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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

DIA 08 DE OUTUBRO, DIA DO NORDESTINO


Foto e texto de Dalinha Catunda.

Nada mais nordestino do que bodes no terreiro.
Hoje dia do NORDESTINO, quero homenagear essa gente que é minha gente. Principalmente os que migraram e trazem grande saudades no peito.

Migrante

Sou das águas retiradas.
Sou do sertão nordestino.
Das caatingas desertei,
Lamentando meu destino.
Pois deixar o meu torrão,
Machucava-me o coração
Causando-me desatino.

Meu dialeto sagrado,
Era motivo de riso.
Era uma rês desgarrada,
Mas seguir era preciso.
Pedi a Deus proteção,
E virgem Conceição,
Para me dar mais juízo.

Não reneguei minha terra,
E jamais renegarei.
De ser filha do Nordeste,
Sempre me orgulharei.
Lamento até ter perdido,
Aquele sotaque antigo,
Que de lá eu carreguei.

Na minha casa nova,
Onde hoje brilha o chão,
Num canto especial,
Avista-se um pilão,
Em outro canto uma rede
Onde embalo com sede,
As saudades do sertão.

Tapioca com manteiga,
Não deixo de comer não.
Numa panela de ferro,
Faço um gostoso baião.
Cabeça de galo e mal-assada,
São iguarias apreciadas,
Com gosto de tradição.

Rezo pra são Francisco,
E padre Cícero Romão.
Pra proteger Ipueiras,
Meu pequenino rincão
Pois é lá minha ribeira,
Onde a linda carnaubeira,
Ao vento lança canções.

Eu vim sem querer vir
Fiquei sem querer ficar,
Mas um dia ainda volto,
A morar no meu Ceará.
Longe da terra amada,
Serei sempre ave arribada
Voando tentando voltar.

Poema publicado originalmente no jornal O Povo de Fortaleza-Ce

7 comentários:

chica disse...

Que linda homenagem aos nordestinos!Adoro o Nordeste, queria teer nascido por lá!beijos,chica

Victor Gil disse...

Oi minha querida amiga.
Quem tem assim um amor pela sua terra, nem necessita de comentários. Sabes porque adoro você e os teus escritos? Pela simplicidade, pelo sinceridade, pelo amor à terra, por seres mulheres de corpo inteiro, que não renega as raízes, que fala da terra com amor, que fala do amor como se fosse a terra, sei lá que mais. Tantas seriam as definições que tinha para ti, que quase escrevia um romance, rsrsrs.
Não sei porquê, mas acho que ainda um dia vou visitar o teu Nordeste.
É sempre um prazer estar contigo.
Beijos amiga Dalinha.
Victor Gil

SAM disse...

Nossa..Arrepiei..Que emoção, Dalinha! Meu marido também vai se emocionar... Sou fluminense, mas por este sentimento que você transborda neste poema e que meu marido possui íntegro, intacto passei a amar e a partilhar deste mesmo orgulho pelo povo nordestino. Lindo!


Carinhoso beijo, amiga. Obrigada!!!

Vanuza Pantaleão disse...

Dalinha, eu devo ser uma péssima nordestina (saí de lá miudinha), pois nem me dava conta que existia um dia só nosso.
Que Poema, hein?
E as cabras? Amo-as.
Vou aproveitar agora, não tive tempo antes, para fazer teu link no nosso "Blogs Amigos", tá?
Bati um papo com a Sarinha (Sam) e falamos da qualidade do seu espaço.
Beijos, amiga!!!

Vanuza Pantaleão disse...

...e olha ela aqui falando do maridão!Rssss

CESAR CRUZ disse...

Que poema! Adorei, Dalinha! Quase vi a cachorra Baleia andando por ali...

Ah, vale lembrar que além das cabras, há os Cabras também!

bjs de S.Paulo
Cesar

Dalinha Catunda disse...

Olá Vanuza,
Pois é... eu, já sou aquela nordestina que não consegui cortar o cordão umbilical.

Eu sou aquela que saiu,mas volta sempre para demarcar o seu espaço.

A Sam é uma pessoa adorável, muito incentivadora, e que além de marcar presença, de quebra ainda me traz pessoas interessantes como você.
Obrigada por inserir-me como link no "Blogs Amigos"

Chica também é maravilhosa, tem me prestigiado, postato texto meu.

O Victor Gil é esse Português amigo, carinhoso e encantado com o Nordeste do Brasil.

Adoro todos vocês,mas domingo viajo para o meu Nordeste, vou passar o restante do mês de outubro por lá.
Um abraço,
Dalinha