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quinta-feira, 19 de maio de 2011

CORDEL DE DALINHA CATUNDA

1
Meu cordelzinho matuto
Das feiras do meu sertão
Hoje reina absoluto
Tem farta divulgação
Com seu jeitão enxerido
Agora todo exibido
Brilha na televisão.
2
Aparece ledo e belo,
Nos mais diversos canais.
Sem deixar de ser singelo
Vai estampando jornais
Com sua xilogravura
Mostrando sua cultura,
Que nunca será demais.
3
Um programa inteirinho
No “Globo Rural” ganhou.
E o “Salto Pro Futuro”,
O seu valor realçou.
No “History Channel”,
Detalhes do cordel
A história revelou.
4
Hoje é tema de novela,
Este cordel encantado,
De rainhas e princesas,
E do cangaço falado.
No reino da poesia
Um passado de magia
Será então resgatado.
5
Como fico orgulhosa
Em ver meu matutinho,
Sendo bem reconhecido
Mesmo fora do seu ninho.
Está fazendo bonito,
No cordel eu acredito
Pois ele é meu caminho.
6
Escutei cordel em feiras
E rodas de cantoria.
Em encontros com poeta
Onde reinava alegria.
Agora mais abrangente
Continua imponente
Disseminando magia
7
A internet chegando,
Vestiu de asas o cordel,
Que voou pra todo canto,
Como um alado corcel,
Com toda desenvoltura,
Aproveitou a abertura
Para firmar seu papel.
8
Um dia virou folheto
O que era apenas oral.
Chegou à televisão,
A revista, ao jornal.
E na internet brilha
Seguindo a nova trilha
Neste mundo virtual.
9
Na internet impera,
A real democracia,
Lê-se o contemporâneo,
E o antigo se aprecia
Com a multiplicidade
O cordel vira verdade
Que na rede contagia.
10
O cordel de trajes simples
Ou vestido a rigor
Sempre será respeitado
Sempre terá seu valor
Trazendo erudição,
Ou apenas inspiração
Traz na rima seu calor.
11
O cordel de trajes simples
Reside no interior.
Nas emissoras de rádio
Na boca do locutor.
No sorriso e na alegria
Que de fato contagia
Quem lá no campo ficou.
12
O cordel vestido a rigor
Usa terno e gravata
Não é de fazer bravata,
Seu espaço conquistou
Traz no seu falar polido
Um linguajar tão sabido
Que a escola adotou.
13
Este cordel que desponta,
E chegou para ficar.
Inserido nas escolas
E ajudando a ensinar
Traz na bagagem magia
É o novo que contagia,
Ajudando a educar.
14
Quais as faces do cordel?
Quem poderá me dizer?
Não diga que é só matuto
Nisso eu não posso crer!
Não diga que é erudito
Pois também não acredito.
Mas tudo poderá ser.
15
O Cordel é um alento
Para o forte Nordestino.
Cultivador de saudade
Um eterno peregrino.
Que leva no coração
As histórias do sertão,
A saga do seu destino.
16
É a gritante saudade 
Da farinha no surrão.
É a saudade da paçoca
Bem pisada no pilão
Da pamonha, da canjica
Do amor a terra que fica,
Grudado no coração.
17
É a cantilena brejeira
De quem viveu no sertão.
Tudo que passou um dia
Vivendo em seu torrão
Morando na capital
O cordel vira jornal,
A fonte de informação.
18
O cordel é identidade
Do homem do interior
Que veio para cidade
Estudou pra ser doutor
Mas apesar de formado
Recorda bem o passado
E as raízes dá valor.
19
Preso com os pregadores
Pendurado em cordão.
Avistava-se o cordel
Nas feiras do sertão.
Agora bem editado,
Ricamente ilustrado
Não falta divulgação.
21
O cordel é oração,
É reza é ladainha.
É a história de um povo
Que incansável caminha
Registrando sua história
Para guardar na memória
Que oralmente retinha.
22
A internet chegou
Para o cordel socorrer
E zombar de quem dizia
Que o cordel ia morrer.
Acompanhando o progresso
Um cordel sem retrocesso
É o que de fato se ver.
23
Eu sou Dalinha Catunda,
Também me assino Aragão.
Amante da poesia
Que germinou no sertão
Em Ipueiras nascida
Ao cordel dou guarida 
Pois ele é minha paixão.
.
Texto e foto de Dalinha Catunda
Visite também: www.cordeldesaia.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com



8 comentários:

israel batista disse...

muito bom esse cordel vai pro meu blog amanhã abraços querida

chica disse...

Maravilhoso cordeo,Dalinha! estava com saudades!beijos,chica

RetroMomentos disse...

Que beleza!

Querida, tks por suas visitas! Adoooro! Bjks

Tereza Mourão disse...

Amiga, adorei o cordel vai para minha pagina do face e também do grupo Ipueiras - Ceará. E nossa terrinha, como está? Pelo que vejo está te fazendo um bem danado ficar um pouco mais no nosso sertão. Tua inspiração como sempre está a mil. Bjos no seu coração e até breve.

Licínio Filho disse...

Oi Dalinha,
o muito bom ver a Literatura de Cordel ganhando espaço na mídia, nosso povo precisa (re)conhecer a sua cultura.
O seu cordel, como sempre, ficou lindo.
Abração.

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Não duvidamos que chegue à Lua, quiçá a Marte,num futuro qualquer.
Já atingiu todas as esferas terrestres. Falta mais nada...
Muito bom, amiga, boa demais,vc.Dalinha.
Bom domingo, produtiva semana.
Xêros, fortalezenses
Lúcia

UMA ACORDA DE CORDEL disse...

Olá Dalinha...
Apaixonante é a literatura de cordel, principalmente quando é feita com tanto esmero, com essa linguagem fácil de dizer e ouvir que mais parece brotar da entranhas de um ser divino, divino não! Humano.
Como dizia um professor de linguística: Que metalinguagem, Hei!
Abraços...
José Augusto

raquel free disse...

Você, como sempre, maravilhosa! Beijos! Adorei!