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segunda-feira, 24 de março de 2014


O JUMENTO FOI MAIS QUE IRMÃO
*
Lá no meu sertão antigo
Já se comia jumento
O bicho era apreciado,
E mesmo sem condimento.
Era no meio da brenha
Que o jegue entrava na lenha
Sem relincho e sem lamento.
*
Um querido amigo meu
Certo dia foi cobrado
Pelo dono da jumenta:
- Se tu tá amancebado
Com a jumenta roxinha
Leve um milho pra bichinha
Ou tem namoro acabado.
*
Dando voz aos seus instintos
Gaiatos tiravam onda,
Certo dia um foi flagrado
Pelo sujeito da ronda
Q’ ouviu na hora do ato:
- Só não lhe dou um sapato
Porque tem pata redonda.
*
Quem comeu jumento vivo
Não come jumento morto
Seu projeto não procede
Pois ele já nasceu torto
Quem levou Nosso Senhor
Ouça bem seu promotor:
Merece melhor conforto!
*
Meu prezado promotor
Reveja sua opinião
Este bicho com certeza
Foi e é a salvação
De quem come, mas não mata.
E nem de longe maltrata
“O jumento nosso irmão.”
*
O jumento tem história
Profana também sagrada
Nas páginas da memória
Costuma ser degustada
Arranje novo destino
Para o jegue nordestino
E não a morte matada.
*
Foto e versos de Dalinha Catunda

2 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia

Comer jumento? Mas pode?

Deixo cumprimentos
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http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/

Fred Monteiro da Cruz disse...

Tá muito engraçado, Dalinha. E como você mesmo assevera, não podemos esquecer que o hábito dessas transas com as jumentinhas pelo interior afora é tão consagrado no Sertão que fica ridículo tapar o sol com a peneira. Aliás, não só com as jumentinhas, mas também com galinhas e cabritas. Que o diga o ex-presidente, cujo nome não declino para não ofender aqs pobres cabritas de Caetés. Coitadas... devem ter sido estupradas, hahaha