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segunda-feira, 23 de junho de 2008

FESTAS JUNINAS

FESTAS JUNINAS

É o mês de junho Chegando
Mudando a cor do sertão.
Sertanejos fervorosos,
Demonstram sua devoção.
Fazem festa para São Pedro,
Santo Antônio e São João.

O “arraia” é enfeitado
com bandeiras multicor.
Aluá, cachaça e quentão,
Dão a festa aroma e sabor.
Fogos fogueira e fagulhas,
Encanto, magia e fulgor.

Batata doce e macaxeira,
Pé-de-moleque e canjica,
Pamonha e milho verde,
Sem provar ninguém fica.
É o gosto Nordestino,
e fartura em mesa rica.

A quadrilha ensaiada.
Gritador está de plantão.
Sanfoneiro puxa o fole,
Começando a animação.
O noivo não quer casar,
Mas não tem outra opção.

“ Olha pro céu meu amor,
veja como ele está lindo”.
Velhas canções embalam,
As paixões que vão surgindo.
Transformando os mais antigos,
Em sonhadores meninos.

É quadrilha e casamento,
Fogueira e animação,
Cantiga, bebida e comida
Dando cor as tradições
É o sinal de fumaça,
Reunindo multidões.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

APELO A SANTO ANTÔNIO


Foto retirada do blog hippopotamo.blogspot


Apelo a Santo Antônio

Meu Santinho de Portugal,
Meu Santo Antonio de Pádua,
Arranje-me um matrimônio
Livre-me dessa peleja árdua.

Já fiz mais de mil simpatias,
Confesso que foi em vão,
Continua desocupado,
Um lado do meu colchão.

E olhe, que nem fui exigente,
Em minha reivindicação.
Nem precisaria que fosse,
Um considerável cidadão.

Que fosse pouco rodado,
É claro que eu gostaria.
Se o motorzinho funcionar
Nem ligo para a lataria.

Se só pegar no arranco,
Não tem importância não,
Estou até dispensando
Bom estado de conservação.

O meu caso é de urgência,
Urgentíssima, sim senhor.
Interceda junto a Deus
Eu lhe rogo, por favor!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Parabéns aos que cultivam os sonhos e o namoro.


Foto retirada do: blogthings.com

Namorados

No baile música e dança.
No salão a magia reinou.
De dois olhos enamorados,
Início de um grande amor.

Nas mãos trazia uma rosa.
No olhar promessa de amor.
Numa coragem fingida
A tal rosa me ofertou

Sem uma palavra sequer,
Estendeu-me sua mão.
Levada por seus passos
Fui dama feliz no salão

Foi uma noite tão mágica,
Repleta de esplendor
Mesmo batendo meia-noite,
O sonho não se acabou.

No final do baile, felizes,
Saímos de mãos dadas,
Após olhares e flertes
Era eu sua namorada.

Acho que nem existe mais,
Nos moderninhos namoros,
Bilhetinhos perfumados,
Mãos dadas, sorriso e choros.

terça-feira, 10 de junho de 2008

TRAMA E TEIA


Foto retirada do site selec.mt.gov.br/arquivos/A32d381260dd1ed3
Poema publicado Originalmente no Jornal O Povo, de Fortaleza -Ce.

Trama e teia

Chegou feito vaqueiro,
que pega a rês no laço.
Mesmo que esperneasse,
estava presa em seus braços.

Rendí-me a sua firmeza,
e a rústica maneira de ser.
Com gosto de tango argentino,
dancei forró pra valer.

Éramos um par perfeito,
girando pelo salão.
Recostada ao seu peito,
sentia seu coração.

Por entre meu corpo escorria,
dele, a transpiração.
Dilatando-me as narinas,
invadindo-me os pulmões.

O encanto acontecia,
com a força da lua cheia.
Eu, na trama envolvida,
e ele, em minha teia.

domingo, 8 de junho de 2008

Namoro à Antiga


Foto:imagens.kboing.com.br/papelparede/7239.jpg
Poesia publicada originalmente no Jornal O Povo de Fortaleza-Ce

Namoro à Antiga

Quando nos conhecemos
Era eu, uma flor em botão,
Você um quase menino,
Pleiteando meu coração.

Quase afundou minha rua,
De tanto passar por lá,
Olhava-me e até piscava,
Sem coragem de chegar.

Quantas dificuldades,
Imagine a emoção,
Até ficar lado a lado,
E pegar em minha mão.

Foram cartas e bilhetes,
Recados pelos amigos,
No rádio canções ofertadas,
Encantavam-me os ouvidos.

Depois da primeira dança,
Pintava o primeiro beijo,
E nós, jovens adolescentes,
Embalávamos os desejos.

Surgiam então as brigas,
Como era de costume,
E o choro dos namorados,
Em nome do velho ciúme.

Depois do vendaval,
Alegria e reconciliação,
As brigas só temperavam,
O amor e a paixão.

Hoje é tudo tão fácil,
E um tanto sem sabor
A mulher já não é caça,
Nem o homem caçador.

Ficar é a pedida,
Foram-se os rituais.
Namoro à moda antiga,
Com certeza nunca mais.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

AÇUDE DO PAI MANÉ


Poema publicado originalmente no "O Povo" jornal de Fortaleza.
Foto do acervo de Dalinha Catunda.
Na foto apareço entre meus gansos, as margens do açude, no sitio de minha propriedade no lugarejo chamado Pai Mané.

AÇUDE DO PAI MANÉ

Pai Mané tua lembrança
Hoje me faz sofrer.
Na beira do teu açude
Nem via o tempo correr.

Quantas vezes o meu rosto,
Em tuas águas eu via,
E me sentia a Mãe-d’água,
Que de tuas águas surgia.

Marrecos e viuvinhas,
Passavam por mim a voar.
As lavadeiras de roupas,
Nas pedras a cantarolar.

Me dá um nó na garganta,
As lágrimas começam a brotar.
Quando escuto alguém falar,
Que o Pai Mané vai sangrar.

Sangrando está o meu peito
Num vale de lágrimas e dor.
Chorando e sentindo saudades,
Do tempo bom que passou.

terça-feira, 3 de junho de 2008

ERA UMA VEZ UMA TIMBAUBEIRA


Foto:flickr.com

Era uma Vez uma Timbaubeira

Hoje quem sai de Ipueiras e pega a estrada da Floresta rumo aos lugarejos: Chico Pereira e Arroz, não encontra mais a exuberante timbaubeira que encantava os olhos daqueles que por ali passavam.

Bem na encruzilhada, exibindo seu viço, seu verde e seu imenso tronco, o pé de timbaúba viveu por mais de trinta anos até que a fome de um machado inclemente a transformasse em reles troncos jogados ao chão.

Quantas vezes no alpendre da casa grande, que ficava ao lado, deitada numa rede, presenciei o espetáculo divino da lua nascendo por detrás de suas folhagens.Quantas vezes o canto dos pássaros que ali pousavam fazendo seus ninhos, encantaram-me os ouvidos e quantas vezes vi montarias amarradas ao seu tronco, daqueles que por ali passavam para um cafezinho ou um copo d’água.

Só que essa timbaubeira, não nasceu do nada. Não eclodiu, não brotou sozinha. Não. Essa timbaubeira foi uma mudinha, plantada por um menino chamado Vilmar, num chão duro, seco, terra de barro vermelho onde a difícil brotação é uma verdade.

Esse mesmo menino, muito jovem mudou-se para Brasília. Entre trancos e barrancos, na dureza de um chão vermelho, também plantou sua vida. E, apesar dos golpes do destino, consegui colher frutos maravilhosos que hoje dão sabor e sentido a sua existência.

Cada vez que ele voltava a sua terra sentia orgulho de sua façanha. Aquela árvore ali plantada, era a prova viva da resistência do nordestino, que sobrevive a calamidade das secas e consegue fazer ninhos em outras paragens sem esquecer suas raízes. Ali, ele, estava plantado, ali, ele escrevera sua história, que hoje contará picotada aos seus filhos.

No último janeiro Vilmar viu sua árvore alegre e fagueira brincando ao vento, outros janeiros certamente virão, mas o pé de Timbaúba, marco em sua vida, virá apenas na lembrança.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

A MORTE DA INGAZEIRA


Foto Colhida no:amm.org.br

A Morte da Ingazeira

Às margens do rio Pai Mané
Soberana e altaneira,
Em meio a tantas árvores
Destacava-se uma ingazeira.

Sua beleza era tanta
Que roubava a atenção
Daqueles que passavam
Por aquela região.

O meu olhar encantado,
Admirava sem cansar
A obra da natureza
Ornamentando o lugar

Passei algum tempo fora
Mas dela nunca esqueci
Quando voltei a cidade,
P’ra revê-la então corri

Qual não foi minha tristeza,
Qual não foi minha agonia,
Em vez da árvore frondosa,
apenas um esqueleto havia

Aquele esqueleto é o símbolo,
Da farta destruição,
Motivada pelas queimadas,
Prática em nosso sertão.

domingo, 1 de junho de 2008

LEITO DE AMOR


Foto do acervo de Bérgson Frota

LEITO DE AMOR

Livrei-me do excesso de roupas
Seminua te encarei.
Não contendo a saudade,
Em teu leito me joguei.

Entreguei-me aos teus carinhos
Chegando a flutuar,
Relembrei quando solícito,
Corrias a me banhar.

Às vezes vinhas tão manso,
Apenas me conduzias.
Encantava-me os rumores,
E o ritmo que imprimias.

Saudades tenho do ímpeto,
Que tinhas em certa estação,
Afoita te provocava,
Provocado jogava-me ao chão.

Um dia embravecera,
Jogando-me num lajedo...
Cobriu-me! Apavorei-me,
Mas logo perdi o medo.

A minha história e a dele
É um grande caso de amor.
Ainda cultivo saudades
Do rio que me banhou.

Toda vez que reencontro
O meu querido Jatobá
Resgato em mim a menina.
Que me alegra o caminhar.