UM CANTO VINDO DO MAR
*
Quando eu chorava sozinha
Quando o destino foi duro
Vi o trovão retumbar
Vi um clarão no escuro
Um vento forte soprava
Um canto junto chegava
Lá da praia do futuro.
*
Sozinha e desprotegida
Virei criança que chora
E todo dia a cantiga
Chegava à mesma hora
Com o cheirinho do mar
Feito canção de ninar
Tão envolvente e sonora
*
Primeiro eu tive medo
Porém não fiquei aflita
Pois vinha pra me acalmar
A voz suave e bendita
O canto que me embalava
A minha alma serenava
Fiquei como quem levita.
*
Só sei que o choro cessava
Se eu ouvia o acalanto
Na voz que me acalentava
Tinha ternura e encanto
Um pedaço da cantiga
Que vinha da voz amiga
Aprendi e ainda canto.
*
Bendito canto das águas
Que veio pra me abrandar
Bendita mãe que acalanta
A mãe que não teve altar
Iemanjá ou conceição
Delas tenho a proteção
Aqui na terra e no mar.
*
“Ela é uma moça bonita
Ela é a rainha do mar
Parrêi, parrêi, parrêi ê a
São filhos da Umbanda
E mamãe de Aruanda
Que vem sarava.”
*
Versos de Dalinha Catunda
Foto: pat. feldman.com.br
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