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domingo, 11 de janeiro de 2009

RAINHA DA RAPADURA


RAINHA DA RAPADURA
*
Não eram nem cinco horas,
Foi quando o galo cantou.
O canto de outros galos
A aurora despertou,
Um coro de passarinhos
Cantando o dia saudou.
*
Na rede me espreguicei
Na trempe o café cheirou.
Juntei os pés levantei,
A barra me arrebatou,
E agradeci pelo dia,
Que a natureza ofertou.
*
Um alpendre, uma rede,
O amanhecer no sertão,
Um velho rádio tocando
Luiz o Rei do Baião
Não é apenas saudade
Que trago no coração.
*
Pois eu tenho meu ranchinho,
Por ele tenho paixão.
Rainha da rapadura
Me sinto naquele chão.
E quando a saudade aperta
Eu volto pro meu sertão.
*
Esse rancho meu amigo,
Fica na minha Ipueiras.
Pras bandas do Ceará,
Onde volto às carreiras
Pra ver o vento brincando
Por entre as carnaubeiras.
*
Quando a lua se inclina
E se esconde atrás da serra,
Totalmente embevecida
Dou vivas a minha terra,
Que sempre ao meu olhar
Enorme beleza encerra.
*

Versos de Dalinha Catunda

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

MINHAS BONECAS DE PANO



MINHAS BONECAS DE PANO

Nascida e criada no interior fui uma menina feliz vivendo na simplicidade que envolve as pequenas cidades. Na memória preservo as inesquecíveis e marcantes lembranças.

Nunca me rebelei contra os singelos brinquedos feitos artesanalmente com os quais eu brincava, até porque, não tinha como compará-los aos brinquedos mais sofisticados que só mais tarde cheguei a conhecer.

Éramos uma família de oito irmãos. Cinco homens e três mulheres. Nossos brinquedos não eram comprados em lojas, e sim, no meio da feira. Quando muito, em alguma bodega, outros eram feitos em casa mesmo.

Os brinquedos dos meninos eram: carrinhos feitos de madeira e lata de óleo. Ajudei muito meus irmãos a carregar os caminhões com caixas de fósforo. Cavalo de pau feito do talo de carnaúba, pião! Eu era fascinada por pião, até aprendi como soltar, mesmo sendo brincadeira de menino. Também gostava de soltar carrapeta, um brinquedinho improvisado que qualquer “menino do buchão” sabia fazer. E ainda me metia a soltar papagaio e nas peladas com bola de meia.

Nós meninas, tínhamos as panelinhas de barro, com elas brincávamos de fazer comidinhas, mas meu chamego maior era com as inesquecíveis bonecas de pano.

Até hoje tenho uma verdadeira paixão pelas bonecas de pano. E não esqueço, na feira que acontecia aos sábados em Ipueiras, Dona Delfina, uma senhora que vendia verduras em grandes cuias, trazia sempre uma cuia especial, era uma imensa cuia lotada de bonequinhas de pano. As bonecas com suas roupas coloridas deixavam-me encantada.

Guardo com muito carinho três bonecas, feitas pelas filhas de dona Delfina, que aprenderam o oficio com a mãe. Comigo elas estão a mais ou menos dez anos. Hoje resolvi tirá-las do armário, fotografá-las dividir com vocês o que para mim é relíquia.

Saí do meu interior, porém, jamais permiti que meu interior saísse de mim. Gosto de exercitar os antigos costumes e sempre serei mais rural do que urbana.

Texto e foto de Dalinha Catunda

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

UMA PAUSA PARA UMA TROVA


TROVA

Se quiser ser meu amor,
E seguir o meu caminho,
Saiba que sou perfumada,
Mas também tenho espinhos.

Imagem:geocities.com

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

RITO DE PASSAGEM



Rito de passagem

Dalinha Catunda

Vaqueiro bom de montaria.
Ela uma rês vadia,
Solta no agreste sertão.

Vivendo na mira do laço,
Um dia sem embaraço,
Será lançada ao chão.

Bezerra... quase novilha,
Cevada, que maravilha!
Chegara a ocasião.

O hábil vaqueiro ciente,
Que é hora de ferro quente,
Marca a novilha então.

Imagem retirada do amazonvaquejada.com.br