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quinta-feira, 31 de julho de 2008

Receita de Baião-de-dois


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Receita de Baião-de-dois

Se você for ao Nordeste,
Lá pras bandas do Ceará
Uma comidinha típica
Quero lhe apresentar
É o nosso baião-de-dois
Garanto que vai gostar.

É um saboroso prato,
Que vale a pena provar,
Tem uma receita simples
Até posso lhe ensinar
Pois comi muito baião
E aprendi a preparar.

Pegue o feijão de corda,
Sendo verde ou maduro.
Cozinhe numa panela,
Não deixe mole nem duro.
Estando cozido e inteiro,
Fica bom lhe asseguro.

Numa panela a parte,
Refoga com alho o arroz.
Estando bem refogado,
Jogue o feijão depois.
Em seguida ponha água
Que baste ao baião-de-dois.

Não esqueça de refogar
Com a manteiga da terra.
Pedaços de queijo de coalho
Quem usa a receita não erra.
Coentro use a vontade,
E assim a receita encerra.

O queijo e o coentro
Entram na parte final.
Se souber acertar o ponto
É um prato sem igual.
Se você for bem guloso,
Vai comer de passar mal.

Esta comida simples
É o xodó do meu sertão
Dela come o pobre o rico,
O empregado e o patrão
Garanto que nem doido,
Dispensa o nosso baião.

O cearense deixa seu lar
Mas leva no coração,
Os sabores de sua terra,
Que é sua maior paixão.
Não esquece a rapadura,
Queijo de coalho e baião.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Isa Catunda de Pinho


Foto do meu acervo. Tia Isa e meu filho Luis Henrique

Isa Catunda de Pinho

Um Ícone a ser lembrado

Da união de Antonio Bezerra de Pinho e Rosina Catunda de Pinho, nasceram Expedito, Ludovico e Piragibe. No meio dessa família essencialmente masculina, despontara, fazendo história, Isa Catunda de Pinho.

Quem não se lembra da antiga professora que, ao contrário das severas mestras, optava pela palavra ao invés da palmatória. Era o seu tempo o das caligrafias, letras bonitas, que primeiro aprendíamos a cobri-las para depois nos atrevermos a desenhá-las.

Mulher de farta leitura e sem egoísmo, de uma memória extraordinária. Cada romance que lia, era contado por ela, na boca da noite, nas calçadas das Ipueiras. Não sem antes nos dizer quem era o autor. Assim conheci José de Alencar, com seu “Tronco do Ipê”, Juvenal Galeno com Sua “Jangada de Velas”, Gonçalves Dias com a “Canção do Exílio e tantos outros.

Professora de valores renomados de nossa terra que hoje se destacam em diferentes áreas e a reconhecem como um exemplo a ser seguido e citado.

Catequista a preparar crianças para primeira comunhão. Beata a freqüentar igreja todos os dias nos finais de tarde. Dela herdei um santuário (ou oratório) que, certamente, tem mais de cem anos. E, junto com ele, ela me ofertou a imagem do menino Jesus de Praga.

Reafirmo, porém, que a herança maior que ela me deixou foi o gosto pelos livros. o que me levou a escrever e contar histórias seguindo seu exemplo.

A imagem mais marcante que tenho da titia é de seu ritual dos finais de tarde.
Sempre muito limpa, cheirando a talco e sabonete, ela se dirigia para a igreja matriz, com terço e missal nas mãos. E com uma elegância e a altivez peculiar dos Catundas.

Minha Tia lamentou e chorou, a vida inteira, a morte de um namorado assassinado. E lamentou os amores que não pôde viver. Dizia-me que não teve sorte no amor. Daí certamente sua entrega maior a um Deus que ela soube amar acima de todas as coisas.

Com um coração enorme, abraçou todas as crianças que lhe erguiam os braços. Gentil e educada, fez uma legião de admiradores, que hoje choram sua partida e guardam, com carinho e respeito, sua memória, exaltando seus feitos.

Deus, certamente, agradecido a esta filha que pregou sua palavra, rezou e cantou em seu louvor. Escolheu o dia 20 de julho, o dia do amigo - o dia internacional da amizade - para abrir suas portas e recebê-la de braços abertos em pleno domingo, dia de descanso e orações.

Descanse em paz, titia!