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terça-feira, 31 de março de 2009

NOTA DE FALECIMENTO


Foto e texto de Dalinha Catunda

NOTA DE FALECIMENTO

Era boquinha da noite
Esmaecia a paixão.
Dava seu ultima bocejo,
Libertando-me o coração.

Morreu de morte natural,
Como tudo que é cíclico.
Nem sei se era mesmo paixão,
Ou simplesmente um vício.

domingo, 29 de março de 2009

FURDUNÇO NO GALINHEIRO


Foto.baixaki.com.br

FURDUNÇO NO GALINHEIRO

Certo dia o galinheiro
Acordou em polvorosa,
O galo acordou tarado
Foi uma coisa horrorosa
E as galinhas apavoradas
Com essa situação odiosa.

Era pintinho correndo,
Era pato se cagando,
Capote voando alto,
Ganso mergulhando,
E o galo velho tarado,
A todos apavorando.

Pegou a galinha preta,
Que era uma franguinha.
Subiu bem em cima dela
Deixou a ave tontinha
Depois saiu bem ligeiro,
Atrás de outras galinhas.

Correu atrás de muitas,
Pegou a galinha amarela.
Nesta o estrago foi feio,
Ela acabou na panela.
Tamanha foi sua fúria,
Que ela esticou a canela.

O frango que era capado
E bem fino vivia a cantar,
Nesse dia foi estreado
Não conseguiu escapar.
Este, sim, não saiu triste,
Mas faceiro a cacarejar.

O galo velho viçando,
E com o espírito do cão.
Pegou a galinha d’angola
O capote não gostou não.
Pra completar a desgraça
Pegou a mulher do pavão.

Para o lado das galinhas,
Debandou-se outra vez.
Pude contar nos dedos
Ele pegou mais de três.
As mais belas do terreiro,
Pois eram de raça pedrês.

Depois que pegou a azul
Correu atrás da nanica,
A branquinha apavorada:
O diabo é que se arrisca!
E voou para o telhado.
Aqui ele não me trisca!

Quem escapou fedendo
Foi a danada da carijó.
Sem pensar duas vezes
Escondeu-se num urinó
E o galo passou batido
E essa levou a melhor.

Pobre das outras galinhas,
Não tiveram sorte igual.
Debaixo do galo ficaram.
Ficaram e passaram mal.
O Galo estava achando,
Que no momento era o tal.

O peru que era orgulhoso,
Tomou logo uma decisão.
Eu vou é fechar meu rabo
E encostar o reto no chão,
Deus me livre deste galo,
Que tem nos coro um cão.

Sei que a coisa ficou feia,
E foram chamar o doutor.
Tudo foi uma experiência,
Que o pobre galo passou.
Explicava o veterinário,
Que o galo diagnosticou.

O galo não é o culpado,
Desta grande confusão.
Este estardalhaço todo,
Foi uma idéia do patrão,
Que deu milho modificado
Pra aumentar a produção.

O milho que ele comeu,
Tinha nova coloração.
Geneticamente modificado
De amarelo virou azulão.
Escrito na embalagem:
Aveiagra é sua solução.

No finalzinho da tarde
O galo velho desmaiou.
A maratona foi puxada,
E o doutor recomendou,
Que ele tivesse repouso
Mas de nada adiantou.


Quando passou o efeito
Deste famoso azulão.
O galo apanhou tanto,
Que caiu roxo no chão.
A crista era puro sangue
Quase perdeu o esporão.

Nele bateu um ganso
Pato, peru e o capote.
Ele quis se levantar,
E foi pego no pinote.
A coisa ficou foi feia,
Vi a hora era dar morte.

O galo gemia e ciscava
A porrada firme comia.
O frango que deu pra ele
Também deu uma agonia.
E galinhas cacarejando
Por toda parte se ouvia.

O galo que por um dia,
Tornou-se um garanhão.
De uma hora para outra,
Viu o seu posto no chão.
As galinhas reunidas,
Pediram substituição

Dizem que o galo velho
Depois que se aposentou,
Com o tal frango capado
Realmente se amancebou.
Dando lugar ao novo galo
Que no galinheiro reinou.

quarta-feira, 25 de março de 2009

NUNCA FUI VIRGEM


NUNCA FUI VIRGEM

Apesar de ter nascido e me criado no interior e eu achava aquele mundo muito pequeno para mim. Era meu ninho, não tenho dúvidas! Porém minhas asas eram imensas e essa desproporção dificultava meus vôos. Mesmo assim arriscava uns rasantes.

Sempre tive respostas na ponta da língua e a palavra fácil. E não poderia ser diferente, pois desde criança nutri grande paixão pelos livros, paixão essa, que carrego até hoje.
Se não dominava todos os assuntos, posso dizer sem modéstia alguma, que eu era à frente de minha geração para uma menina do interior.

Como nunca tive cara de remédio, abdiquei daquela bula que a sociedade impõe e determinei, eu mesma, minha posologia sem medo dos efeitos colaterais.

Reconheço que muitas vezes eu gostava de deixar as pessoas numa saia justa. De chocar mesmo. Até porque a grande sociedade apenas representava o papel a ela destinado e não vivia deveras a realidade.

Lembro-me como se fosse hoje... Eu fazia o colegial e nas salas, entre alunas, rolava um “disparate”. E o que era um disparate? Era um caderno com uma capa bonita, cheio de perguntas tolas ou absurdas que era passado de mão em mão para ser respondido. Coisa de meninas... Pois nunca vi o sexo masculino respondendo, quando muito roubando para ler.

Eu adorava responder disparate, e ler o que as outras colegiais respondiam. E todas elas tinham a mesma curiosidade, pois ali de certa forma estava a ficha pregressa de cada uma.

Certa vez, respondendo um “disparate” deparei-me com a seguinte pergunta:
- Você é Virgem? E eu logo respondi:- Nunca fui virgem!!!
A resposta da outras meninas era: sim, ou então, claaaaro! E não poderia ser diferente, a sociedade, na época, não admitia que uma moça fosse estreada antes do casamento.

Elas ficavam tão chocadas ao lerem minha resposta que não prosseguiam com a leitura. Saiam correndo direto para fuxicar. Lá mais na frente, aparecia a pergunta reveladora:
Qual é o seu signo? Escorpião.... por iiiiiiiisso... É que, não sou virgem, nem nunca fui.

Texto de Dalinha Catunda
Imagem:br.geocities.com

segunda-feira, 23 de março de 2009

LEMBRANÇA DO INTERIOR


Texto e foto de Dalinha Catunda

FERRO A BRASA

Hoje você é somente
Um objeto de decoração,
Mas já foi muito importante
Em seu tempo de utilização.
Na mão das engomadeiras
Que eu via em meu sertão.

O carvão dentro do ferro
Virava brasa e esquentava,
Aos assopros da passadeira,
Que fazendo bico soprava.
Ficando o ferro no ponto
Trouxa de roupas passava.

quinta-feira, 19 de março de 2009

FLORESCER DE OUTONO



Foto e texto de Dalinha Catunda

Florescer de Outono

Hoje sou folha caída
Naturalmente ao chão.

Despida das folhas podres
Aguardo nova brotação.

Abraçarei o outono
Pois já se foi o verão

Para colher felicidade
Não escolho estação

As folhas velhas caídas
Servem-me de adubação.

As águas de março lavaram
As mágoas do meu coração.

O outono que me aguarde!
Pra ver só minha floração.

PADROEIRO DO CEARÁ



Dia 19 de março é o dia de São José.Padroeiro do Ceará.
"Segundo a tradição popular cearense e os Profetas da chuva, essa data tem grande significado, pois, se até esse dia houver chuva, o "inverno" (estação chuvosa) estará garantido. Do contrário, a seca estará inegavelmente caracterizada [70]. Essa data curiosamente coincide com o equinócio.”

Este ano o cearense precisa apenas agradescer ao santo, pois as chuvas tem caido com vontade para os lados do Ceará enchendo o cearense de alegria e vestindo de verde nosso sertão.


Apelo a São José

Glorioso São José.
Santo da minha devoção.
Não se esqueça de mandar,
Chuva pro meu sertão.
Aqui o povo é sofrido,
E carece de proteção.

Olho pro gado no pasto,
Tão magro tão desnutrido...
Parece que lambe pedra,
O verde foi destruído.
Só se vê nessas paragens,
Galhos secos retorcidos.

À vontade de trabalhar é grande.
A fé em Deus não é menor.
A gente só quer do senhor,
Uma ajudinha maior,
Pois o nordestino é forte,
Não economiza suor.

Dá uma tristeza danada,
Ver nosso açude secar.
Primeiro vira lama,
Depois se dana a rachar.
Os peixes vão se sumindo,
E os urubus a rondar.

É a miséria chegando,
É a chuva sem chegar,
É a oração e o pranto,
E o pobre sempre a rogar:
Glorioso São José,
Venha nos ajudar.

Poema publicado no Jornal O Povo de Fortaleza-Ceará

terça-feira, 17 de março de 2009

DALINHA NA AFAI


Esta imagem é a capa de um cordel que escrevi com Ricardo e é uma criação do amigo Chico Parnaibano.

Amigos,
Sou a mais nova filiada da AFAI. Associação dos Filhos e Amigos de Ipu. Com muito gosto aceitei o convite de Ricardo Aragão que além de meu parceiro em um cordel, é também um parente próximo. Gostaria de agradecer as boas vindas de: JPMourão, Airton Soares e Paulo Rocha.

Aqui meus agradecimentos e a resposta de Ricardo Aragão.


AOS AFAIENSES

Dalinha Catunda

Sou filha de Ipueiras,
Sem duvidas cearense.
Agora também sou
Uma cidadã afaiense.
Ipu minha vizinha cidade
Deu-me esta felicidade
Que aceitei naturalmente.

Agradeço as boas vindas
Ao senhor JP mourão.
Eu também fiquei contente
Com a minha inserção.
Confesso fiquei radiante,
De poder seguir adiante
Junto a esta associação.

Gostaria de agradecer,
O meu amigo Ricardo.
Que dentro do cordel
Também dá o seu recado,
E pra completar a alegria
Somos da mesma família
Aragão deste condado.

Até já me sinto em casa,
Podem ir aí anotando,
Pois tenho Airton Soares,
E o Chico Parnaibano
Amigos que tenho respeito
E do lado esquerdo do peito,
Os dois estou hospedando.

A todos muito obrigada,
Muito obrigada ao Boris.
Reencontrar a família
Deixou-me muito feliz.
Estou, sim, nesta jornada,
E esta nova caminhada
Com muito gosto eu quis.


SEJA BEM-VINDA, DALINHA!

Ricardo Aragão

Mas que grande alegria
Senti aqui ao entrar,
Neste Livro de Visitas
E de longe avistar,
As estrofes da poetiza,
Que com graça enfatiza
Sua alegria ao chegar!

Nascida na Ipueiras,
Cidade, nossa vizinha.
Maria de Lourdes Catunda,
Conhecida por Dalinha,
Pessoa do meu coração,
Que também é Aragão
E do cordel, minha madrinha!

Seja bem-vinda, Dalinha!
A AFAI é sua também.
Sendo a nova filiada
Desta associação de bem,
Você muito enriquece
E à AFAI só fortalece,
Trazendo o que você tem.

O que tem, eu já explico
E devo a todos mostrar:
Muito mais que seu talento,
A AFAI há de ganhar
Uma mulher guerreira,
E nas lutas, uma parceira.
Eu posso até apostar!

segunda-feira, 16 de março de 2009

A BORBOLETA E A FLOR



A BORBOLETA E A FLOR


Uma borboleta graciosa
Voejava pelo jardim,
Pelas flores perpassava
Num cochichado sem fim.

Cheirava uma flor aqui,
Cheirava outra acolá,
Sugando néctar seguia
Fremente a me encantar.

Depois de tanto voar
Pousou numa flor singela.
Uma florzinha do campo,
Uma florzinha amarela.

O sol iluminava o orvalho,
A borboleta cheirava a flor,
E a mãe natureza ofertava
Momentos de raro esplendor.

Foto e texto de Dalinha Catunda

sexta-feira, 13 de março de 2009

TRÊS POETAS E UMA SAUDADE


Gerardo Mello Mourão

Patativa do Assaré

Costa Matos

Dia 14 de Março comemora-se o Dia Nacional da Poesia, aqui deixo minha homenagem aos três poetas do meu Ceará.

TRÊS POETAS E UMA SAUDADE

Dia quatorze de março
Dia Nacional da poesia.
Presto minha homenagem
Com carinho neste dia,
A três bardos cearenses
Que nos deram alegria.

O céu está em festa
Vejam que constelação,
Com Patativa do Assaré,
E Gerardo Mello Mourão,
Juntos com Costa Matos
Versejando sobre o sertão.

Patativa muito encantou
Aquele que pode escutar
A cantiga da vaca estrela
Junto com o boi Fubá.
E com a “Triste Partida”,
Fez muita gente Chorar.

Nossa cultura popular
Deve muito a Patativa.
Sua alma de poeta
Era de sua terra cativa.
Mesmo com sua partida
Sua história é bem viva.

Cantou as amarguras
De um povo sofredor.
Cantou a beleza da rosa,
Cantou alegria e a dor.
Cantou a vida sofrida
Do pobre agricultor.

Costa Matos meu poeta,
Poeta de minha infância,
Seus poemas que eu li
Quando ainda era criança,
Num livro emprestado,
Ainda trago na lembrança.

Mais tarde eu recebi
Vindo de suas mãos,
Livros a mim ofertados,
E foi grande a emoção.
Pra ele fiz um poema,
Demonstrando gratidão.
O poeta fez de Ipueiras,
Um poema de amor.
Cantou a beleza da serra,
Cantou os ipês em flor,
Cantou os pirilampos,
Com borboletas brincou.

Poeta segue tua trilha,
Pois brilharás no além.
Aqui ficou a saudade,
Dos que lhe querem bem.
Nas alturas sei que os anjos,
Certamente dirão, amém.

Meu muito querido amigo,
Gerardo Mello Mourão,
Dele fui muito próxima
Segurei em sua mão
Cada palavra que ele dizia
Eu ouvia como oração.

Ainda hoje não esqueço
Minhas visitas ao seu lar.
Era ele quem mais falava,
E eu gostava de escutar.
E sua sala de visita
Chegava a me encantar.

Por mim ele foi recebido
Num evento cultural
Na cidade de Ipueiras,
Em nossa terra natal.
Sua alegria era tanta,
E a minha sem igual.

Tenho parte de seus livros,
Que ele mesmo me deu.
Adoro “Rastro de Apolo”,
E “O Bêbado de Deus”.
O livro “Invenção do Mar”
Perde quem nunca leu.

Gerardo se foi há dois anos,
Costa Matos partiu agora.
Março não foi camarada,
Mas era chegada a hora.
O centenário de Patativa,
Em março se comemora


A saudade eu sei é grande,
Mas na história ficará
Os feitos destes poetas,
Que gostavam de versejar,
E espalharam pelo mundo,
Um canto bem singular.

Texto de Dalinha Catunda e Imagens da internet

quinta-feira, 12 de março de 2009

POSSE DE MARCUS LUCENNA


1- Apresentação do Sanfoneiro Zé Calixto.

2-Apresentação do Mestre Azulão

Jandira Feghali,Marcus Lucenna e Dalinha Catunda

Jandira Feghali e Dalinha Catunda
POSSE DE MARCUS LUCENNA

Hoje, 12 de março de 2009, Marcus Lucenna, cantador, cordelista, acadêmico da ABLC, natural da cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte, foi empossado como gerente do Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, pela Secretária de Cultura do municipio Jandira Feghali.

A Feira de São Cristovão foi invadida por nordestinos que orgulhosamente prestigiaram e aplaudiram o novo Gerente.

Tanto Jandira Feghali, como Marcos Lucenna prometeram dar mais ênfase a cultura e uma cara, realmente, mais nordestina a famosa “Feira dos Paraíba” que andou perdendo, e muito, sua essência nordestina.

A ABLC, Academia Brasileira de Literatura de Cordel compareceu com boa parte do seu quadro acadêmico. Lá estiveram: Chico Sales, Campinense, Dr. William G Pinto, professor Aragão,Lubisomem, Cepalo e Mestre Azulão. Eu que não sou boba nem nada também marquei presença.

Entre as apresentações gostaria de destacar Zé Calixto com sua sanfona, que arrancou aplausos dos convidados, e a apresentação cheia de graça do Mestre Azulão.

Marcos Lucenna numa homenagem ao rei do baião e aos nordestinos que ali se encontravam cantou Asa Branca emocionando os presentes.

Conjuntos tocando apenas pé-de-serra, também animaram a posse. Bebidas e salgados foram oferecidos aos presentes finalizando a festa com chave de ouro

Texto e fotos de Dalinha Catunda

terça-feira, 10 de março de 2009

LEI DA SOBREVIVÊNCIA



LEI DA SOBREVIVÊNCIA

Dalinha Catunda

Brigo com meus demônios,
Rezo para os meus santos,
Aborto o que seria
O nascimento de um pranto.

A prendi a desatar,
O nó preso na garganta.
Com astúcia ou ironia,
Encaro qualquer afronta.

Calar não é consentir,
No meu modo de pensar,
É espreitar a presa com calma,
Para o bote não falhar.

Sou cobra que não ataca,
Mas aprendi a me defender.
Se não pisar no meu calo,
Não pico também você.

Oferecer a outra face?
Nem em outra encarnação!
Pago na mesma moeda,
Só aguardo a ocasião.


Imagem:arcanjo_rafael.zip.net/images/solidao.jpg

segunda-feira, 9 de março de 2009

MINHA HOMENAGEM A "ZECA FROSINO"


Na foto o cantor e sanfoneiro Edilson Vieira e "Zeca Frosino"

Hoje é o aniversário de "Zeca Frosino" que já passou dos 80 anos e continua alegrando a cidade de Ipueiras com o Forró do Zeca que acontece todo mês de julho há mais de 50 anos.
Parabéns "Zeca Frosino" pelo seu aniversário, pela sua alegria e por manter a tradição do forró pé-de-serra em nossa Ipueiras.

O SONHO DE ZECA


Um dia, um homem do povo,
Resolveu alegrar o sertão.
Teve uma idéia singela,
Que transformou em ação.
Com pouco recurso montou,
O plano do seu coração.

Com sua sabedoria,
Começou a matutar...
Tem que ser na lua cheia,
P’ra aproveitar o luar.
Assim ficará mais fácil,
P’ro povo se deslocar.

Com uma garrafa vazia,
O candeeiro montou.
Um pavio improvisado,
Na garrafa enfiou.
E foi só colocar gás,
Que o terreiro iluminou.

Contratou um sanfoneiro,
Bom de fole amigo seu.
Assim o primeiro forró,
Na Floresta então se deu.
Até hoje só falhou um,
Foi quando seu pai morreu.

Primeiro sábado de lua cheia,
Em julho p’ro nossos lados.
Dá-se a confirmação,
do forró mais animado.
Cinqüenta anos de forró,
Zeca tem em seu reinado.

É um forró sem frescura,
Onde toda criatura,
Elegante ou pé no chão,
Dança a noite inteira,
Relembrando o Zé pereira,
Unidos puxando cordão.

Na hora da saideira
O povo de Ipueiras,
Em coro começa a cantar.
É hora de ir embora,
Por que o sol não demora,
Está começando a raiar.

E assim é à volta p’ra casa,
Após uma boa noitada,
Curtida no interior.
E Zeca sorri feliz,
Mais uma vez fez o que quis,
Com a graça de nosso Senhor.

Os olhos de Zeca brilham,
Chegam quase a marear.
É a emoção brotando,
Lá dentro do seu olhar.
Seu orgulho é tão grande,
Que o peito chega a estufar.

Com sua camisa estampada,
Completamente molhada,
Feliz ele volta p’ro lar.
Sabendo que nesta trilha,
Conta com o amor da família,
Que se une para ajudar

sexta-feira, 6 de março de 2009

MULHER, INVENÇÃO DE DEUS



Mulher Invenção de Deus

Pregam aos quatros cantos que a mulher foi feita da costela de Adão.Não sei se para diminuí-la ou ridicularizá-la, o que dá no mesmo, corre por aí uma versão jocosa que a mulher, na realidade, foi feita do rabo do cachorro.

Dizem que Deus de posse da costela elaborava seu trabalho, tão entretido estava em sua missão, que nem notou a aproximação de um cachorro que velozmente arrancou de suas mãos a costela manuseada. Sem perda de tempo o todo poderoso correu atrás do cachorro chegando a pegá-lo, mas o mesmo já havia comido o que seria a matéria prima na elaboração da mulher. Para não voltar de mãos abanando, cortou o rabo do cachorro e com seu infinito poder deu continuidade ao seu trabalho criando assim esse ser de importância suprema, a mulher.

Há quem diga que nada disso procede, que na verdade Deus fez duas criaturas de barro e botou ao sol para secar, depois de alguns dias voltou ao local para verificar sua obra... qual não foi sua surpresa... uma brotou e a outra rachou, e assim foi definido o sexo: feminino e masculino. Era tudo tão perfeito que Deus maravilhado, com um sopro divino deu vida àquelas duas imagens.

De qual matéria fomos feitas exatamente, não importa, o importante é que a fórmula deu certo. Se não somos uma pequena fração do homem, muito menos seriamos o rabo de um cachorro. Acredito sinceramente que somos resultado das mãos de Deus e do sopro divino.

FOTO:400 x 327 - 14k - jpg - br.geocities.com/.../lisieux/ceu_mulher.jpg

HOMENAGEM EM VERSO E PROSA AS MULHERES


Foto retirada do: orkupido.ning.com
AMIGOS, EM HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER, 08 de MARÇO, ESTOU REPRISANDO DOIS TEXTOS, DE MINHA AUTORIA, QUE GOSTO MUITO.

Retrato do Passado

Namorou e ficou noiva.
Casou no padre e no civil.
Disse amém a sociedade
Que suas podres leis pariu,
E o que foi feito de sua vida
Não foi ela quem decidiu.

Casamento arranjado
Aos moldes tradicionais.
Um negócio ajustado
Aos interesses dos pais.
Que vedavam os ouvidos
A sua angustia e seus ais.

Filhos ela teve tantos
Nem pôde nos dedos contar.
Quando esvaziava o bucho,
Voltava a emprenhar.
Fez filhos e não amor,
Não aprendeu a gozar.

È uma boa parideira,
Dizia sempre o marido.
Pelas mãos da parteira
Eram os filhos recebidos.
Quando arriava a bexiga,
Com o médico era resolvido.

Empregada ela tinha,
Pois tinha “boa” situação.
Era uma cabocla prendada.
Era de forno e de fogão.
E nas quebradas da noite
Também servia ao patrão.

O marido era bom partido,
Criado nos dogmas da fé.
Aos domingos ia à missa,
Mas freqüentava o cabaré,
As taras eram com as putas,
E os filhos com a mulher.

“Até que a morte os separe”
Assim era feita a negociata.
O marido era um bom emprego,
A mulher deveria ser grata.
“O que Deus une ninguém separa”
Dai, a submissão era farta.


Uma fotografia na parede,
Retrata esse triste passado.
Que visando a posteridade.
Sempre fora bem focado
Entre paletós e bigodes
Vestidos bem comportados.

Lá se foi o velho tempo,
Do império patriarcal.
A mulher, hoje, evoluída
Não necessita de aval,
Desbrava o seu futuro
Encara o bem e o mal.

quinta-feira, 5 de março de 2009

SAUDADES DO INTERIOR


Banco de pote que fica em minha Chácara em Ipueiras no interior do Ceará.

LEMBRANÇAS DO INTERIOR

Boina na boca do pote.
Água fresca naturalmente.
O pote por fora suado,
Matava a sede da gente.

Era água de cacimba,
Que a natureza servia.
No copo de alumínio
No interior se bebia.

No ranchinho que possuo
Lá pras bandas do sertão.
Tem lá um banco de pote
Preservando a tradição.

Texto e foto de Dalinha Catunda
Este texto foi publicado dia 21/03/09
No jornal O Povo em Fortaleza-Ceará.

segunda-feira, 2 de março de 2009

A ARTE DE APANHAR



A ARTE DE APANHAR

Fui menina levada
Aprontando pelo sertão.
Apanhei de corda e relho,
E bainha de facão.

Tomei benção à palmatória,
Não escapei de cipó,
De cinturão com fivela,
Apanhei de fazer dó.

Já era eu diplomada,
Na arte de apanhar,
Antes que o pau comesse
Já começava a gritar.

Era assim que chamava,
Dos vizinhos a atenção,
E as surras do dia-a-dia
Tinham menor duração.

O certo é que eu apanhava,
Dia sim, outro também,
Mas fazia o que queria
Sem me importar com ninguém.

E foi debaixo de peia,
Que construí meu caminho,
Não se pode colher rosa,
Sem esbarrar em espinhos

Foto do: bp0.blogger.com/.../s400/Palmatória.gif