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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

ANO QUE ENTRA



ANO QUE ENTRA

Esse ano não me pergunte “com que roupa eu vou?”.
Não obedecerei às cores sugeridas, não farei simpatias visando um ano melhor.
Iemanjá que me perdoe, mas, flores não levarei. O banho de mar da sexta feira, sem medo esquecerei. Me entregarei ao acaso e nele apostarei.

Não quero entrar o ano, devedora de promessas que nunca cumprirei. Vou deixar a vida me guiar e nela navegarei. Quero entrar de peito aberto, pisando firme no chão, acatando o que me reserva novos tempos que virão.

Se vier dor chorarei e com o pranto lavarei minha alma. Se vier alegrias sorrirei, gargalharei animada. Provarei com a mesma nobreza do mel e do fel, a mim destinados.
Eu quero as surpresas da vida, não castelos desenhados, que qualquer vento desfaz. Não quero a esperança que não morre, mas certamente caduca entristecendo nossas almas.

Não quero viver com o olhar perdido em sonhos que não se realizam jamais. Quero viver realidades que pareçam sonhos vividos e muito mais satisfaz

Na verdade não vislumbrarei o famoso Ano Novo. Viverei o Ano Que Entra! continuação do passado, com suas alegrias, suas tristezas e intensamente vivido, jamais imaginado.

Imagem: www.neopt.org/.../2008/12/fogo_artificio.jpg

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

SABOR DA MINHA TERRA



RECEITA DE MALASSADA
.
Sabores da minha terra,
Não consigo esquecer.
Sobretudo as iguarias
Que eu adorava comer.
A Saborosa malassada
Deixava-me encantada,
Por isso aprendi a fazer.
.
A malassada é da família,
Da omelete e do pastelão
Sempre muito apreciada,
Pelo povo do meu sertão.
É da culinária nordestina
Delícia que me fascina
Por ter sabor de tradição.
.
Três ovos batidos em neve,
É a base da malassada.
Duas colheres de farinha,
De mandioca peneirada.
Cebola, cebolinha e coentro
Você pica bem e joga dentro
De sal apenas uma pitada.
.
Agora está tudo no ponto,
Esquente numa frigideira,
Uma porção de óleo generosa,
Para não grudar nas beiras.
E ponha a massa para fritar
Vire para o outro lado dourar.
E está pronta a brincadeira.
.
Esta é a malassada básica,
Que eu comia no meu Ceará.
Mas poderá ser até diferente,
Dependendo de onde se está.
Entrando outros ingredientes,
Conforme o gosto das gentes,
E da cultura de cada lugar.

.

Imagem:quebarato.com.br

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

UM FELIZ NATAL AOS AMIGOS DESTE CANTINHO



NATAL SERTANEJO

Quantos natais se passaram
Quantos deles ainda virão?
Alguns eu passei no Rio,
Outros tantos no meu chão.
Mas pra falar bem a verdade
Eu sinto bastante saudades
Dos velhos natais do sertão.

Em minha Santa inocência,
Acreditava em Papai Noel.
Que na véspera do Natal
Cumpria seu doce papel.
Distribuindo presente
E a criançada contente
Fazia o maior escarcéu.

Eram humildes presentes,
Isso não tenho como negar.
Às vezes uma lembrancinha
Para em branco não passar.
Mas era grande a alegria,
Naquela grande família,
Em seu singelo celebrar.

Sapatos e roupas novas,
A família inteira ganhava.
Na passagem do novo ano,
Era que a gente estreava.
Era na cambraia bordada,
E com nossa saia rodada
Que o Ano Novo começava,

No galinheiro um peru gordo
Aguardava sempre a ocasião.
Era o banquete das famílias
Que assavam galinha e capão.
Comida tinha com fartura
Pois assim era nossa cultura
Naquela Santa celebração.

A ceia, a missa do galo,
A visitação da lapinha.
Antes da missa o passeio,
Dando giros na pracinha.
Hoje celebro na verdade,
O velho Natal da saudade,
Que um dia viveu Dalinha.
.
Foto: sal.zip.net/images/presepio.jpg

domingo, 20 de dezembro de 2009

CHAPEUZINHO DE PALHA



Chapeuzinho de Palha


Numa casinha de taipa, no meio de um lindo carnaubal, morava Chapeuzinho de Palha. Lá viviam também : seu pai, sua mãe e um irmãozinho.
O pai era um simples agricultor.
A mãe, para ajudar nas despesas de casa, dedicava-se ao artesanato.
As carnaubeiras, que cantarolavam ao vento abrigando passarinhos, eram as mesmas que forneciam palha para a confecção do artesanato.
Dava gosto de se ver pendurada num alpendre, construídos com troncos de carnaúbas, o artesanato que ali ficava exposto encantando os passantes, que vez por outra, paravam para adquirir alguma peça : abanos, vassouras, peneiras, cestas, chapéus entre outros objetos que compunham o cenário.
O que era feito no meio da semana, era levado para ser vendido na feira de sábado.
Eles viviam com sacrifício.
O que ganhavam não sobrava para brinquedos. As crianças tinham que se contentar com brinquedos improvisados.
Chapeuzinho de Palha tinha este nome porque não tirava da cabeça o chapéu que ganhara de presente de sua mãe.
Já seu irmão, passava o dia para cima e para baixo, montado num cavalo de pau, feito do talo da carnaúba, um mimo do pai, que se esmerou em fazer umas orelhas e colocar um cabresto de barbante.
Chapeuzinho vivia triste e emburrada pelos cantos, por não ter com que brincar.
Não queria brincadeira de menino.
Com o chapéu não tinha graça brincar. Fazer o quê ?
Chegou o sábado e a menina pediu a mãe para ir com ela a feira.
No mercado chegando Chapeuzinho ficou maravilhada com um cesto cheio de bonecas de pano com roupinhas coloridas.
Pedia insistentemente a mãe que comprasse uma para ela.
Queria porque queria.
Sem condições de satisfazer a vontade da filha, pois ainda não havia vendido uma peça sequer das que levara a feira nada podia fazer. Além disso precisava primeiramente comprar alimentos de que a casa necessitava. O que a filha em sua inocência não entendia.
A vendedora de bonecas, vendo o pranto da criança, e a contrariedade estampada no rosto da mãe, num gesto de bondade, pegou uma bonequinha rechonchuda de pano e deu de presente a menina, que de imediato começou a sorrir, pegando a boneca no colo feito um bebê.
A mãe comovida escolheu a mais bela peça de palha e ofertou aquela que numa atitude de nobreza fez sua filha sorrir.
Muitas vezes um pequeno gesto se torna grande quando feito com amor.


Texto de Dalinha Catunda publicado no DN infantil, Diário do Nordeste de Fortaleza.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

FILHA DO NORDESTE



FILHA DO NORDESTE


Sou Dalinha, sou da lida.
Sou cria do meu Sertão.
Devota de São Francisco
E de Padre Cícero Romão.

Sou rês da Macambira,
Difícil de ir ao chão.
Sou o brotar das caatingas,
Quando cai chuva no chão.

Sou cacimba de água doce,
Jorrando em pleno verão.
Sou o sol quente do agreste.
Sou o luar do sertão.

Minha árvore é mandacaru.
Meu peixe, curimatã.
Macaxeira e tapioca,
É meu café da manhã.

Sou uma bichinha da peste,
Meu ídolo é Lampião.
Sou filha das Ipueiras.
Sou de forró e baião.

Sou rapadura docinha,
Mas mole eu não sou não.
Sou abelha que faz mel,
Sem esquecer o ferrão.

Texto e foto de Dalinha Catunda

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

MERDA EM ABUNDÂNCIA



MERDA EM ABUNDÂNCIA!

Nada como um presidente,
Naturalmente bem popular!
Que enche a boca de Merda
Para poder do pobre falar.
“Se o pobre esta na Merda!
Da merda eu quero tirar!”

Assim falou Luiz Inácio
E foi em rede Nacional.
Exemplo de Brasileiro
Acima do bem e do mal.
Que caga para a opinião
Dos críticos desta nação
Porque ele é o maioral.

Não pense que é brincadeira!
Pois registrou a televisão.
Lula acusando jornalistas
De falar também palavrão.
Mas isso não é inconveniente,
Na boca do nosso presidente!
E sim, na de um mero cidadão.

Em tempo algum nesta terra
Veemência maior já se viu.
Até deixou bem corada
A pobre da mãe tão gentil!
Que nunca ouviu tanta merda,
Emporcalhando esta terra
Que ainda se chama Brasil.

Texto:Dalinha Catunda

domingo, 13 de dezembro de 2009

LEMBRANÇAS DOS VELHOS NATAIS



LEMBRANÇAS DOS VELHOS NATAIS


Nasci e me criei no Ceará e lá, vivi por muito tempo singelos e criativos natais.
Tínhamos a ceia, com galinhas assadas, peru, bolos e iguarias típicas do sertão.

Nossa árvore de natal era feita de garrancho, recoberta com papel crepom, e com tiras de algodão por sobre os galhos. Os enfeites eram caixas de fósforo recobertas com cédulas prateadas de cigarro e com papel de presente. Caixas maiores também eram cobertas e colocadas ao pé da árvore fingindo ser presente. A árvore era enfiada numa lata de querosene de 20 devidamente recoberta e preparada para a ocasião. E não poderia faltar uma estrela prateada, com calda no alto da árvore. O importante: toda família participava da confecção da árvore.


O que mais me atraia eram as visitas ao presépio da igreja matriz que era montado e aberto a população. Imenso! Lindo! Não me cansava de adorar. Encantava-me com os animais em volta do Deus menino. Ainda hoje chamo de lapinha meu inesquecível presépio.


Na missa do galo eu me sentia no céu. Eram mágico os rituais. Os cânticos de natal, os castiçais e suas velas, o turibulo com incensos espalhando uma fumaça cheirosa dentro da igreja e clima angelical me remetia realmente ao céu. Era divino e eu ficava em estado de graça mesmo.

Os presentes eram detalhes. Bonecas de pano para as meninas e carrinhos de madeiras para os meninos. Mas a nossa felicidade era tão grande que não cabia dentro de nós. Explodiam nas calçadas onde meninos e meninas se amontoavam para viver o nascimento da alegria.

Identifico- com esse Natal. O natal de minha Ipueiras, do meu Ceará Não com essa imitação de Natal europeu com neves e luxos que vejo nos shoppings das grandes cidades onde o papai Noel abafa a imagem de Jesus Cristo o principal personagem.


Texto: Dalinha Catunda
Imagem:leandrohubo.files.wordpress.com/2006/12/st_ag...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

GENTE DA MINHA TERRA


Foto: Tereza Mourão e Dalinha Catunda

PARABÉNS TEREZINHA!

Querida amiga Tereza
Neste dia de alegria,
Desejo que a felicidade
Chegue a sua moradia.
Que Deus sempre proteja
Você, amigos e família.

Muita saúde e muita paz
Pra você, aniversariante!
Que se engaja sem medo
Na luta por seus semelhantes.
Que seja sempre vitoriosa!
E consiga seguir adiante.

São os votos desta amiga,
Que reconhece sua lealdade.
E sabe que você veste,
O manto da caridade.
Mais uma vez eu desejo
Que seja feliz de verdade.


Homenagem a minha amiga Tereza Mourão que faz aniversário dia 12 de dezembro.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

DONA DA NOITE




DONA DA NOITE

Final de tarde,
Sol se sumindo...
Esmaeeeece, coclhiiiiiila...
É a noite! Vem vindo...

Um véu negro tinge o infinito,
Mas não tarda aparecer,
Estrelas piscando em bando
No céu a resplandecer.

O lume intermitente,
Lá no alto é louvação,
A rainha que desponta
Prateando a escuridão.

Cheia de encanto e magia,
Com seu manto prateado,
Surge trazendo São Jorge
Em seu cavalo alado.

A senhora dona da noite
Ocupa seu trono agora.
E reinará soberana
Até o raiar da aurora

Texto:Dalinha Catunda

Imagem:mteresabr.wordpress.com/2008/12/07/lua/

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

NOS TRILHOS DA EMOÇÃO


NOS TRILHOS DA EMOÇÃO

Amores são passageiros,
Acomodados em vagões.
Alguns seguem viagem
Menosprezando estações.

Outros descem ligeiro,
Até na primeira parada!
Pois lhes falta bagagem
Pra prosseguir a jornada.

Nos trilhos que corre vida
Nunca fui de perder trem,
Nem de ficar acomodada,
Esperando quem não vem.

Cada vez que o trem apita,
Sacoleja o meu coração.
Trilhando a linha da vida
Ergo a bandeira da emoção.

Dalinha Catunda

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

FESTIVAL DE PANETONE EM BRASÍLIA



FESTIVAL DE PANETONE EM BRASÍLIA

Dezembro já chegou,
Trazendo junto Natal.
Vou fazer a minha festa
E é no Distrito Federal.
Vou pegar minha família,
Vou direto pra Brasília
Não perco este festival.

A vida aqui anda cara
Está “um Deus nos acuda”
Em Brasília pelo menos
Tem o bondoso Arruda.
Que arrecada dinheiro,
Para o pobre brasileiro
Ter um Natal de fartura.

Nunca vi tanto dinheiro!
Mas mostrou a televisão.
Em cuecas, meias e bolsos
Foi farta a distribuição.
E os demais envolvidos
Ficaram tão comovidos
Que fizeram até oração.

O milagre da multiplicação
Pode até não acontecer.
Panetone virando pizza
Garanto vocês vão ver.
Pois são sempre absolvidos
Os políticos envolvidos
Em falcatruas no poder.

As eleições estão chegando,
Seja um honesto cidadão!
Vender e trocar seu voto
É incentivar a corrupção.
Vá à urna com consciência,
Para tirar dessa indecência,
Nosso Brasil, nossa nação.
.
Imagem retirada da internet

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

EU E ELE


Foto:Dalinha Catunda, passeio na Serra grande.

EU E ELE


Vem que o dia é nosso,
Aquece meu corpo que gosto.
Faz-me inteirinha suar.

Deixa-me de rosto corado,
Brinquemos de namorados,
Antes que chegue o luar.

Vem me fazer mais morena,
Garanto que vale a pena,
Em minha pele tocar.

A nossa química é perfeita.
Desce seus raios, aproveita!
Sou epiderme a lhe provocar.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

IPUEIRAS MEU AMOR


Ilustrando meu poema uma foto que me enviou minha amiga Terezinha Mourão

IPUEIRAS MEU AMOR

Minha pequena cidade,
Meu recanto no interior.
Transbordo de felicidade
Ao declarar meu amor.

Sei quanto vale à pena,
Louvar a minha aldeia.
Que deveras é pequena,
Mas é minha não alheia.

Quando criança brinquei
Em tuas ruas e calçadas,
E na memória eu tatuei
A mágica vida passada.

Minha pequena cidade,
Exaltar-te não é besteira.
Alivia minhas saudades,
Minha querida Ipueiras.

Minha terra adorada,
Minha maior paixão.
Sinto-me enamorada,
Desse pedaço de chão.

Meu canto no Nordeste,
Meu recanto no Ceará
Bela Ipueiras do agreste
Meu amor sempre terás.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CHUVAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO




Texto e fotos de Dalinha Catunda



FORTES CHUVAS NO RIO DE JANEIRO

Antes que a noite chegasse se fez noite na cidade do Rio de Janeiro.
Nuvens tímidas foram aparecendo e aos poucos perdendo a vergonha e tomando conta do céu carioca.

Relâmpagos riscam os céus acompanhados de intensas trovoadas. A chuva cai torrencialmente confirmando que nem tudo são flores em tempos de primavera.

Sobre o viaduto o congestionamento de carros que fatalmente acontece nessas horas, ruas alagadas, buzinas ligadas anunciam o caos.

Agora é só esperar os apagões que surgiram como forte tendência nesta primavera.

Rio de Janeiro, 25/11/2009 - 18:30

terça-feira, 24 de novembro de 2009

MANGERIOBA-DO-PARÁ


Fotografia e texto de Dalinha Catunda

MANGERIOBA-DO-PARÁ

Na estação das chuvas
A caatinga se refaz.
Oferecendo aos olhos
A graça que a água traz.
Difícil fica esquecer
A magia do florescer
Cheio de um viço audaz.

Em meio ao mata-pasto,
Jurema, salsa e sabiá,
Feito ouro se destaca,
A mangerioba-do-pará.
Entre o verde e o amarelo,
Descubro o quanto é belo,
O rebrotar no meu Ceará.

Só mesmo quem conhece,
Tem a verdadeira noção,
Do que faz a falta de chuva
Com a flora do meu sertão.
Mas tudo se acaba em festa,
Quando o verde se manifesta,
Dando nova cor ao meu chão.

domingo, 22 de novembro de 2009

A FLOR, O BEIJA-FLOR E O MANGANGÁ




A FLOR, O BEIJA-FLOR E O MANGANGÁ

Uma brisa leve soprava
Movimentando o ar.
Levando de um lado ao outro
Uma florzinha de Maracujá.

Um passarinho galante
Voava em volta da flor.
Beijava saia e voltava
Com ares de sedutor.

Era um lindo beija-flor
Que beijava com insistência
Aquela florzinha roxa
Cheia de malemolência.

Mas eis que aparece
O besouro mangangá,
Cheio de marra querendo,
A florzinha também beijar.

Foi aí que começou
Deveras a confusão.
Beija flor e mangangá
Disputando um coração

O beija flor apaixonado
Lutou pela linda flor.
Que roxinha de paixão,
Ofertou-lhe o seu amor.

O mangangá entristecido
Um novo rumo tomou.
Chorando pela florzinha,
Que um dia polinizou.


Foto Mangangá na flor de maracujá:flickr.com/photos/29602767@N02/3021427852/
Foto do Beija-flor: ednene.wordpress.com/.../passaros-do-pantanal/

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A FEIRA DE SÃO CRISTOVÃO


Secretária de cultura do município Jandira Feghali, Marcus Lucenna e Dalinha Catunda



A FEIRA DE SÃO CRISTOVÃO
(Um pedacinho do Nordeste na cidade Maravilhosa)

O Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, a denominada feira de São Cristovão ou Feira dos Paraiba, como é popularmente conhecida, hoje tem como gestor Marcus Lucenna.

Marcus Lucenna este cantador e cordelista nordestino, oriundo de Mossoró-RN, não só vestiu a camisa dessa nação nordestina, como botou o chapéu, arregaçou as mangas e muito tem suado para que a feira, acima de tudo, seja um reduto deste povo sofrido, que chega ao Rio de Janeiro para trabalhar e tem a feira como seu lazer preferido.

É lá que o saudoso nordestino, mata as saudades de sua terra. Ouvindo um forró pé-de-serra, comendo queijo assado na brasa, comendo baião-de-dois, comprando rapadura, olhando a rede dependurada, tomando uma cachacinha e tirando o gosto com iscas de carne seca.

No centro da feira, cantadores fazem seus repentes versejando sobre o ambiente e pessoas que transitam por lá. Um conjunto de forró está lá, sempre avivando as saudades dos que carregam sua terra no coração. Em frente ao palco, independente da idade, os freqüentadores dançam em pleno dia mesmo com o sol a pino.

Um carrinho de madeira, transformado em estante, abriga os cordéis de toda parte do país. Os mais vendidos são os que falam de Lampião, o Rei do Cangaço, e os que citam o cantor Luiz Gonzaga, o nosso Rei do Baião.

Sem pretensão de entrevistar, apenas num papo informal, estive sexta-feira, 13/11/ 09com Marcus Lucenna que gentilmente respondeu minhas indagações sobre os passos da feira.

Disse-me que:
A feira além de abrigar os nordestinos recebe grande numero de turistas brasileiros e estrangeiros. Que hoje a feira prima pela higiene.

Numa gestão democrática ele tanto tem trazido o forró pé-de-serra, como o forró eletrônico. Pois há os que se encantam com o sanfoneiro Dominguinhos e os que adoram a banda Calcinha Preta.

Como cordelista e membro da ABLC Academia Brasileira de Literatura de Cordel prestigiando sua classe, andou organizando uma interessante exposição de cordel.

E entre tantos assuntos, confidenciou-me que está preparando uma grande homenagem para Luiz Gonzaga de dez (10) a treze (13) de dezembro, talvez a maior delas. E já estou convidada. Dia 13 de dezembro é dia de Santa Luzia, dia que nasceu o Gonzagão.

Para gerenciar uma feira, como a Feira de São Cristovão o cabra tem de ser macho mesmo e desassombrado, e assim é Marcus Lucenna, que tem sido uma voz nordestina a serviço do seu povo, além de gerenciar a feira ainda comanda o programa “Nação Nordeste” de segunda à sexta das 20h às 21h na Rádio Metropolitana 1.090 AM. Um programa que traz o sotaque e a cultura nordestina.

Eu vejo em Marcus Lucenna esse orgulho de ser nordestino, que eu também carrego comigo e gostaria que todos os nordestinos tivessem.

Mais uma vez encantei-me com a feira de São Cristovão, fico feliz em ver meu companheiro da ABLC gerenciando nosso reduto e quero agradecê-lo pela simpatia e disponibilidade com que ele me recebeu e aplaudi-lo por ser essa voz incansável clamando pelo Nordeste.

Texto e fotos de Dalinha Catunda

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

REBUSCANDO-ME



REBUSCANDO-ME

Quero um bolero dançado
De corpo e rosto colados
Que acelere a respiração.

Quero um sussurro forjado
De mentiras mal contadas
Enganando-me o coração.

Quero a magia perdida,
Que nos rouba a rotina da vida
Em sua devastação.

Quero acreditar e me enganar.
Quero sorrir e chorar,
Se isso traduz emoção.

Só não Quero:
O marasmo, a mesmice.
Não suporto estagnação.

Texto: Dalinha Catunda
Imagem:1.bp.blogspot.com/.../s400/braços%2Babertos.jpg

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

DIGITAÇÃO


Digitação

A tua palavra não dita
Aguça-me a imaginação.
Traz na magia dos dedos,
Um toque de sedução.

Chega-me feito sussurros,
O que não cheguei a escutar.
Não o que está escrito,
O que supõe meu pensar.

Na técnica da tecla distante,
Perco-me a imaginar...
Num corpo desconhecido,
Uma alma a me encantar.

Texto de Dalinha Catunda.
Imagem retirada do:portoalegre.alx.com.br

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A MULHER RENDEIRA


Foto: Colhida no rabisco.com.br


Mulher Rendeira


Vi a mulher rendeira,
rendando no Ceará.
Foi o mais belo espetáculo,
que pude admirar.

Eu ainda era menina,
morando nas Ipueiras.
Conheci dona Totonha,
a maior entre as rendeiras.

Debruçada na almofada,
sentadinha na cadeira.
Tecendo com mãos de fada,
entretinha-se a rendeira.

O que era fios de linha,
aos poucos se transformava.
Nas mãos daquela rendeira,
que em seu ofício encantava.

Entre o canto e o bailado,
dos bilros manipulados,
espetava firme o alfinete
num papel bem desenhado.

E para o encanto dos olhos,
surgia com esplendor,
a renda, que mais parecia,
obra de Nosso Senhor.

Salve a mulher rendeira,
que traz a magia nas mãos.
Dentro de nossa história,
é lenda e tradição.

“Olé mulher rendeira,
olé mulher renda".
Rainha dos sertanejos,
orgulho do meu Ceará.

domingo, 8 de novembro de 2009

ENCONTRO COM POETAS E RODAS DE CANTORIA


Madrinha Mena, Dalinha Catunda E Maria Rosário

Dalinha Catunda, Maria Rosário e Madrinha Mena.

Queridos amigos, como havia anunciado antes, dia 10 de outubro, houve o "Encontro de poetas e rodas de cantoria". Apesar da chuva que caiu durante três dias antes do evento, conseguimos fazer na data marcada.
Quero registrar e agradecer a ilustre presença do casal, Edison Ferreira Lima e Sarinha, minha querida amiga SAM, da internet, que hoje é amiga real.
Estou apresentando, aqui, fotos e dois textos que criei para o acontecimento.

ENCONTRO DE POETAS
AS TRÊS MARIA
.
Sr. Presidente Gonçalo,
Membros da Academia,
Nosso cordel de saia,
Vem à casa da poesia.
Trazendo prosa e canção
Muito verso e animação
Para alegrar a confraria.
.
O cordel está em festa,
A tarde é de Alegria.
“O encontro de poetas,
“E rodas de cantoria.”
Na produção feminina,
Traz três nordestinas,
Por coincidência Maria.
.
Maria do Rosário Pinto.
Maria de Lourdes Aragão
Maria do livramento Lima.
De Òrion, não somos não!
Mas somos as Três Marias
Estrelas desta confraria,
Em cena neste Salão.
.
Maria do Rosário Pinto,
Nascida no Maranhão,
Na cidade de Bacabal
Pra falar com exatidão.
Atua num grande papel,
Vive a catalogar cordel,
Em sua nobre profissão.
.
Falo com muita emoção,
De nossa madrinha Mena
Que dedilha um violão
E tem uma voz serena,
Canta bonitas cantigas,
Daquelas bem antigas,
Relembrar, vale à pena.
.
Eu sou Maria de Lourdes
Sou Catunda e Aragão.
Dalinha das Ipueiras,
O velho Ceará é meu chão.
Minha maior alegria
E fazer minhas poesias,
Falando do meu sertão
.
Espero que todos gostem
Desta nossa apresentação.
O cordel vestindo saia
Já tirou o pé do fogão.
A mulher hoje recusa,
Ser somente uma musa
Servindo de inspiração.
.
Só queremos demonstrar,
A nossa capacidade,
Apresentando temas,
Com criatividade.
Musica e informações,
Entre versos e canções.
E algumas novidades.
.
Agradeço o empenho
De Fernando Assumpção.
Ivamberto Albuquerque
Pela sua mediação.
E a todos da confraria,
Meus amigos e família,
Agradeço a participação.
.

PELEJA ENTRE: Dalinha Catunda e Maria Rosário
PAPO DE MULHER
DC
Eu sou Dalinha Catunda,
E não sou de brincadeira
Quando deixei o meu chão
Escancarei a porteira
E me entreguei à labuta,
Aprendendo a ser astuta
Nesta vida de estradeira.
MR
Sou Maria do Rosário
Boa filha de Bacabal.
Ouvindo versos me criei
Amigo não leve a mal.
Pois saí do Maranhão
Com a poesia na mão
Trazida da terra natal.
DC
“Deus não dá asas à cobra”,
Mas deu palavras a mulher,
Assim ela enfrenta o mundo
Do jeito que ela bem quer
Vencendo a força bruta
Encarando com arte a luta,
Firme, pro que der e vier.
MR
Eu concordo com você,
Minha parceira querida.
E seria o homem, triste,
Sem uma mulher na vida.
Dando-lhe farta atenção
Estendendo-lhe a mão,
Disso ninguém duvida.
DC
Deus quando fez o homem,
E fez a mulher diferente.
Para fazer os dois felizes,
Fez o encaixe de presente.
O homem sem sua criatura,
E chave sem fechadura,
Jamais viverá contente.
MR
O Homem sem a mulher
É homem pela metade.
Deles cuidamos sempre
Desde as tenras idades
Fruto de nossas entranhas
Cheios de arte-manhas,
Diga se não é verdade?
DC
Com homem eu não pelejo,
Faço mesmo é parceria.
Sendo filho de mulheres
Sem dúvidas nossas crias.
Lá em casa são três machos
Mas deles não sou capacho
Sou respeitada Maria.
MR.
Se existe o mundo machista,
Temos boa parte da culpa.
Pois somos, nós, mulheres,
A lapidar tais condutas,
Porém hoje mais atrevida,
A mulher não se intimida,
E a igualdade é sua luta.
DC
No Varal da minha casa,
Não tem lugar diferente,
Ao lado de uma cueca,
Há uma calcinha presente.
Demarcando um território
Que nada tem de transitório
É uma conquista permanente.
MR
Sou Maria do Rosário
E tive a grata satisfação.
De falar neste espaço
E fazer minha colocação
A todos muito obrigada
Estou de alma lavada,
Agradeço de coração.
DC
De alma lavada, Rosário,
Confesso, também estou.
Agradeço essa linda platéia
Que gentil, nos prestigiou.
E aqui em Santa Tereza,
Nos fez viver a beleza,
Numa tarde de esplendor.
MR
A tarde ficou mais alegre
E acho que valeu a pena.
Ouvir as belas canções
Na voz singela de Mena.
Essa madrinha querida,
Dos poetas a preferida,
Que hoje brilhou em cena.
DC
Também quero louvar
Essa mulher nordestina
Com seu canto popular,
Que junto à viola afina,
E faz um bonito papel
Prestigiando o cordel
Que hoje sai da rotina.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A FELICIDADE


A FELICIDADE

Felicidade é momento.
Por isso, preste atenção!
Agarre com unhas e dentes,
Os momentos que virão.
A vida passa ligeiro,
Não seja um passageiro,
Que perdeu a condução.

Com esta bela imagem e estes versos quero desejar um ótimo final de semana a todos.
Foto e texto de Dalinha Catunda

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A PALESTRA






Fotos do evento, para visualizar melhor clicar na foto.

A PALESTRA

Geralmente vou a Ipueiras para passear, porém sempre que sou convocada a participar de eventos culturais compareço com todo prazer.

Foi o que aconteceu no dia 23 de outubro na Escola de Ensino Fundamental Monsenhor Fontenele, no bairro “Vamos Ver”.

Convidada pelo Diretor José Wilson Camelo da Silva, que tem feito um ótimo trabalho junto aos seus alunos, aceitei discorrer sobre minha vida na cultura popular e os caminhos que me levaram até o mundo encantado do cordel.

A professora Erlene responsável pelo projeto, Semana do Município, orientou muito bem os alunos que graciosamente e munidos de competência fizeram uma bela apresentação, tanto lendo como declamando, textos em cordel e outras modalidades de poesias.

Entre os participantes destaco a presença dos professores: Geraldo, Adalto, Gleide , a coordenadora Neudimar e ainda o Diretor José Wilson.

Na platéia, adultos e adolescentes se misturavam. O que realmente me encantou foi o comportamento de todos que atenciosamente prestavam atenção a cada detalhe de minha exposição.

Ali não me vi como convidada especial e sim como mais uma simples ipueirense no meio de minha gente. Senti-me totalmente à vontade e prestigiada pelos que lá estiveram rindo, aplaudindo e prestando atenção a cada etapa.

O diretor José Wilson, agradeço o convite, aos professores e coordenadores quero parabenizar pela organização, e aos alunos agradeço pelo comparecimento e o comportamento impecável.

Fotos e texto de Dalinha Catunda

terça-feira, 3 de novembro de 2009

CAJUEIROS DE MINHA TERRA



Texto e fotogafias de Dalinha Catunda

CAJUEIROS DE MINHA TERRA

Cajueiros de minha terra.
Cajueiros do meu sertão.
Logo que chega outubro,
Carrega que cai no chão.
Alegrando a passarada,
Que na copa faz zoada,
Vendo farta alimentação.

Com Cajus de minha terra,
Faço suco, doce e gostosuras.
E ainda como com feijão,
Nesses tempos de fartura.
A castanha fica guardada,
Pra depois comer assada
Como manda nossa cultura.

Bonitos e bem saborosos,
Cajus vermelhos e amarelos,
Coloridos e apetitosos,
Naturalmente tão belos,
Como que me lambuzo,
Confesso que até abuso
Sem temer nódoa me melo.

Acompanhando uma cachaça,
Amigo não me leve a mal...
Um cajuzinho bem fatiado,
É um tira-gosto sem igual.
Conheço desde menina,
Essa moda nordestina,
Que no sertão é habitual.


Amigos,
Voltei trazendo um pouco de minha Ipueiras, para vocês.
Obrigada a todos que empurraram a porteira e entraram em minha casa mesmo em minha ausência.
Meu abraço carinhoso a todos vocês.
Dalinha Catunda

domingo, 11 de outubro de 2009

APOSTANDO NA VIDA


Foto: dalinha Catunda

Olá amigos estou fechando a porteira do cantinho da Dalinha, por uns dias, vou até o Nordeste. Em novembro estarei de volta. Ah!!! a porteira está só encostada. A casa é de vocês, podem entrar na minha ausência.

APOSTANDO NA VIDA

Dalinha Catunda

Às vezes eu me aborreço.
Às vezes me entristeço.
Outras tantas sou infeliz.
Porém, vou levando a vida,
Curtindo uma ânsia atrevida,
De apostar no porvir.

Não quero olhar a vida,
Apenas por uma janela.
Não quero viver suspirando,
Feito eternas donzelas.
Se viver é correr riscos
Encaro sem medo a mazela.

Eu quero o gozo da vida.
Quero abrir feridas.
Sangrar se preciso for.
Quero chorar a partida,
De cada paixão perdida,
Que ardeu e se apagou.

Só não quero viver a apatia
De uma vida sem magia,
De quem se desencantou.
Atrás das cores da vida,
Sou primavera florida,
Que o tempo não desbotou.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

PROTEJA NOSSAS CRIANÇAS


DIA 12 DE OUTUBRO, DIA DA CRIANÇA E DE NOSSA SENHORA APARECIDA

PROTEJA NOSSAS CRIANÇAS

Nossa Senhora de Aparecida,
Santa das águas resgatada.
Padroeira do nosso Brasil,
Por muitos és venerada.

Peço-te ó mãe querida,
Que tenhas compaixão
Das crianças que padecem
E penam em sórdidas mãos.

Livrai nossas crianças,
De toda essa violência.
Não deixe que sordidez
Macule sua inocência.

É triste ver tanta criança,
Espancadas e violentadas
É inconcebível vê-las,
Barbaramente assassinadas.

Ó minha mãe generosa,
Livrai-nos desta cruz.
Interceda pelas crianças,
Junto ao seu filho Jesus.

Texto de Dalinha Catunda
Foto da internet

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

DIA 08 DE OUTUBRO, DIA DO NORDESTINO


Foto e texto de Dalinha Catunda.

Nada mais nordestino do que bodes no terreiro.
Hoje dia do NORDESTINO, quero homenagear essa gente que é minha gente. Principalmente os que migraram e trazem grande saudades no peito.

Migrante

Sou das águas retiradas.
Sou do sertão nordestino.
Das caatingas desertei,
Lamentando meu destino.
Pois deixar o meu torrão,
Machucava-me o coração
Causando-me desatino.

Meu dialeto sagrado,
Era motivo de riso.
Era uma rês desgarrada,
Mas seguir era preciso.
Pedi a Deus proteção,
E virgem Conceição,
Para me dar mais juízo.

Não reneguei minha terra,
E jamais renegarei.
De ser filha do Nordeste,
Sempre me orgulharei.
Lamento até ter perdido,
Aquele sotaque antigo,
Que de lá eu carreguei.

Na minha casa nova,
Onde hoje brilha o chão,
Num canto especial,
Avista-se um pilão,
Em outro canto uma rede
Onde embalo com sede,
As saudades do sertão.

Tapioca com manteiga,
Não deixo de comer não.
Numa panela de ferro,
Faço um gostoso baião.
Cabeça de galo e mal-assada,
São iguarias apreciadas,
Com gosto de tradição.

Rezo pra são Francisco,
E padre Cícero Romão.
Pra proteger Ipueiras,
Meu pequenino rincão
Pois é lá minha ribeira,
Onde a linda carnaubeira,
Ao vento lança canções.

Eu vim sem querer vir
Fiquei sem querer ficar,
Mas um dia ainda volto,
A morar no meu Ceará.
Longe da terra amada,
Serei sempre ave arribada
Voando tentando voltar.

Poema publicado originalmente no jornal O Povo de Fortaleza-Ce

terça-feira, 6 de outubro de 2009

MULHERES NO ENCONTRO DE POETAS E RODAS DE CANTORIA


“Encontro com Poetas Populares e Rodas de Cantoria” recebe Dalinha Catunda, Maria Rosário e a Madrinha Mena na Academia Brasileira de Literatura de Cordel



No próximo sábado - dia 10 de Outubro, a partir das 16h, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, no projeto “Encontro com Poetas Populares e Rodas de Cantoria”, apresenta a atração “A produção feminina na Literatura de Cordel”. O encontro contará com as Cordelistas Dalinha Catunda, Maria do Rosário e a Violeira Mena - a madrinha dos poetas.





As poetas cordelistas falarão, em prosa e versos, do ingresso da mulher nas rodas de cantoria, no mundo do cordel e nos lugares antes só ocupados por homens. Tudo isso entremeado com a voz e o violão de Madrinha Mena.





O objetivo é contemplar produções voltadas à literatura de cordel, que desempenha o papel de refletir problemas populares e as suas contradições estruturais, circulando assim como elemento de ligação entre diversos grupos sociais. Entendida como arte, a literatura de cordel persiste no imaginário do povo brasileiro, divertindo-o, fazendo-o pensar, contestar e, acima de tudo, representando-o na sua forma mais rica que é a cultura. O projeto, por isso mesmo, foi criado nessa perspectiva de continuidade e de futuro, a fim de construir e democratizar o saber popular.



Outras informações sobre a programação podem ser encontradas no Site da ABLC (www.ablc.com.br) e no Blog (www.encontrocompoetas.blogspot.com). A Academia Brasileira de Literatura de Cordel fica na Rua Leopoldo Fróes, nº 37 - Santa Teresa. Vale lembrar que a entrada é franca.

domingo, 4 de outubro de 2009

O CANCÃO DA FLORESTA


Foto e Texto de Dalinha Catunda

O CANCÃO DA FLORESTA

_ Venha cá dona Maria,
Venha logo me contar,
A história do cancão,
Que vive a lhe aperrear.
Come os ovos das galinhas,
De raiva quer lhe matar.

_ Minha filha esse bicho,
Parece pintura do cão.
Só deixa no meu terreiro,
Ovo furado no chão.
Eu falto é morrer de raiva,
Com esse maldito cancão.

Era assim que eu ouvia,
As queixas de dona Maria,
E sonhava em conhecer,
O cancão que os ovos comia,
Mas o bicho era esperto,
Se via gente sumia.

Um dia eu tive a sorte
De cruzar com o cancão.
Em cima de uma goiabeira,
E foi grande a satisfação.
Pois fotografei a tal Ave
Tão falada em meu sertão.


Dia 05 de outubro é o dia da AVE, por isso estou homenageando essa ave tão admirada em meu sertão.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CRIANÇA DO INTERIOR


Crianças brincando no rio que passa dentro do meu sítio em Ipueiras-Ceará.
Texto e foto de Dalinha Catunda

CRIANÇA DO INTERIOR

Dalinha Catunda
.
Foi-se o tempo que criança,
Brincava de bola e boneca.
Brincava de cabra Cega,
De casinha e de peteca.
Brincava de pular corda,
E nas brincadeiras de roda
Cantava a Sinhá Marreca.
.
Menino jogava bila.
Também soltava pião.
Vi muito pião rodando,
No chão e na palma da mão
Assim eram as brincadeiras,
Em minha saudosa Ipueiras,
Meu recanto, meu sertão.
.
Papagaios coloriam
Aquele céu do sertão.
Menino pra todo lado
Com sua pipa na mão.
Correndo pela cidade
Cheios de felicidade
Mesmo de pé no chão.
.
Fui criança do interior,
Criada bem à vontade.
Tenho pena de meus filhos,
Os filhos da grande cidade!
Que não tiveram essa alegria,
Nem viveram a mesma magia,
Só condomínio com grades.
.
Dalinha Catunda

terça-feira, 29 de setembro de 2009

SAIAS NO CORDEL


Foto do acervo do blog.
Gonçalo Ferreira da Silva (Presidente da ABLC),Dalinha Catunda (Cordelista) e Mena, (Madrinha dos poetas cordelistas)

SAIAS NO CORDEL
1
Sou poeta cordelista
Nascida lá no sertão.
Ipueiras  minha terra,
Ceará é meu rincão.
Adoro ser nordestina.
Levo comigo uma sina,
Amar meu agreste chão.
2
Minha mãe fazia versos,
Gostava de declamar.
Foi professora primária,
Com ela aprendi rimar.
Ter gosto pela cultura,
Gostar da literatura,
E o velho cordel amar.
3
Assim eu me fiz mulher
Abraçando a poesia.
Meu mundo era encantado
Era cheio de magia.
Talvez um pouco irreal.
Mas para mim ideal,
Porque era o que eu queria.
4
A mulher abriu caminhos,
Difíceis de percorrer.
Enfiou os pés na estrada.
Pra demonstrar seu saber.
Foi bem grande a sua luta
Porém ficar sempre oculta
Impossível conceber.
5
Pois durante muito tempo
Fomos só inspiração.
A musa que os poetas,
Traziam no coração.
Sonhávamos ter um dia
A popular poesia
Com farta publicação
6
Não estou insinuando
Que a mulher não atuava.
Ela já fazia versos
Apenas não publicava.
Mostrava sua alegria
Nas rodas de cantoria
E os aplausos conquistava.
7
Embora houvesse machismo,
A mulher se aventurou,
Mesmo sendo analfabeta,
Entrou na roda e cantou
Sem ligar pro: ora veja!
E de peleja em peleja
O homem desafiou.
8
Foi no livro “Cantadores”
Pra minha satisfação
Que conheci cantadoras.
Uma chamou-me atenção
Por ser bem mais animada,
E cheia de presepada,
Zefinha do Chabocão!
9
E pelo Nordeste afora,
Em roda de cantoria,
Rita Medeiros cantava,
Chica Barrosa se via.
Maria Tebana também
Cantava e cantava bem
Mulher que se garantia.
10
Quando a mulher decidiu,
Por imprimir seu cordel.
Foi um nome masculino,
Que ela botou no papel.
Essas pobres criaturas,
Sofriam com as torturas,
Do patriarcado cruel.
11
Mas tudo modificou,
Hoje a coisa é diferente.
O cordel está em festa
E a mulherada presente.
Homem agora é parceiro
Até virou companheiro,
No cordel e no repente.
12
Atualmente as cordelistas,
Assumem o seu lugar.
Na Bahia, Pernambuco,
Isso eu posso assegurar.
O Nordeste brasileiro,
Há muito virou celeiro,
De mulheres a versar.
13
No Ceará, Paraíba,
A mulher faz poesia.
Temos lá em Juazeiro,
Uma Salete Maria.
Que audaz em sua meta,
Tem a postura correta,
Desbancando a hipocrisia.
14
Na Paraíba nós temos,
A Nelcimá de Morais.
Boa mestra e cordelista.
Engajada até demais.
Ela pesquisa em cordel,
A mulher e seu papel,
Em tempos medievais.
15
Temos Josenir Lacerda,
E Bastinha Job é fato,
As duas são pioneiras
Da academia do Crato.
Carregam com devoção
O cordel no coração,
Dão a cultura um bom trato.
16
E tem Maísa Miranda,
Na safra lá da Bahia.
Temos a Ilza Bezerra
Recebendo honraria.
O cordel está crescendo
A mulher aparecendo,
Como o momento pedia.
17
Muitas mulheres atuam
Neste mundo do cordel.
Ativas também anônimas
Respeito cada papel.
Mas pra falar a verdade,
Rasgar o véu da maldade
Só ampliando o painel.
18
Pesquisadores procuram,
A nossa arte revelar
O cordel de boca em boca.
Já chega a todo lugar.
Agora com internet
Esta obra do Nordeste.
Ficará mais popular.
19
Eu sempre fui inquieta
E cheia de novidade.
Enxerida como que!
Para falar a verdade.
Amigada com cordel,
Faço dele meu corcel,
Pra minha felicidade.
20
Eu sou Dalinha Catunda,
Não foi minha intenção,
Sobre o cordel feminino,
Fazer vasta explanação.
Só um modesto recado:
É que se abra o mercado
Para nossa produção.
*
Cordel e foto de Dalinha Catunda
cordel editado em 2009