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terça-feira, 17 de abril de 2007

SAUDADES DE IPUEIRAS



Saudades de Ipueiras

Ipueiras dos meus tempos,
Como posso não lembrar.
Do Cristo de braços abertos,
Dos banhos no Jatobá.

Dos passeios na avenida,
Dos namoros ao luar.
Da bandinha anunciando,
Os festejos do lugar.

Das mensagens que eu ouvia,
Na rádio Vale do Jatobá.
Quase sempre oferecida,
Por quem dizia me amar.

Das quermesses, das novenas,
Como posso me esquecer.
Do toque da alvorada,
Embalando o amanhecer.

A procissão que passava,
Levando a santa no andor.
E o povo compenetrado,
Cantando em seu louvor.

Ecoa em meus ouvidos,
Saudoso aquele grito.
Do menino que passava,
Com a tábua de pirulitos.

Olha o pirulito! Gritava,
Com sua tábua na mão,
E assim adoçava a infância,
Daqueles tempos de então.

Cadê o seu Zeca Bento,
Com sua calçada cheia?
Cuspindo numa latinha,
Toda forrada de areia.

Era a roda mais famosa,
Que existia em nossa aldeia.
Debatia-se qualquer assunto,
De política a vida alheia.

E o seu Idálio? Era tido
Como o doutor do lugar.
Remédio para o corpo e a alma,
Só ele sabia passar.

Figura saudosa e marcante,
Era o velho Camaral.
Mestre em puxar cordões,
Nos bailes de carnaval.

O carnaval de Ipueiras,
Tinha a sua tradição.
De dia brincavam na rua,
De noite era no salão.

O testamento do Judas,
As fogueiras de São João,
São saudades permanentes,
Juntamente com o chitão.

Quem não chorou ou sorriu,
Na praça da estação,
Esperando o trem que passava,
Levando e trazendo paixão.

Os banhos de açude!
Meu Deus! Que animação.
Às vezes no Pai Mane,
Outras no Lamarão.

Ah! Tempos maravilhosos.
Oh! Doces recordações.
Tempos de seresteiros,
De donzelas, de canções.

8 comentários:

Anônimo disse...

Querida Dalinha!!! Seu blog está maravilhoso!Como é bom ler seus cordéis, poesias e crônicas.

Beijos,
Lu Ló

Jean Kleber disse...

Dalinha,quem, dos que viveram em Ipueiras, não tem saudades de lá? E lendo o que V. escreveu tem mais saudade ainda.
Fiz uma visita hoje e me deliciei. Grande abraço.

Anônimo disse...

Dalinha,
Para nós que nascemos e passamos grande parte de nossa infância e adolecência em Ipueiras, e depois rever tudo isto nesta poesia, é tudo de bom. Obrigada amiga por esta mente brilhante.
Forte abraço

Unknown disse...

Dalinha, você é demais!Insiste com leveza e arte para que nao esquecamos como era a nossa Ipueiras.Nosso povo.
Obrigada por lembrar de meu pai.
Liebe Grüsse,( para combinar com seu blog),Darci

Anônimo disse...

Lucilene Ló, Jean Kleber, Tereza Mourão e Darci, minha felicidade fica maior quando consigo tocar o coração de cada um de vocês.
Obrigada pela cumplicidade
Dalinha Catunda

Anônimo disse...

Dalinha : Os sonhos são como deuses,quando não se acredita mais neles,deixam de existir.Em ti,habitam os deuses que criamos .

Um grande abraço , lembranças mil...

Anônimo disse...

Dalinha linda! Vc não só toca o coração dos ipueirenses como também o dos gauchos e paranaenses. Desse jeito vou acabar me naturalizando ipueirense. Maravilha de poesia!!! Um forte abraço,
Clarisa

Bacardy disse...

“Se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia” (Tolstoi). Dalinda, você é universal.