COBRA CRIADA
1
Dou um boi pra não entrar,
Uma boiada pra não sair.
Escorrego mas não caio
Porém levanto se cair.
Com gente desaforada,
Eu vou na mesma toada
Se prepare pra ouvir.
2
Você me chamou de cobra
E chamou sem precisão.
Não meta mão em urtiga,
Nem folha de cansanção.
Pois quando fico irada
E com a língua afiada
Moleza eu não dou não.
3
Veneno deixei na folha,
Mas posso ir lá buscar.
Basta escutar latidos,
Querendo me provocar.
Não me assustam cadelas
Não vou pular a janela
Com pau eu vou encarar.
4
Medo de égua coiceira
Não tenho, nunca vou ter.
Relinche bem à vontade,
Não pense que vou correr.
Pode ciscar no meu chão,
Pintar, bordar feito cão,
De medo não vou morrer.
5
Você assanhou inchuí,
Botou pé em formigueiro.
Andou cutucando onça,
E vou lhe dizer ligeiro:
Foi com a vara pequena...
Será que valeu a pena?
Ô imprudente toupeira!
6
Não pense que vou engolir
Teu pretenso desaforo,
Pra mim tu tá no brejo
És uma vaca sem touro.
Vá ruminar noutro canto
Pois não me causa espanto
Os teus chifres nem teu couro
7
Se eu sou uma jararaca
Tu também és peçonhenta.
Se tu tens fogo no rabo,
Tenho cabelos nas ventas.
Então não perca o juízo
Cascavel de tantos guizos,
Toma tino! Te orienta!
8
Me chamas de jararaca,
Às vezes sou doce mel.
Isso, quando não esbarro,
Em loca de cascavel,
Em mula desembestada,
Correndo pelas estradas
Viçando atrás de corcel.
9
Te chamar de cascavel
É ofender a serpente.
Porque no meu conceito,
Tu não és cria de gente
È jumenta batizada,
Daquelas bem descaradas
Do cão não és diferente.
10
Agora peço licença,
E não me leve a mal.
Não quero galinha velha
Ciscando em meu quintal
Cacareje noutro canto
Pois aqui eu lhe espanto
Não quero nem seu sinal.
11
Mas vale um mau acordo,
Do que uma boa briga.
Mas tu és desatinada
E gosta de uma intriga.
E quando quer ser cruel
Desempenha bom papel,
A ser igual me obriga.
12
Posso não ser jararaca,
Mas sou cobra criada.
Meu bote é certeiro,
Fuja da minha estrada.
Vá engrossar as canelas
Cuidar das suas panelas,
Saracura abestada.
13
Achou que me ofendendo
Faria um bonito papel?
Aproveitei foi sua deixa
Pra fazer mais um cordel!
E gostei da ladainha
Pois sou abelha Dalinha
Usando ferrão e mel
14
Aqui fico sem delongas,
Ô rastejante serpente,
Oferto-te estes versos,
Produto de minha mente
Não fujo nunca da raia
Eu rodo mesmo é a saia,
Se puder, me agüente!
15
Quem quiser brigar comigo,
Não vou desaconselhar.
Mas vou logo avisando,
Barato não vou deixar.
Não sou de procurar rinha,
Mas quem vier na minha
Sem penas há de ficar.
1
Dou um boi pra não entrar,
Uma boiada pra não sair.
Escorrego mas não caio
Porém levanto se cair.
Com gente desaforada,
Eu vou na mesma toada
Se prepare pra ouvir.
2
Você me chamou de cobra
E chamou sem precisão.
Não meta mão em urtiga,
Nem folha de cansanção.
Pois quando fico irada
E com a língua afiada
Moleza eu não dou não.
3
Veneno deixei na folha,
Mas posso ir lá buscar.
Basta escutar latidos,
Querendo me provocar.
Não me assustam cadelas
Não vou pular a janela
Com pau eu vou encarar.
4
Medo de égua coiceira
Não tenho, nunca vou ter.
Relinche bem à vontade,
Não pense que vou correr.
Pode ciscar no meu chão,
Pintar, bordar feito cão,
De medo não vou morrer.
5
Você assanhou inchuí,
Botou pé em formigueiro.
Andou cutucando onça,
E vou lhe dizer ligeiro:
Foi com a vara pequena...
Será que valeu a pena?
Ô imprudente toupeira!
6
Não pense que vou engolir
Teu pretenso desaforo,
Pra mim tu tá no brejo
És uma vaca sem touro.
Vá ruminar noutro canto
Pois não me causa espanto
Os teus chifres nem teu couro
7
Se eu sou uma jararaca
Tu também és peçonhenta.
Se tu tens fogo no rabo,
Tenho cabelos nas ventas.
Então não perca o juízo
Cascavel de tantos guizos,
Toma tino! Te orienta!
8
Me chamas de jararaca,
Às vezes sou doce mel.
Isso, quando não esbarro,
Em loca de cascavel,
Em mula desembestada,
Correndo pelas estradas
Viçando atrás de corcel.
9
Te chamar de cascavel
É ofender a serpente.
Porque no meu conceito,
Tu não és cria de gente
È jumenta batizada,
Daquelas bem descaradas
Do cão não és diferente.
10
Agora peço licença,
E não me leve a mal.
Não quero galinha velha
Ciscando em meu quintal
Cacareje noutro canto
Pois aqui eu lhe espanto
Não quero nem seu sinal.
11
Mas vale um mau acordo,
Do que uma boa briga.
Mas tu és desatinada
E gosta de uma intriga.
E quando quer ser cruel
Desempenha bom papel,
A ser igual me obriga.
12
Posso não ser jararaca,
Mas sou cobra criada.
Meu bote é certeiro,
Fuja da minha estrada.
Vá engrossar as canelas
Cuidar das suas panelas,
Saracura abestada.
13
Achou que me ofendendo
Faria um bonito papel?
Aproveitei foi sua deixa
Pra fazer mais um cordel!
E gostei da ladainha
Pois sou abelha Dalinha
Usando ferrão e mel
14
Aqui fico sem delongas,
Ô rastejante serpente,
Oferto-te estes versos,
Produto de minha mente
Não fujo nunca da raia
Eu rodo mesmo é a saia,
Se puder, me agüente!
15
Quem quiser brigar comigo,
Não vou desaconselhar.
Mas vou logo avisando,
Barato não vou deixar.
Não sou de procurar rinha,
Mas quem vier na minha
Sem penas há de ficar.
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Cordel de Dalinha Catunda
10 comentários:
Cuidado com a Dalinha,rsrsr...Lindo,adorei teu cordel!beijos,tudo de bom,chica
HAhahahahahaah M A R A V I L H O S O amiga! Este cordel, se me permite, vou guardá-lo juntinho aos meus sentimentos. Quem o lê logo agradece os versos rimados de Dalinha. Um cordel feito água que lava as nossas indignações.
Beijos nossos, Dalinha!
kkkkkk adorei o cordel amiga. Esta sim, é Dalinha Catunda, que nunca teve medo de nada e enfrenta qualquer parada. Bjos no teu coração.
Terezinha Mourão
Que lindo Cordel Dalinha!
Sou sua fã e agora te seguindo amiga.
Bjs de luz. Goretti.
Oi Dalinha: você quando escrever se alonga na escrita; mas sempre escreve coisa bonita.
Um beijo
Santa Cruz
Adorei o cordel!
Parabéns poetisa!
Beijinhos!
Excelentíssima Senhora Doutora Dona Maria de Lourdes Catunda
Venho, por este meio, despedir-me ad eterno de Vossa Excelência, que tive a ousadia de pensar que era minha ilustríssima Amiga.
Mas, erros meus, má fortuna, andor ardente, a esperança que me enfunava as velas da alegria, esfumou-se, nem tendo chegado a ser como a brisa passageira.
Infeliz que sou, infelizmente, porque a infelicidade é irmã da infidelidade, tomo esta atitude que me deixa em pranto no mais recôndito da minha alma pesarosa.
Não tenho outro caminho. Vossa Excelência Senhora Doutora, com o seu desprezo, deixou-me na escuridão mais profunda e densa, obnubilou-me os sentidos, sentidamente. Homiziado, até. Ostracisado, quiçá.
Perdoe-me Senhora Doutora o tempo - certamente precioso - que lhe roubei. Seu, para sempre, este desditoso que toma a liberdade de enviar a Vossa Excelência o derradeiro queijo, de Serpa
Sem outro assunto,
De V.Ex.ª att. vedor e obgd
Eu próprio, o mesmo
Cobra você não é!
1
Dalinha! não recuperei,
Aqueles versos que fiz
Mas, fiquei tão desolada,
E com a alma infeliz,
Que agora te mando outro,
Mas sem a mesma matriz.
2
Dalinha, você não é cobra,
Cobra, sei, você não é
Se uma cobra você fosse
Que seria essa mulher?
Ela é uma faladeira
E não sabe nem quem é
3
Parece uma cascavel
Ou será uma enguia?
Além de cobra é feia
Valei-me Virgem Maria!
Não tendo o que fazer
Na janela, ela vigia
4
Dia e noite, noite e dia,
De “botuca” na janela
Deixa a panela no fogo,
E a barriga vazia
Coladinha no portal
Todo o tempo ela espia
5
Dia e noite, noite e dia,
Os cotovelos ralados
Ela ainda não notou
Seus olhos esbugalhados
Cheios de maledicências
Só olhando para os lados
6
Tem sempre muitos babados
Pra falar da vida alheia
Acredita nas mentiras
Que sua mente semeia.
Vou deixar essa vizinha,
Cuidando da vida alheia
7
As fofocas que semeia
Não merecem tanto espaço.
Vou então, parando aqui,
Sem criar muito embaraço
Essa mulher fofoqueira,
Inda vai cair no laço.
Parabéns pelo Cordel Dalinha. O cordel é um valioso patrimônio dos nordestinos.
Abraços.
Oi Dalinha!
Hoje vim convidar você para uma visita ao Porto das Crônicas a fim de participar do lançamento do livro do nosso amigo Cesar Cruz - o patrono do blog ‘Os Causos do Cruz’. Acho que unir nossas forças e dar estímulo a um amigo da blogosfera é abrir mais nosso leque de leitores e de incentivo a todos os que escrevem, e que, além de essencial, é um reconhecimento e carinho a todos nós que gostamos de escrever. O post é ‘O Homem Suprimido’.
Beijos e meu carinho.
Tais luso
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