
Texto e Foto De Dalinha Catunda
CABRITO ROUBADO E LADRÃO LASCADO
Meu cabrito foi roubado
Tenho pena é do ladrão.
Em cima dele joguei
Muita praga e maldição.
Pois pena desta raça,
Confesso não tenho não.
Deixar nas mãos de Deus
Não me agradava a solução.
Por isso entreguei o traste,
Foi direto na mão do cão.
Pois é no fogo do inferno,
Que se acaba com ladrão.
Meu cabrito era bonito,
Do pasto era a sensação.
Sua cor bem amarelada,
Seu porte chamava atenção.
Todo mundo se encantava,
Com o famoso amarelão.
Dinheiro de todo jeito,
Nele eu tinha enjeitado.
Naquele mimoso cabrito
No mais gracioso capado.
Era a criação mais linda,
Que havia em meu cercado.
Muitas vezes eu dizia,
Sem nenhuma intenção.
Que ia botá-lo num bingo,
Ou vendê-lo em um leilão.
Na verdade nunca pensei,
Em vender meu amarelão.
Do tamanho de um bezerro,
Era amarelo bem queimado,
Orelhas arreadas e grandes,
Chifres muito empinados.
Tinha uma rara elegância
Por isso era tão destacado.
Recusei vender ao Chagas,
Não quis vender ao João.
Pois aquele cabrito era
Do sitio a maior atração,
E já tinha até se tornado
Um animal de estimação,
Foi no final de dezembro,
Que a tragédia aconteceu,
O cabrito dormiu no pasto,
Porém não amanheceu.
Seu rastro ficou na cerca,
Onde o pelo dele prendeu.
Uma pista bem certeira,
Tenho mais não vou atrás.
A alma deste mau sujeito,
Entreguei foi ao Satanás,
Juro que daqui pra frente,
Ele nunca mais terá paz.
O nome do traste escrevi,
Num pedaço de papel,
Enfiei num cupinzeiro,
Antes lambuzei de mel.
Se ele soube ser ladrão,
Eu também sei ser cruel.
Dentro da boca do sapo
Seu nome ganhou lugar.
Costurado e alinhavado,
Pra não poder escapar.
Pois todo castigo é pouco,
Pra quem gosta de roubar.
O bode preto sacrifiquei,
E foi na sua intenção.
Ofertei a um preto velho,
Para ele entrar em ação
E trazer toda desgraça
Pra vida deste ladrão.
O espírito do bode preto,
Em breve ele vai receber.
Chifre nos lados da testa,
Ele tem e mais vai nascer
E toda vez que ele espirrar,
Seu peido não vai conter.
Tudo que mais desejo
Do fundo do coração.
É que este rato safado
Perca a fala e a visão,
O movimento das pernas,
E por ultimo perca a mão.
Desejo que ele conserve,
A mais perfeita audição.
Quando ouvir um berro,
Ele tenha recordação,
Do cabrito amarelado
Que foi a sua perdição.
Eu sou Dalinha Catunda,
Filha de seu Espedito,
Se a justiça anda fraca,
E se eu não posso no grito
Apelo pras minhas pragas,
E a força dos maus espíritos