
Imagem: Benes Texto: Dalinha Catunda.
Publicado no Jornal Diário do Nordeste de Fortaleza, em 10 de Janeiro de 2010
O beija-flor apaixonado
Sobre a copa de uma bela goiabeira se espalhavam ramas de um pé de maracujá.
Lindas flores alternavam-se entre pequenos maracujás atraindo insetos de todos os tipos.Borboletas e besouros batiam asas na ânsia de sorverem o néctar de cada flor.
No meio de tantas flores, iluminada pelo sol e bordada pelo orvalho matinal, no topo da árvore, uma delas se destacava balançando-se graciosamente ao vento.
Assim como existem rainhas em colmeias, aquela bela flor de maracujá, pela sua exuberância, pela beleza e pelo brilho que o sol lhe emprestava ao tocar as gotículas de orvalho que se espalhavam pelo seu interior, era sem dúvidas a rainha daquele maracujazeiro.
Eu fiquei algum tempo observando o ir-e-vir dos visitantes que se deliciavam com as belas flores apresentando um majestoso espetáculo natural.
De repente, algo chamou a minha atenção. Um beija-flor paradinho olhava embevecido para a bela flor.E assim ficou por muito e muito tempo, até que um mangangá, saído não sei de onde, pairou sobre a flor.
Foi aí que, inesperadamente o quieto beija-flor saiu do seu estado de êxtase e partiu para cima do mangangá que surpreso, não viu alternativa a não ser fugir do ataque.
Mesmo assim, o beija-flor perseguiu o grande besouro, preto e amarelo, até deixá-lo bem longe daquela exuberante flor que tanto lhe encantava.
A flor de maracujá não podia dispensar as visitas do mangangá que tinha como função fazer a polinização do maracujazeiro. Entretanto, estava roxa de amor pelo o pequeno pássaro que não tirava os olhos dela e viravolta cobria-lhe de beijos.
O pacato beija- flor que vivia voando de flor em flor, com ciúmes do mangangá, deixou sua vida aventureira e guardou todos os seus beijos para aquela flor esplendorosa que cativou para sempre seu coração.