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terça-feira, 27 de julho de 2010

O PILÃO NOSSO DE CADA DIA




















O Pilão sendo esculpido por Batista à esquerda.
A direita o pilão da familia Caldas recheado de paçoca.
Fotos retiradas do blog: daquidepitangui.blogspot.com

O PILÃO NOSSO DE CADA DIA


Se você for a Pitangui
Em busca de tradição,
Vai achar em lavrado
Num bairro da região,
Um excelente artista
Conhecido por Batista,
Mestre em fazer Pilão.
*
Nordestino que se preza
Tem em casa um pilão.
Minas não é diferente,
Cheguei essa conclusão,
Pois vejo a família Caldas
Entretida e sem ressalvas
Fazendo paçoca em pilão.
*
A Nossa Santa paçoca,
Bendita em toda nação
Foi desjejum de vaqueiros,
E não faltava no matulão
Das antigas comitivas
Que já não são tão ativas,
Mas nos causam emoção
*
Este Pilão já deu samba,
Amigo pode apostar!
Agora só falta um bamba
Para o samba musicar.
Os versos dou de presente
Pra ver Pitangui contente
E ouvir seu povo cantar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

PRECIPITAR-SE E CAIR


PRECIPITAR-SE E CAIR

Não faz muito tempo liguei para um amigo. Amigo este que zela pelo bem falar e traz a elegância das palavras como regra em sua vida..
--- Olá Seu Gonçalo! Tudo Bem?
--- Ó nobre acadêmica que bons ventos lhe trazem?
---Liguei para saber do senhor e das novidades da Academia.
---Bom, tenho duas notícias, uma é que o projeto de termos um espaço na feira de São Cristovão saiu, já assinei até os papéis.
--- E a outra Seu Gonçalo?
---É que infelizmente precipitei-me ao solo!!!!!
---Precipitou-se ao solo?!...
---Exatamente!
---Mas como?
--- Sai da feira tão exultante que esqueci-me de minha deficiência visual, que não me permite uma ampla visão de espaço. Assim sendo, ao tropeçar inadvertidamente numa protuberância acabei por precipitar-me ao solo. Mas diante do acontecido pessoas solícitas socorreram-me. O que agastou-me foi que já erguido e refeito, vejo um ébrio ao lado perguntando-me:
--- O senhor não perdeu uma ferradura? Foi aí que me dei conta que em um de meus pés faltava o sapato.
---Que horror seu Gonçalo!...
---Agora eu vou dizer uma coisa para o senhor: - eu, quando levo uma queda, taco mesmo é o rabo no chão! Me lasco toda! E ainda por cima chingo o maior palavrão e dou o dedo para quem estiver rindo da minha cara, e o senhor me cai com essa elegância toda? Diabo é isso Seu Gonçalo?
*
Texto: Dalinha Catunda
Foto: blogdotorero.blog.uol.com.br/images/escorreg.jpg

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O SOL DO MEU SERTÃO


O SOL DO MEU SERTÃO
*
Quando o sol se esconde,
Carregando o seu clarão.
Bate-me uma saudade
Do sol lá do meu sertão.
Do calor lá do Nordeste
Do céu azul do agreste
Do meu saudoso torrão.
*
Quando o dia amanhece,
Trazendo sua claridade,
Eu me levanto disposta,
Encaro bem a realidade
Pego firme no batente
Até cantarolo contente
Com ares de felicidade.
*
Mas se o céu escurece,
Fecho o tempo também.
Fico um tanto amuada
Enjoada como ninguém.
Pois nasci na terra do sol
Apreciando um arrebol,
Que noutro lugar não tem
*
Texto e imagem de Dalinha Catunda

quarta-feira, 7 de julho de 2010

COBRA CRIADA


COBRA CRIADA
1
Dou um boi pra não entrar,
Uma boiada pra não sair.
Escorrego mas não caio
Porém levanto se cair.
Com gente desaforada,
Eu vou na mesma toada
Se prepare pra ouvir.
2
Você me chamou de cobra
E chamou sem precisão.
Não meta mão em urtiga,
Nem folha de cansanção.
Pois quando fico irada
E com a língua afiada
Moleza eu não dou não.
3
Veneno deixei na folha,
Mas posso ir lá buscar.
Basta escutar latidos,
Querendo me provocar.
Não me assustam cadelas
Não vou pular a janela
Com pau eu vou encarar.
4
Medo de égua coiceira
Não tenho, nunca vou ter.
Relinche bem à vontade,
Não pense que vou correr.
Pode ciscar no meu chão,
Pintar, bordar feito cão,
De medo não vou morrer.
5
Você assanhou inchuí,
Botou pé em formigueiro.
Andou cutucando onça,
E vou lhe dizer ligeiro:
Foi com a vara pequena...
Será que valeu a pena?
Ô imprudente toupeira!
6
Não pense que vou engolir
Teu pretenso desaforo,
Pra mim tu tá no brejo
És uma vaca sem touro.
Vá ruminar noutro canto
Pois não me causa espanto
Os teus chifres nem teu couro
7

Se eu sou uma jararaca
Tu também és peçonhenta.
Se tu tens fogo no rabo,
Tenho cabelos nas ventas.
Então não perca o juízo
Cascavel de tantos guizos,
Toma tino! Te orienta!
8
Me chamas de jararaca,
Às vezes sou doce mel.
Isso, quando não esbarro,
Em loca de cascavel,
Em mula desembestada,
Correndo pelas estradas
Viçando atrás de corcel.
9
Te chamar de cascavel
É ofender a serpente.
Porque no meu conceito,
Tu não és cria de gente
È jumenta batizada,
Daquelas bem descaradas
Do cão não és diferente.
10
Agora peço licença,
E não me leve a mal.
Não quero galinha velha
Ciscando em meu quintal
Cacareje noutro canto
Pois aqui eu lhe espanto
Não quero nem seu sinal.
11
Mas vale um mau acordo,
Do que uma boa briga.
Mas tu és desatinada
E gosta de uma intriga.
E quando quer ser cruel
Desempenha bom papel,
A ser igual me obriga.
12
Posso não ser jararaca,
Mas sou cobra criada.
Meu bote é certeiro,
Fuja da minha estrada.
Vá engrossar as canelas
Cuidar das suas panelas,
Saracura abestada.
13
Achou que me ofendendo
Faria um bonito papel?
Aproveitei foi sua deixa
Pra fazer mais um cordel!
E gostei da ladainha
Pois sou abelha Dalinha
Usando ferrão e mel
14
Aqui fico sem delongas,
Ô rastejante serpente,
Oferto-te estes versos,
Produto de minha mente
Não fujo nunca da raia
Eu rodo mesmo é a saia,
Se puder, me agüente!
15
Quem quiser brigar comigo,
Não vou desaconselhar.
Mas vou logo avisando,
Barato não vou deixar.
Não sou de procurar rinha,
Mas quem vier na minha
Sem penas há de ficar.
.
Cordel de Dalinha Catunda

sexta-feira, 2 de julho de 2010

SAUDADES DE ZECA FRAUZINO

SAUDADES DE ZECA FRAUZINO
1
Era vinte três de abril,
Quando tudo aconteceu.
A cidade de Ipueiras
O rei do forró perdeu.
Antes do raiar do sol
Em Sobral ele Morreu.
2
No ano de dois mil e dez
Seu Zeca desencarnou,
Era sábado dia de feira,
Quando ele se enterrou,
A cidade de Ipueiras,
Enlutada então chorou.
3
Quando Seu Zeca partiu,
Partiu também a alegria,
Do povo que em seu forró
Dançava e se divertia
Ninguém nunca vai fazer
As festas como ele fazia.
4
A igreja ficou lotada
De fãs e admiradores.
Gente das redondezas
Lotavam os corredores
Em todo rosto se via
O lacrimejar e dores.
5
Quando eu ouvir sanfona,
No mês de julho gemer,
Vou me lembrar de Zeca,
E a saudade vai doer
E do forró pé-de-serra
Que só ele sabia fazer.
6
Zeca era muito alegre
Era muito brincalhão.
Era uma figura querida
Que encantou o sertão,
Era um homem festeiro,
E gostava de animação.
7
Quem não participou,
Dos churrascos que fazia.
Era lá em seu terreiro
Que tudo acontecia
Às vezes com sanfoneiro
Pra trazer mais alegria.
8
A saudade ainda se nota,
Nos olhos de sua Maria,
Que já não espera na porta,
As voltas de quando ele ia,
Mas sabe que ao seu lado,
Por certo estará um dia.
9
Cada vez que eu escutar
Uma música singela,
Que tem como título,
A Casinha Amarela,
De Zeca vou me lembrar,
Pois ele gostava dela.
10
Como pai era um ídolo,
Para os filhos que ele tem.
Os filhos o endeusavam,
De tanto lhe querer bem,
E Zeca pelos seus filhos,
De amor morria também.
11
Por todo canto se escuta,
A grande lamentação,
Da falta que nos faz
Este caboclo do sertão
Que fazia o real forró,
Com gosto de tradição.
12
Lamenta Edilson Vieira,
Bento Raimundo também,
Lastima Simões Carolino
E Zé Alves como Ninguém,
Sanfoneiros que animaram,
O forró que mais não tem.
13
Lamenta Quindô Miranda
Que não perdia um forró.
Lamenta Mané Aprígio,
Do seus amigos o maior.
Lamenta Antônio Elizeu,
O doutor Irineu e Deó.
14
Lamenta o seu Batata
Batéia e Aparecida,
Toinha e Zé Marques,
Essa tão triste partida.
Lamentou rico e pobre,
Chorando na despedida
15
Lamenta toda Ipueiras,
Desde a serra ao Sertão
Lamenta Edilson Sales,
Lastima Tony Aragão,
Lamenta lá em Brasília,
A Terezinha Mourão.
16
Corte Branco e Floresta,
E grande a lamentação.
Naquela encruzilhada
Zeca não está mais não,
Deitado em sua rede,
E acenando com a mão.
17
Foi no dia de São Jorge,
Que Seu Zeca viajou.
Feito o Santo Guerreiro,
Em seu Cavalo montou
Foi seguir o seu destino,
Muita saudade deixou.
18
Meu amigo Zeca se foi,
Mas foi contando vitória.
Pois forró igual o dele,
Não há em nossa história.
E com certeza será eterno,
Dentro de minha memória.
19
Primeiro Sábado de julho,
Sem Zeca, Sem animação
A lua não estará tão cheia
No três de julho no sertão.
Quando seria o forró
Do Zeca e da tradição.
20
Zeca me fez um pedido,
Bem antes de ser levado.
Queria o convite da festa
Em seu cavalo montado.
E nesse cordel que eu fiz,
Assim será retratado.
21
Adeus amigo querido,
Adeus símbolo do sertão.
Adeus tempos de alegria,
Adeus Autêntico Chitão
Adeus Seu Zeca Frauzino
Adeus festas e tradição.
22
Esta homenagem faço,
Com carinho e emoção
Pra figura mais popular,
Que viveu em meu sertão,
E foi um grande amigo,
Que trago no coração.

Se Zeca estivesse vivo, neste sábado dia Três de julho, seria 55 anos fazendo o forró mais animado de Ipueiras. A Zeca Frauzino, minha homenagem e minhas saudades.