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sábado, 22 de agosto de 2020

Entrevista - Portal Na Sombra do Juazeiro

Entrevista publicada no Portal Na sombra do Juazeiro.



A cearense Dalinha Catunda escreve poesia desde que “se entende por gente”, graças à influência da mãe poetisa e de tia Isa, professora e contadora de histórias. Mas foi a saudade de casa, trazida pela mudança para o Rio de Janeiro, que despertou seu interesse pelo cordel. “ A saudade era grande e eu queria reviver tudo que eu havia vivido no interior do Ceará em minha pequena Ipueiras. Assim fui criando e revivendo minhas histórias em versos.” lembra a poetisa, que já escreveu mais de uma centena de cordéis e, hoje, não só é membro da Academia dos Cordelistas do Crato (ACC), como também da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC).

Dalinha é idealizadora do blog Cordel de Saia, voltado à difusão do trabalho de mulheres cordelistas. Exímia pelejadora, é nesse espaço virtual que Catunda expõe seus cordéis em dupla, no estilo de batalha em diálogos, e rodas de glosa, um tipo de cordel criado em conjunto com outras poetas do gênero, como Bastinha Job, Paola Torres e Creusa Meira.

Enfrentou dificuldades no meio cordelista por ser mulher?

A mulher veio para preencher a lacuna que lhe cabia por direito na Literatura de cordel. Muitas vezes fui criticada, muitas vezes fizeram pouco caso do meu trabalho, mas a crítica só me fez crescer. Fui estudar e me preparar para fazer o cordel com todas as suas regras. Hoje, de certa forma, reconhecida, nem uma crítica me derruba e nenhum elogio tira meu chão. Mas até hoje não temos o mesmo espaço que tem o homem cordelista.

Como Surgiu a iniciativa Cordel de Saia?

O cordel sempre foi um “Clube do Bolinha” e eu senti essa necessidade de criar um blog que agregasse mulheres Cordelistas. Temos muitas cordelistas espalhadas pelo Brasil e muitas delas no anonimato. O Cordel de Saia é essa vitrine a exibir mulheres que escrevem cordel.

Na sua opinião, como as mulheres são percebidas, hoje, no meio cordelista e pelo público?

A mulher agregou valores ao cordel, ao artesanato, às apresentações teatrais, às cirandas e é diferenciada ao se apresentar. É muito bem vista pelo público, convidada pelas escolas, universidades. Ao meio cordelista, só cabe aplaudir e aceitar.

A mulher e questões feministas são temas muito presentes em seu trabalho, como demonstra a própria iniciativa do Cordel de Saia. Há um público feminino para a Literatura de Cordel?

Sim, pelas mensagens, pelos comentários que recebo, vejo que muitas mulheres se identificam com o que escrevo e até pedem para que eu escreva sobre certos temas. E falando sobre a cordelista em geral, sim, a mulher cordelista tem público. Temos muitas mulheres escrevendo bem, e dentro da norma que pede a Literatura de Cordel, que estão ocupando espaços antes só ocupados por homens.

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