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sábado, 22 de janeiro de 2011

SERTÃO VERDE

Foto do meu sítio em Ipueiras-Ceará
SERTÃO VERDE
*
O sabiasal florou,

A jurema enverdeceu,

Com a chuva na caatinga,

O verde reapareceu

A campina verdejante

É deveras deslumbrante

Mostrando seu apogeu.

*
À noite os vagalumes

Brilham na escuridão

O coaxar de sapos

Ecoa na imensidão

Canta sapo, rã e jia,

Demonstrando alegria

De ver chuva no sertão.

*
Na beira do açude

É grande a animação,

A jaçanã e o socó

Estão sempre de plantão.

A garça fica rondando

E o campina voando

Junto com o azulão.

*
Quando a caatinga brota,

Brota o encanto também

O canto do galo bem cedo

Me enleva, me leva além.

A alegria é constante

Na campina verdejante

Onde a chuva só faz bem.
*
Texto e foto de Dalinha Catunda

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ABLC NO JORNAL DIARIO DO NORDESTE

Cariri tem primeira mulher na ABLC




Josenir Lacerda, do Crato, já tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É a segunda cearense

Crato. Uma região destaque na produção de cordéis passa a ter, pela primeira vez, uma representante na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC). Josenir Alves de Lacerda, do Crato, é a primeira mulher caririense a fazer parte da entidade, e a segunda cearense. Ela foi empossada na cadeira número 37, no Rio de Janeiro, no último mês de dezembro. A cordelista teve um grande incentivador na sua caminhada: o poeta popular Antônio Gonçalves da Silva, o conhecido Patativa do Assaré, que chegou a fazer rimas de elogios ao trabalho da poeta cratense.

Um momento de emoção, em que o Cariri passa a ter uma representante na ABLC. Para Josenir, que assumiu a cadeira do titular Gonçalo Ferreira da Silva, é uma honra hoje estar nesse lugar. Ela está preparando o cordel, já que essa é uma missão de quem assume um lugar na academia, do seu titular. A presença da mulher e dos cordelistas cearenses na academia têm uma ênfase feminina. Josenir, agora imortal, passou a fazer parte a partir do seu contato com outra cearense, há cerca de 30 anos morando no Rio de Janeiro, Maria de Lourdes Aragão Catunda.

Josenir, nesse momento, prepara dois novos trabalhos para serem lançados por grandes editoras do cordel do Brasil. O primeiro deles, com um tema exclusivo sobre o cangaço, e que traz uma de suas características de trabalho, que é a pesquisa apurada. A "Medicina no Cangaço" será lançado pela editora Luzeiro, de São Paulo. A cordelista está ampliando um cordel que fez anteriormente, já que o cordel, que será lançado pela editora paulista, tem um formato maior e requer pelo menos 100 estrofes. Ela utilizou livros de pesquisadores do cangaço para verificar um tema diferenciado para explorar no cordel.

Outro trabalho virá pela editora Ensinamentos, de Brasília. Uma reedição do cordel, em livretos, escrito em parceria com o cordelista João Nicodemos. O cordel "Segredos da Natureza" fará parte da coleção Cesta Básica da Cultura e do Conhecimento. Mas a também integrante da Academia dos Cordelistas do Crato tem trabalhos na sua carreira de sucesso e com várias edições publicadas.

Um deles é "Linguajar Cearense", na quinta edição. Duas delas pela Tupinambá Editora, Livro Técnico e o primeiro pela Academia de Cordelistas do Crato. Esse trabalho, em particular, fez um giro pela internet, e serviu mais ainda para divulgar esse trabalho de Josenir, também fruto de uma pesquisa de resgate da linguagem coloquial do cearense. Termos, que segundo a cordelista, já não se fala mais. Por isso, a importância desse e a contribuição do cordel para o resgate.

Ainda criançaJosenir iniciou cedo no cordel. A menina tímida que começou a escrever versos de verdade para extravasar a sua timidez aos poucos conquista o seu espaço. De pequena, quando lia os clássicos do cordel para a avó, veio o tempero do imaginário.

A memória passa a ser povoada pelos príncipes e princesas, reis e rainhas, os dragões, os heróis nordestinos, o Pavão Misterioso. Ela vive cercada pela arte. Em casa, tem uma pequena lojinha de artesanato. O local é ponto de encontro de artistas, onde podem ser encontrados vários exemplares de cordéis, inclusive os seus.

São 63 livretos escritos. Desses, 14 parcerias, 16 coletâneas e 33 particulares. A inspiração surge de repente e os versos começam a ser decantados, entrando pelas suas origens. Josenir é funcionária pública aposentada. No trabalho brincava com os seus versos.

Desde que assumiu a Academia de Cordelistas do Crato, a convite do mestre Elói Teles, relembra a importância do folclorista que lutou pela preservação da literatura de cordel, teve uma preocupação em incentivara a participação da mulher.



Elizângela Santos, repórter
MAIS INFORMAÇÕES 
Espaço Cordel e Arte, localizado na Rua José Carvalho, 168, Bairro do Centro, Município do Crato - CE
Telefone: (88) 3512. 0827




FONTE: 
Jornal Diário do Nordeste de 16.01.2011, Caderno Regional
Leia mais em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=918371

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

PRECONCEITO CONTRA O NORDESTINO

O nordestino é como o mandacaru, encara os espinhos, traz no verde a esperança e no vermelho a paixão pela sua terra.
PRECONCEITO CONTRA O NORDESTINO
*
Se o nordestino sai,
De sua terra natal,
Sai por necessidade
Pois não é seu ideal
Se não fosse a precisão
Não deixaria seu chão,
Seu berço, seu natural.
*
Segue pra cidade grande
Levando muita saudade.
E também deixa chorando
Quem lhe ama de verdade
Porém na terra estranha
Enfrenta a cruel sanha,
Chamada perversidade.
*
É o preconceito doente,
De uma gangue de racistas.
Uma turma de dementes,
Alienados paulistas.
Que pregam a violência
Não conhecem a decência
Não passam de anarquistas.
*
Ir contra o nordestino
É não ter discernimento.
Trabalhador de valor,
Que pôs a mão no cimento
E foi firme no embalo
Para construir São Paulo
Com coragem e talento.
*
Foi candango em Brasília,
Ajudou na construção.
E no Rio de Janeiro,
Teve a mesma ocupação.
Apenas não foi doutor
Mas cidadão construtor,
Que ergueu esta nação.
*
O homem nordestino
Na verdade é aguerrido
Reconstrói seu destino,
Se ele for destruído.
E nascer lá no Nordeste,
É ser forte, enfrentar peste
É ser cabra destemido!
*
Ao falar do Nordestino
Acho bom lavar a boca.
Quem só conversa asneira
Tem que ser conversa pouca.
E sendo um neonazista,
Ou tolo separatista,
Deixe de atitude tosca.
*
Texto e imagem deDalinha Catunda
Visite: http://www.cordeldesaia.blogspot.com/

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O PINTO SOLITÁRIO

O PINTO SOLITÁRIO
*
Um pinto solitário,
é um pinto infeliz.
Se anda tão solitário
é porque ninguém o quis
o melhor então seria,
Acabar com a agonia,
Cortar o mal pela raiz?
*
Um pinto solitário,
Com certeza amoleceu.
Foi atrás de uma loca,
No caminho se perdeu.
E se nessa caminhada,
Ele deu uma brochada,
É porque o faro perdeu.
*
Um pinto solitário,
Risco do meu caminho.
Isso não se chama pinto
Não passa de um pintinho.
Que por se achar tão fraco,
Dorme em cima do saco
E dos ovos faz seu ninho.
*
Um pinto solitário,
Não enfrenta enduro,
Desse eu me desfaço
Realmente não aturo,
Pois pinto desanimado
Não é pinto é babado
Jamais irá ficar duro.
*
Um pinto solitário
Jamais seria prudente,
É praga e maldição
É castigo, não presente.
É pinto que não belisca
Quando muito ele cisca
Causando ira na gente.
*
Um pinto solitário
Erra a boca do pinico.
Acaba mijando fora
Mas isso eu não critico.
Pois é falta de pontaria,
Bastaria uma bacia
Pra findar com o fuxico.
*
Um pinto solitário
Esqueceu a prevenção.
Sem usar a camisinha,
Teve que sair na mão.
Já um pinto prevenido
É sempre bem recebido
Em qualquer ocasião.
*
Texto de Dalinha Catunda
Foto da internet
           Visite:
http://www.cordeldesaia.blogspot.com/

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O DIA DE REIS

O DIA DE REIS


A estrela de Belém,
Certo dia no céu brilhou.
Para guiar os Reis Magos,
Que a Jesus adorou.
*
Mirra trouxe Belchior,
O ouro foi Baltazar.
O incenso ficou por conta
Dum rei chamado Gaspar.
*
Celebra-se em janeiro,
Sempre no dia seis.
Uma data importante,
Que é o dia de Reis.
*
Texto de Dalinha Catunda
Ilustração da internet
Visite: http://www.cordeldesaia.blogspot.com/

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

CORDEL NO GLOBO RURAL

CORDEL NO GLOBO RURAL
O Globo Rural completou 31 anos de existência e fez um programa especial baseado na Literatura de Cordel, um presente para os amantes desta literatura.
A ABLC- Academia Brasileira de Literatura de Cordel que tem em seu colegiado cordelistas de todo Brasil, teve uma significante participação no programa.
Participaram:
O presidente da ABLC- Gonçalo Ferreira da Silva
Os cordelistas: Mestre Azulão, Rosário Pinto, Arievaldo Viana, Manoel Monteiro e eu, Dalinha Catunda.
Minha participação foi falando da Invasão no morro do Alemão, um assunto atual onde mais uma vez o cordel demonstra seu poder jornalístico, repassando a notícia em versos.
Meus versos que aparecem na legenda do Globo Rural:
É polícia pra todo lado
É bandido e caveirão.
Com essa violência toda
Quem sofre é a população
Que fica presa em casa
Com medo da situação.
Segue o Link para quem quiser assistir o programa que está sensacional com participações de: Alceu Valença, Nando Cordel, Ariano Suassuna, Rouxinol do Rinaré e muitos outros nomes significantes da Literatura de Cordel
Texto e foto de Dalinha Catunda

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O SOLDADINHO-DO-ARARIPE

Foto de Ciro Albano
O SOLDADINHO-DO-ARARIPE

*
Conheci um soldadinho
Que me chamou atenção.
O Soldadinho-do-Araripe!
Pássaro em extinção.
Ave de rara beleza
Que adorna a natureza
Mas carece de proteção.
*
Sua fêmea é verde-oliva,
O macho causa admiração.
Preta, vermelha e branca,
É sua formosa coloração.
Na chapada do Araripe
Vive pássaro desta estirpe
Que é dádiva neste rincão.
*
Perto de fontes naturais
Eles fazem seus ninhos
Proteger os mananciais
É o verdadeiro caminho
Para que aja a reprodução
Dando fim a extinção
Deste raro passarinho.
*
O Soldadinho-do-Araripe
É o guarda das nascentes
Com seu canto a sinfonia
Tem acordes diferentes.
Vamos preservar a natureza
Para manter esta beleza,
E difundir suas sementes.
*
Em Missão velha e Crato,
E em Barbalha também,
Vive este soldadinho
Que só no Ceará tem.
É nossa obrigação
Cuidar da preservação
Para nosso próprio bem.
*
Texto de Dalinha Catunda