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terça-feira, 29 de julho de 2008

Isa Catunda de Pinho


Foto do meu acervo. Tia Isa e meu filho Luis Henrique

Isa Catunda de Pinho

Um Ícone a ser lembrado

Da união de Antonio Bezerra de Pinho e Rosina Catunda de Pinho, nasceram Expedito, Ludovico e Piragibe. No meio dessa família essencialmente masculina, despontara, fazendo história, Isa Catunda de Pinho.

Quem não se lembra da antiga professora que, ao contrário das severas mestras, optava pela palavra ao invés da palmatória. Era o seu tempo o das caligrafias, letras bonitas, que primeiro aprendíamos a cobri-las para depois nos atrevermos a desenhá-las.

Mulher de farta leitura e sem egoísmo, de uma memória extraordinária. Cada romance que lia, era contado por ela, na boca da noite, nas calçadas das Ipueiras. Não sem antes nos dizer quem era o autor. Assim conheci José de Alencar, com seu “Tronco do Ipê”, Juvenal Galeno com Sua “Jangada de Velas”, Gonçalves Dias com a “Canção do Exílio e tantos outros.

Professora de valores renomados de nossa terra que hoje se destacam em diferentes áreas e a reconhecem como um exemplo a ser seguido e citado.

Catequista a preparar crianças para primeira comunhão. Beata a freqüentar igreja todos os dias nos finais de tarde. Dela herdei um santuário (ou oratório) que, certamente, tem mais de cem anos. E, junto com ele, ela me ofertou a imagem do menino Jesus de Praga.

Reafirmo, porém, que a herança maior que ela me deixou foi o gosto pelos livros. o que me levou a escrever e contar histórias seguindo seu exemplo.

A imagem mais marcante que tenho da titia é de seu ritual dos finais de tarde.
Sempre muito limpa, cheirando a talco e sabonete, ela se dirigia para a igreja matriz, com terço e missal nas mãos. E com uma elegância e a altivez peculiar dos Catundas.

Minha Tia lamentou e chorou, a vida inteira, a morte de um namorado assassinado. E lamentou os amores que não pôde viver. Dizia-me que não teve sorte no amor. Daí certamente sua entrega maior a um Deus que ela soube amar acima de todas as coisas.

Com um coração enorme, abraçou todas as crianças que lhe erguiam os braços. Gentil e educada, fez uma legião de admiradores, que hoje choram sua partida e guardam, com carinho e respeito, sua memória, exaltando seus feitos.

Deus, certamente, agradecido a esta filha que pregou sua palavra, rezou e cantou em seu louvor. Escolheu o dia 20 de julho, o dia do amigo - o dia internacional da amizade - para abrir suas portas e recebê-la de braços abertos em pleno domingo, dia de descanso e orações.

Descanse em paz, titia!

6 comentários:

Jean Kleber disse...

A homenagem de Dalinha já era esperada por todos nós. Linda em suas palavras e em seu sentimento. D. Isa merece todas as nossas homenagens.

Anônimo disse...

Linda homenagem Dalinha, vc soube captar muito bem o sentimento e a grandeza do coração de sua querida tia e estimada por todos que outrora a conheceram. Vejo D. Isa como a estrela mais brilhosa do firmamento e que escolheu Ipueiras para iluminar a todos nós com seu brilho e finalmente retorna a Pátria espiritual com a certeza de que cumpriu a sua missão aqui com muito mas muuuito amor no coração.
Lembro-me que quando a revisitei após 13 anos sem ir a minha
cidade, ela me falou de seu grande amor, que por sinal era meu tio irmão de meu pai, ele se chamava Raimundo Mourão e tendo ido embora para o Amazonas, prometeu voltar um dia para buscá-la, mas acabou morrendo por lá. Daí eu consegui com meu primo Carlos aqui em Brasilia uma foto de meu tio e a próxima ida a Ipueiras levei esta foto em um quadro, que a deixou muito feliz e ficava sempre em seu quarto a seu lado. Um dia faremos uma homenagem a altura desta grande estrela nossa querida Tia Isa. Muita paz, muita luz e até breve.
Teresinha Mourão

Anônimo disse...

Os sentimentos muitas vezes são difíceis de ser capturados e posto num texto. Dalinha ao alongar sua narrativa soube capturá-los e fazer à Tia Isa uma bela, sentida e marcante homenagem. O amor , a gratidão e o carinho ficam e acompanham ao mesmo tempo àqueles a quem amamamos e partiram. Um digno e tocante trabalho.

Anônimo disse...

Amiga sinto por você e pela nossa Titia que partiu, mas nos nossos corações a lembraça fará sempre presente este anjo que foi Tia Isa.

Lurdinha

Anônimo disse...

DALINHA,
MERECIDA HOMENAGEM À D. ISA CATUNDA QUE CERTAMENTE ESTA A DESTRA DE DEUS E A CONVERSAR COM O SENHOR JESUS NESTE MOMENTO.

ALEXANDRE HERCULANO.

Dalinha Catunda disse...

Amigos,
Agradeço a vocês cada palavra dirigida a minha Tia. Sei que o tempo passa, e o esquecimento muitos vezes é maior que os feitos de um ser nesta terra. Porém, sendo cria de minha Tia, que ensinou-me muito do que sei. Lutarei para avivar sempre a lembrança de minha Tia, em meus textos, e certamente numa homenagem mas concreta que no futuro farei.
Meu muito obrigada e meu carinho a todos.
Dalinha