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domingo, 3 de novembro de 2019

AS DELFINAS
Era uma vez uma cidadezinha no interior do Ceará, chamada Ipueiras. Nos arredores dessa cidade, ficava um simpático lugarejo, o Pai Mané, onde só havia sítios. Lá Morava Dona Delfina e suas filhas.
Dona Delfina era verdureira, tinha seus canteiros com coentro e cebolinha. Dali tirava o complemento para o sustento da família.
Em Ipueiras antigamente as feiras só aconteciam aos sábados. E quem fosse ao centro da cidade, nesse dia, encontraria Dona Delfina e as filhas, com suas cuias de verduras.
As crianças da cidade, as vezes acompanhavam as mães, quando essas iam a feira, pois queriam garantir, o bolo manzape, a pitomba, o cajá e o cambucá.
Mas além das guloseimas, só Dona Delfina, encantava as crianças, pois a verdureira, tinha uma cuia especial. Uma Cuia colorida, cheia de bonequinhas de pano que atraia o olhar da meninada, e por ser um mimo barato, as meninas sempre conseguiam levar uma bonequinha para casa.
As bonecas eram conhecidas, como as bonecas das filhas de Dona Delfina. Eram vendidas nas feiras, eram arrematadas nos leilões das novenas e durante muito tempo foram presentes queridos e cobiçados pelas meninas do interior.
Brinquei muito de boneca de pano, fiz muitos vestidinhos para elas, confesso que nunca fiquei, sem uma dessas bonequinhas. Até me arriscava a fazer algumas com as sobras de tecido que minha mãe juntava. Mainha, entre outras atividades, era costureira.
Hoje envolvida com cultura popular, artesanato, poesia, estou exercitando o que herdei do meu povo e repassando as novas gerações o meu conhecimento.
Agora, voltei a brincar de fazer boneca. É uma ocupação que me dá muito prazer. E com todo carinho e respeito por Dona Delfina e suas filhas, batizei minhas bonecas com o nome da verdureira e artesã: AS DELFINAS.
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Fotos e relato de Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com
Idealizadora e gestora do Cantinho da Dalinha  e do Blog Cordel de Saia.

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