O Cantinho da Dalinha é também o canto do cordel. O picadeiro onde costumo entoar o meu canto em versos propagando a poesia popular. É o Canto de uma cearense que adora suas raízes, canto da mulher destemida que saiu das entranhas nordestinas e abriu uma janela para cantar sua aldeia para o mundo, Interagir com outros poetas cordelistas desfrutando deste mundo virtual. Sou Maria de Lourdes Aragão Catunda, a poeta de Ipueiras e do cordel, sou a Dalinha Catunda. dalinhaac@gmail.com
Seguidores
segunda-feira, 6 de abril de 2009
O FAMOSO CAPITÃO
Foto: viagemesabor.com.br
Texto: Dalinha Catunda
O Famoso Capitão
Muito cedo descobri que na terra de “coroné” se comia Capitão.
Eu das Ipueiras, terra de coronè Zé Bento e tantos outros, confesso que muitas vezes participei desse ritual que muito me agradava.
Alguns falam que aquilo era coisa de escravos, já outros afirmam ser uma herança dos portugueses colonizadores. O que sei, é que, o que eu julguei ser uma exclusividade minha e de meus irmãos, era na realidade, um costume antigo, comum, no interior do Ceará e em tantos outros estados do Brasil.
Conversando com Lou, uma amiga nordestina, das bandas da Serra Grande, ela me falou que os capitães da avó dela eram imbatíveis. E eu, retruquei:--- É que você não conheceu os da minha tia Isa. Quando eles chegavam a mesa as crianças entravam em prontidão a espera do tão esperado e solene momento.
O certo, é que por trás de cada capitão, havia o comando de uma mão mágica e dedicada a nos enfiar goela abaixo aquela distinta autoridade do mais alto escalão. Eram nossas mães, avós e tias que se esmeravam na confecção daquela apetitosa iguaria com o intuito de agradar o paladar dos seus entes queridos.
Pois, na verdade, o inesquecível e famoso capitão, meu, de Lou e de tantas outras crianças, nada mais era que um simples bolinho de feijão amassado com farinha, bem modelado e servido por mãos especiais com carinho e com afeto, o que o transformava simplesmente num manjar dos Deuses.
Era assim que nosso feijão de cada dia passava de um simples soldado raso ao mais famoso capitão. E eu, que sou agarrada às lembranças, fico feliz em fazer parte deste passado, onde batalhões de crianças faziam continência a seu amado capitão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Dalinha eu nunca comi capitão
e se tivesse comido falava não!
é apenas uma brincadeira minha
para lhe agradece a visitinha
e os comentários que deixaste
sua amizade muito me envaidece
Obrigado e volte sempre, este cantinho é seu também, bjs
Interessante! Ontem, passei o dia me lembrando do "capitão". Ipu....1958..59.. por aí assim. E hoje, deparo-me com este belíssimo texto folclórico, histórico e cultural (Eita que sigla pôdi! FHC)É melhor comerçar com o cultural...Abraços minha querida poeta. AS
Olá doce senhora,
A felicidade impera em terras da monstrolândia feita a visita de Dalinha pelas bandas daquele reinado!
Já conhecia seu blog e há tempos não visitava este cantinho de boa cultura com cheiro de nordeste!
Vim agradecer tua visita e terminar por escancarar as portas da monstrolândia para tão repleta fazedora de versos.
abraço monstruoso
Bela lembrança Dalinha.
Confesso que os capitães que minha mãe fazia eram impecável, comi muito. Nunca esqueci daqueles saborosos bolinhos de feijão.
Você sempre nos traz belos textos e versos lembrando iguarias, brincadeiras e muitas outras lembranças do tempo dos nossos pais e avós.
Grande abraço.
Postar um comentário