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segunda-feira, 27 de abril de 2009

UM BOI REBELDE


Texto e foto de Dalinha Catunda

UM BOI REBELDE

Meu boi andava um tanto sem apetite para minhas vacas, que na verdade, não eram lá, essas coisas! Mal servido, andou pulando cercas, encrencando-me com a vizinhança, fazendo arruaça, enfim, pintando o sete.
O Diabo do boi era bonito..., preto, lustroso, bem parecido, mas em comportamento, era a pintura do cão.

Meu caseiro, sem simpatia nenhuma, nem paciência, para com o boi vadio que não lhe dava sossego, por sua vez, tirava também meu sossego, batendo na mesma tecla, que eu deveria vender aquele animal para evitar aborrecimento.

Aquilo me aporrinhava, porque na verdade, era eu tomada de uma grande simpatia por aquele boi preto, teimoso, que tinha vontade própria, e pouco estava ligando para o politicamente correto.
Sempre me encantei com a criatividade dos transgressores. A cada queixa que meu vaqueiro fazia, eu ficava séria, para impor respeito, mas intimamente sorria e vibrava.

No entanto, a última que ele aprontou, obrigou-me a tomar uma atitude mais firme.
Não tendo mais pasto, aluguei o pasto do Chico Novo. O boi achando pouca suas arruaças inventou de jogar-se dentro de um silo vazio. E para retirá-lo de lá? Depois de frustradas tentativas, a única solução era o trator da prefeitura que a mim fora gentilmente cedido para tentar resolver tal problema. Sabe qual foi a atitude do boi quando viu a aproximação do trator? Feito um animal alado voou buraco a fora e “ganhou o Bredo.” Pense!!! Se um bicho desses é cria de Deus. E ainda dizem que é um animal sagrado em algum lugar!

A contra gosto coloquei o boi a venda. Sua ficha pregressa dificultava qualquer possível negociação, o que de certa forma me aliviava a alma. Não tinha nenhuma vontade mesmo, de vender aquele bicho. Por mais trabalho que ele pudesse me dar.

Por via das dúvidas resolvi tentar comprar outro boi que abraçasse com gosto as obrigações não cumpridas, pelo inadimplente, ou seja: se engraçar com minhas vacas, fazer as honras do campo e sossegar no pasto multiplicando o rebanho.

Depois de uma longa procura, cheguei a Cláudio, criador de caprinos, ovinos, bovinos, que de certa feita, me vendera uma cabra anciã, dizem que a velha cabra já era até tetravó

O ar tímido de Cláudio, que hoje eu já traduzo como sonsice, me fez ficar de pé atrás. Tanto, que fiz um verdadeiro interrogatório sobre o animal que ele pretendia vender.
Era um gir, e eu estava querendo justamente um gir.

_E aí, Cláudio, estou querendo comprar um boizinho e de preferência, que fosse um gir.
-Ora Dalinha, meu irmão Didi, tem um maaansinho. Mas tão mansinho que quando a gente passa a mão nele, ele vai logo levantando o rabo.
_Serve não, Cláudio!
___ Mas por quê?
___ Estou procurando um boi que levante outra coisa, Que levante o rabo eu já tenho um lá em casa.
Ele muito sem graça me olhou com uma cara espantada e falou:
___ Mas se ele não der conta do serviço a senhora pode devolver.

Moral da história, nesse meio tempo chegou o inverno, muita comida, vacas bonitas, meu boi recuperou a libido, não pulou mais cerca, Minhas vacas começaram a dar mole para ele e ele dando duro em cima delas e foi felicidade geral.
Com tudo a disposição, o boi passou a se comportar como manda o figurino. Tudo que ele queria eram melhores condições de vida, para que tudo voltasse à normalidade.
Assim sendo, apesar do desapontamento do meu caseiro, vejo minhas vacas contentes, meu boi cheio de gás e eu como proprietária, feliz e aliviada.

7 comentários:

POETACARDS disse...

Quem bom que o boi voltou à atividade, não é fácil a vida de gado, povo marcado, povo feliz, como dizia o nobre Zé Ramalho.
Uma vez ouvi uma piada sobre bois,

Um casal de meia idade estava vendo um boi a cobrir as vacas no pasto.
Dai o boi, cobriu,uma a uma e a mulher exclamou com ar de deboche ao marido:
- Ta vendo? isso é que é macho!

e o marido respondeu:

- Quero ver ele fazer isso com uma vaca só!

bjs e fui

Victor Gil disse...

Oi Dalinha.
Essa história de boi rebelde, é melhor que ovelha tresmalhada. Adorei o teu conto. É uma faceta que eu queria abraçar mas ainda não arranjei coragem. Por enquanto só poesia.
Entretanto cuide bem do seu boi, não vá ele pular a cerca outra vez... rsrsrsrs.
Um beijão para você.
Victor Gil

Tereza Mourão disse...

Oi Dalinha, adorei a história de seu boi rebelde, e ainda bem amiga que não o vendeste e acho que o boi acabou entendendo que brincadeira também tem fim, e o melhor seria ele fazer voltar as boas com as suas vaquinhas e com quem cuida dele hehehe. Uma ótima semana e até breve
Tereza Mourão

Anônimo disse...

E um educador rebelde
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VESTIBULAR ÚNICO NACIONAL: JOVENS BRASILEIROS! LUTEM!

Essas pessoas que estão decidindo tudo no caso, afirmo, têm pensado em muita coisa, menos em vocês. Esqueça essa história de que jovens da rede pública possuem má formação. Existem muitos bons e nem tanto assim e de ambos os lados. Vou provar que educando da rede pública tem tudo que precisa para fazer curso superior, com dois fatos:

1) Estudo científico da Unicamp, http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3502&bd= 1\&pg=1&lg=, acesso abril/09, realizado por Renato Pedrosa, prova que os ingressantes através do seu cotismo, pomposamente designado de ¨Ação Afirmativa¨, não apresentam desempenho acadêmico pior. Havendo até casos significativos em que são melhores. A mesma conclusão chegou todos os estudos de casos em que adotaram algum processo deste tipo. Mais ainda. Alguns indicadores apontam a Unicamp como nossa líder no cenário internacional. Portanto, capacidade dos estudantes da rede pública de fazer qualquer curso de qualquer universidade, no mundo até, há. O mesmo vale para todo estudante brasileiro.

2) o Programa do MEC/MCT, olimpíada brasileira de matemática das escolas pública - OBMEP, matéria tida por bicho papão do estudante nacional, apresenta no endereço http://www.obmep.org.br/picme.html, o Programa de Iniciação Científica e Mestrado – PICME, que engloba 30 mestrados em matemática pelo Brasil todo. Leia. Por este, os jovens das escolas públicas classificados, com não mais do que um ano de treinamento quase todo online e que ingressaram em qualquer curso superior, podem fazer simultaneamente um curso de mestrado em matemática. Sendo o mestrado com duração de 2 anos e graduação, no mínimo, em 4 anos, muitos terminarão mestrado antes até da graduação. E, até pela quantidade de professores e universidades públicas que avalizaram tal programa, além de ser financiado pela Capes/CNPq/MEC/MCT, o fato expressa fé pública de que há educando da rede pública em condições para compensar tal investimento de recursos públicos e torná-lo mais do que um programa de sucesso. Assim sendo, facilmente o mesmo é viável para qualquer outra área. Portanto, uma vez sem possível mestrado em matemática com graduação concomitante, apenas graduação é uma coisa simplória.

A não ser que o MEC venha defender que tudo exposto é falso, portanto, significa demitir alguns e processar todos. Permanecendo verdadeiro, que o MEC tome as mesmas providências que estão tomadas via OBMEP para todos os cursos.
E, o urgentíssimo é lutar para que MEC providencie:

1) Que todo candidato, pagante ou isento no vestibular nacional, seja isento de toda e qualquer taxa em qualquer pública, caso essa não aceite só o nacional como condição única.

2) Que o MEC, ao invés de repassar recursos (começa com R$ 200 milhões) para universidades que aderirem ao vestibular nacional, crie com esse, e outras fontes, um fundo governamental, porquanto, através de um acordo com todas as correntes políticas do país – assuma, jovem!, o compromisso de não votar e convencer todo amigo de fazer o mesmo, em partido que for contra -, para construção de moradia estudantil e restaurante universitário. Isso para que num prazo máximo de 5 anos seja garantido, tal qual primeiro mundo, que todo que for fazer curso fora do seu estado, junto com o aceite, receba a chave do seu quartinho. Pois, uma Nação começa ficar tranqüila quando papai e mamãe pode dormir sabendo que filhote não tem por que ficar ao relento e com fome. Assim como, garantido isso, filhote pouco tem medo de meter a cara nos livros, estudar e ir cursar o que for e onde for. Saudade dos quitutes da mamãe... há férias para matar isso.

Mírian Mondon disse...

oi Dalinha, obrigada pelos parabens! Ri muito do seu boi, e voce como conta bem uma historia!
Parabens!

Valdemir Reis disse...

Olá Dalinha, estou visitando este belo espaço. Parabéns pelo excelente trabalho que desenvolve recheado de inteligência, beleza, e originalidade. Fantástica sua publicação “Um boi... “, ótima e uma divertida história, com final feliz, bela contribuição. Feliz e honrado por sua amizade. Obrigado por seu gentil comentário. Já sou seu seguidor. Por tudo isto continuo acreditando; aquele que caminha sozinho pode até chegar mais rápido... Porém quem segue acompanhado de um amigo com certeza vai mais longe... Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro... Deixo aqui todo o meu especial carinho, minha especial atenção e obrigadoooo mesmo. “A amizade é como as estrelas. Não às vemos toda hora, mas sabemos que existem.” (Marina de A. C.) Aguardando por sua visita! Encontrar-nos-emos sempre por aqui. Felicidades. Votos de uma semana recheada de sucesso extensivo aos familiares, muita paz, saúde, muito brilho, bênçãos, proteção e alegria. Fique com Deus. Um abraço fraterno.
Valdemir Reis

Maria Emília disse...

Olá Dalinha,
Não entendo nada de bois mas penso que eles também têm direito a dar as suas voltinhas. E não há com uma nova "lingerie" para despertar o apetite.
A sua história é deliciosa. Fez-me rir.
Um beijinho,
Maria Emília