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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

MINHAS BONECAS DE PANO



MINHAS BONECAS DE PANO

Nascida e criada no interior fui uma menina feliz vivendo na simplicidade que envolve as pequenas cidades. Na memória preservo as inesquecíveis e marcantes lembranças.

Nunca me rebelei contra os singelos brinquedos feitos artesanalmente com os quais eu brincava, até porque, não tinha como compará-los aos brinquedos mais sofisticados que só mais tarde cheguei a conhecer.

Éramos uma família de oito irmãos. Cinco homens e três mulheres. Nossos brinquedos não eram comprados em lojas, e sim, no meio da feira. Quando muito, em alguma bodega, outros eram feitos em casa mesmo.

Os brinquedos dos meninos eram: carrinhos feitos de madeira e lata de óleo. Ajudei muito meus irmãos a carregar os caminhões com caixas de fósforo. Cavalo de pau feito do talo de carnaúba, pião! Eu era fascinada por pião, até aprendi como soltar, mesmo sendo brincadeira de menino. Também gostava de soltar carrapeta, um brinquedinho improvisado que qualquer “menino do buchão” sabia fazer. E ainda me metia a soltar papagaio e nas peladas com bola de meia.

Nós meninas, tínhamos as panelinhas de barro, com elas brincávamos de fazer comidinhas, mas meu chamego maior era com as inesquecíveis bonecas de pano.

Até hoje tenho uma verdadeira paixão pelas bonecas de pano. E não esqueço, na feira que acontecia aos sábados em Ipueiras, Dona Delfina, uma senhora que vendia verduras em grandes cuias, trazia sempre uma cuia especial, era uma imensa cuia lotada de bonequinhas de pano. As bonecas com suas roupas coloridas deixavam-me encantada.

Guardo com muito carinho três bonecas, feitas pelas filhas de dona Delfina, que aprenderam o oficio com a mãe. Comigo elas estão a mais ou menos dez anos. Hoje resolvi tirá-las do armário, fotografá-las dividir com vocês o que para mim é relíquia.

Saí do meu interior, porém, jamais permiti que meu interior saísse de mim. Gosto de exercitar os antigos costumes e sempre serei mais rural do que urbana.

Texto e foto de Dalinha Catunda

5 comentários:

Anônimo disse...

Dalinha você fez recordar minha infancia. Carrinho de lata de óleo, cavalo de talo de carnaúba, soltar pipa e outros. Que beleza, nada de brinquedos eletrônicos, jogos sofisticados e sim uma infância podre mas bem animada e bem vivida.
Um grande abraço.

Oliver Pickwick disse...

Esta é a melhor parte da vida, Dalinha: sair do interior, mas não permitir que o seu interior saia de você.
Tive contato com muitos destes brinquedos de artesanais, de feira. Até eu mesmo já construí alguns.
Um bijo!

Anônimo disse...

Parabéns, Dalinha, por lembrar essas coisas que nós vivemos. Eu também fabricava meus brinquedos e me satisfaziam. Até pensava que fossem os melhores do mundo.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
laura.... disse...

Amei suas bonecas, Dalinha! Um abraço