O Cantinho da Dalinha é também o canto do cordel. O picadeiro onde costumo entoar o meu canto em versos propagando a poesia popular. É o Canto de uma cearense que adora suas raízes, canto da mulher destemida que saiu das entranhas nordestinas e abriu uma janela para cantar sua aldeia para o mundo, Interagir com outros poetas cordelistas desfrutando deste mundo virtual. Sou Maria de Lourdes Aragão Catunda, a poeta de Ipueiras e do cordel, sou a Dalinha Catunda. dalinhaac@gmail.com
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quarta-feira, 10 de outubro de 2007
" TITUNDA"
Essa crônica é uma homenagem a Tunda e as crianças que viveram esse tempo mágico em Ipueiras.
Foto:http://www.centrovegetariano.org/images/articles/borrego.jpg
POR DALINHA CATUNDA
Durante muitos e muitos anos, viveu na pequena Ipueiras um humilde carreteiro, que tinha o poder de encantar e atrair as crianças com suas fantásticas histórias.
Nesse tempo, o meio de transporte usado para conduzir as pessoas de uma cidade para outra era o trem. Tunda era um dos carreteiros, um negro forte e simpático, que em busca de uns trocados carregava a bagagem dos viajantes até o destino combinado.
Na cabeça do bom homem as malas chegavam aos seus donos, pois carro era artigo de luxo na época. Ele era pobre, mas tinha um tesouro que dividia sem egoísmo com as crianças: sua alegria.
Tinha o poder de manter a meninada da cidade numa eterna esperança de um dia ganharem um carneirinho. Sempre que passava por uma delas, repetia a mesma frase: 'Titunda' vai trazer um carneirinho pra você, viu?
- Titunda, quando você vai trazer meu carneirinho?
Era a frase que ele mais ouvia da meninada.
-- Amanhã, amanhã o 'Ti' trás.
--- Cadê meu carneirinho? - perguntava outra.
Tá lá no céu --- e apontava pra cima, rindo.
Era hoje, amanhã, depois e nunca chegava o tal dia. Assim foi com gerações e gerações, alegremente iludidas com a história do carneirinho. Certo dia, a cidade que sempre vivera debaixo de um céu azul, presenciou um fenômeno singular.
Ao badalar do sino da igreja, começou a aparecer no céu chumaços de nuvens brancas em forma de carneirinhos. Em pouco tempo, o firmamento estava completamente tomado. Quando o sino parou, todos olhavam para o céu que parecia formar uma bela gravura.
Do meio daquelas imagens feitas por nuvens, uma parecia ser a de Titunda a segurar um cajado reluzente comandando os carneirinhos que nunca chegaram às mãos das crianças, mas certamente permaneceram em seus sonhos. Quanto ao velho carreteiro, este, naquele dia, chegava ao céu, onde dizia estar seu grande rebanho.
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2 comentários:
Dalinha, esta sem dúvidas é uma bela crônica sobre esta figura maravilhosa da nossa cidade que foi o ti Tunda. E certamente devia ser mesmo, ele a mostrar a sua fazenda de carneiros lá no universo e que tanto nos encantou. Sempre as palavras que repetimos constantemente tem sentido, sem ser necessário ele saber o porquê. Bjos e até breve, espero
Comovente texto sobre uma das figuras mais marcantes de Ipueiras dos anos 40 e 50.Tunda tinha um carinho especial para com as crianças. Pura bondade. Tunda foi força e caráter. Tunda faz falta. Parabéns, Dalinha.
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