
O Medo da Picadura
Depois de uma exaustiva viagem de avião, do Rio de Janeiro a Fortaleza. Peguei a estrada rumo a Ipueiras.
Edmilson um velho conhecido, que faz a linha Fortaleza-Ipueiras, foi apanhar-me no aeroporto em sua topic, como antes havíamos combinado.
Dei graças a Deus quando ele chegou, pois sempre pinta um probleminha em minhas constantes viagens de topic. Ou não tem mais lugar, não vai sair hoje, ou, você pode ir, mas não tem espaço para a bagagem que, diga-se de passagem, nunca é tão pequena.
Mas dessa vez tudo se encaixava direitinho. Meu filho Luiz Henrique ia no banco da frente batendo papo com Edmilson e eu, bem acomodada entre as mulheres na parte detrás.
No rádio um sonzinho legal deixava a viagem mais agradável. Entre um forrozinho e outro, um bate papo para colocar os assuntos em dia.
No decorrer da viagem íamos sendo “agraciados” com solavancos em conseqüência dos buracos que nos é concedido pelo descaso e a incompetência do poder publico. Assim sendo, cochilar, nem pensar.
Tudo bem, qualquer sacrifício é bem suportado quando a finalidade é chegar à terra amada, onde tenho minha família, minha história de vida e meus negócios.
Ainda não havíamos chegado a Canindé, santuário de São Francisco da Chagas, onde obrigatoriamente fazemos uma parada para um lanche e esticar as pernas e até para uma rezinha, quando o inusitado aconteceu:
Um grito agudo cortou o começo de noite assustando motorista e passageiros. A topic balançou de um lado para o outro quase saindo da estrada.
Adivinhe de quem era o grito? MEU!!!!!
Um cavalo-do-cão achou de fazer marmota naquele dia pousando em meu ombro. O grito que apavorou passageiros era apenas o começo da sucessão de gritos que soltei enquanto o inseto voava em minha volta
Sério! Não borrei as calças porque não tinha material disponível.
O carro andava e eu lutando com “o coisa ruim”, até que consegui pegar o tamanco e prendê-lo contra o banco do carro.
Nisso Edmilson pega o acostamento para retirar o intruso. Assim que ele para, eu tento arrumar um jeito de soltar o inseto sem correr riscos, mas ao afrouxar a pressão que eu fazia, ele novamente voou em minha direção, dessa vez o berro bateu todos os recordes.
__ Picou Dalinha?__perguntava Edmilson apavorado.
__Picou não! Mas saiu zunindo. E se veio trazer recado do diabo voltou com ele.
Só sei que o escândalo foi grande, mas o medo da picadura foi maior. Não sei se seria diferente, se o alvo fosse outra pessoa. Pois a fama do bicho não é das melhores.
Reza a lenda que ele serve de mensageiro do diabo nos rituais de magia.
Dizem também que sua picada é fatal. Picando não tem cura.
E o meu único jeito era espantar o cavalo-do-cão no grito.
lustração:fotografos.com.br