O Cantinho da Dalinha é também o canto do cordel. O picadeiro onde costumo entoar o meu canto em versos propagando a poesia popular. É o Canto de uma cearense que adora suas raízes, canto da mulher destemida que saiu das entranhas nordestinas e abriu uma janela para cantar sua aldeia para o mundo, Interagir com outros poetas cordelistas desfrutando deste mundo virtual. Sou Maria de Lourdes Aragão Catunda, a poeta de Ipueiras e do cordel, sou a Dalinha Catunda. dalinhaac@gmail.com
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terça-feira, 29 de abril de 2008
EU O MENINO E O ARCO-ÍRIS
Imagem:blog,ongsperanca
Eu, o menino e o arco-íris
Mora no meu passado um menino bom, doce e tímido, que conviveu comigo enquanto o destino deixou.
Era um menino do interior.
Assim como eu, não se encaixava nas regras impostas e hipócritas de uma pequena cidade.
Fomos crianças e adolescentes juntos. Quando íamos a bailes e tertúlias atraíamos a atenção de todos, pois apesar da timidez, no salão ele se soltava. Éramos um par perfeito em qualquer tipo de dança.
Muitos foram nossos passeios de bicicleta nos finais de tarde. Realmente não posso dizer que ele foi apenas um bom amigo, na realidade foi um parceiro sem igual.
Nós crescíamos e a cidade cada dia ficava menor para ambos.
Eu cresci e multipliquei, e fui expulsa do paraíso.
E ele, sonhava atravessar o arco-íris.
Não cabíamos mais na cidade e partimos para outras paragens. Lá deixamos a magia de nossos pés dançantes e nossa história singular.
Com as asas de sonhadores voamos atrás de novos caminhos onde o clima fosse favorável à vida de predestinados.
Na minha caminhada vitoriosa ganhei status de poetisa e os aplausos da cidade.
Ele poderia ter ido só até o final do arco-íris, pegar o pote de ouro para pagar seu resgate, caso fosse capturado. Mas não, maravilhado com o colorido do outro lado, com as luzes e o brilho que iluminavam sua alma, não teve dúvidas, atravessou o arco sem medo, assumindo de vez sua transformação e sem vontade de ser resgatado.
E foi entre luzes, purpurinas, véus e fumaça que freneticamente, sem se incomodar com o lado preto e branco que antecede o arco íris, que ele se entregou a sua vocação e a sua opção de vida.
O portal das circunstâncias nos separa, porém permanece a amizade, independente de qual dos lados do arco, ele possa se encontrar.
E toda vez que vejo uma grande passeata, exibindo a imensa bandeira em forma de arco-íris, entusiasmadamente aplaudo meu amigo, e solto um solene, evoé !!!!!
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4 comentários:
Parabéns des de Catalunha!
Como sempre seus trabalhos são belos, retratam a candura de sua alma e a bondade do seu espírito sem falar na verdadeira amizade, que dispensa aos que de si lhe aproximam.
do amigo Bérgson
Nós,o menino e o arco-íris.Um presente de desencontros ... mas espiritualmente repleto de lembranças belas que ainda podemos ver através do arco-ìris. Quanta nostalgia ...
Dalinha, eu ja lera esta página e ficara admirado com a beleza do sentimento que a uniu a este par dançante (pé-de-ouro). Uma das suas crônicas mais belas.Bom ler novamente.
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