de aura fecunda,
Dalinha Catunda
encanta e fascina.
*
DALINHACATUNDA
Eu acho que é sina,
Que vício e missão,
Nasci pra viver
Nossa tradição
Me faço faceira
E toda brejeira

Eu danço São João.

ABRAÇANDO O CRATO


ABRAÇANDO O CRATO
*
Crato terrinha querida
Que trago em meu coração
Cada visita que faço
Aumenta minha paixão
Mesmo quando estou ausente
Recordo da boa gente
Que mora nesse rincão.
*
Essa terra não é minha
Porém eu já adotei
Aprendi comer pequi
Desde o dia que provei
Adoro uma cajuína
O buriti me fascina
Com o doce eu me fartei.
*
Hoje desejo abraçar
O Crato e sua gente
Desejar felicidades
Mesmo sem estar presente
Pois mesmo estando distante
Desta terra sou amante
E serei eternamente.
*
Meus agradecimentos a esse povo maravilhoso que me recebe tão bem,
E meus parabéns ao Crato nestes seus 253 anos.