O MALVADO E A
MANGUEIRA
Era uma vez uma linda mangueira que sombreava um quintal, na
cidade de Ipueiras. Debaixo de sua copa espaçosa, brincavam crianças
aproveitando o frescor de sua sombra.
Todos os dias passarinhos de variadas espécies voavam de
galho em galho misturando seus cantos. Os vizinhos se encantavam com a beleza
da mangueira e a presença constante da passarada celebrando a natureza.
A dona da casa tinha um carinho todo especial por aquela
árvore. Além da sombra, do canto dos pássaros, todos os anos entre novembro e
dezembro, ela era premiada com saborosas mangas que ela mesma transformava em
sucos, doces, geleias, além de saboreá-las ao natural. A pedido das crianças,
ela também fazia, o dim-dim, um tipo de picolé, conhecido por sacolé, por ser
congelado em pequenos sacos plásticos.
E assim viveu a bela mangueira por muitos e muitos anos e anos,
até que certo dia, a ira de um velho e implicante vizinho, Incomodado com os
galhos da árvore que caiam sobre seu muro deixando folhas secas pelo chão, teve
a infeliz ideia de exterminar o pé de manga.
Aproveitando uma
viagem da família que preservava a mangueira no quintal, não conformado em
apenas podar os galhos que invadiam seu espaço, pulou o muro e abateu a
machadadas a velha mangueira. No que restou da planta, jogou óleo queimado e em
seguida ateou fogo dando fim ao vegetal.
Esta é a história de uma mangueira que durante muito tempo
fez tanta gente feliz, contudo foi morta porque teve a desdita de nascer ao lado
da casa de um velho intolerante e malvado que desafiou impunemente a lei de
preservação da natureza.
*
Texto e foto de Dalinha
Catunda
*
NOTA:
A lei ainda não chegou em sua total plenitude em
Ipueiras - CE, apesar de ser minha cidade, vejo os desmandos que acontecem por
lá. O tempo do cangaço já passou, o coronelismo já se foi, mas muitos ainda
acham que podem ganhar no grito.
4 comentários:
Oi, Dalinha! Muito bacana o seu texto. Aqui em casa temos um jambeiro que também dá muita sombra na calçada e um dia meu marido, preocupado com as queixas dos vizinhos, podou essa árvore e foi um transtorno p/ nós: vermos a agitação dos passarinhos que se abrigavam nela. Ainda bem q/ ela cresceu novamente e agora podem falar bastante. bjos!
Isso mesmo Nelcimar,
Temos que ressistir. Apesar da justiça ser cega temos lei ao nosso lado.
Beijos e obrigada pela visita
Dalinha Cantuda;
Boa tarde.
eu sou Washington Grangeiro,moro aqui em Barbalha no Ceará ( Terra de santo Antônio e do Pau da Bandeira)
li sua história" o malvado e a mangueira" no meu programa de rádio.
um ouvinte escutando emocionado essa história fez uma poesia em cordel, espirada nela.
e me presenteou. acredito que esse presente não é só meu é seu também.
washington grangeiro (88) 9234 3697.
Uma árvore em chamas
#
Dizia um grande poeta
que quem se entrega a poesia
peleja mais não se aqueta
e escreve todo dia.
inspiração não resiste:
cena alegre, chena triste,
mal exemplo e exemplar,
coisa feia ou que encante...
o poeta canta ,canta
inda fica o que cantar.
#
E havia no meu lugar
uma belíssima morada
que quem fosse visitar
deixava a vista encantada:
porque , de casa o quntal
era um palco natural
de sabiás laranjeira
campinas ,corrupiões...
cantando as suas canções
no olho de uma mangueira.
#
E aquela grande mangueira
para dona era a riqueza!
uma obra verdadeira
da santa mãe natureza.
alem da sombra gostosa,
tinha a manga saborosa
de vez enquanto colhida
o fruto amadorecido
com certeza tinha sido
dosura pra muita vida.
#
Uma fruta preferida
por "Paulo, Sancho e Martim"
quem quer coma partida
faz suco, doce ou din din...
e era o que fazia
a dona da tão sombria
ávore de grande importãncia!
onde a raiva ou ambição
fez a grande atração
ser vítima de inguinorância.
#
pois um visinho cruel
envés de usufluir,
pra árvore tirar o chapeu,
tentava era destruir.
se sentindo encomodado
dizia que do seu lado
caiam folhas no chão.
pra varrer era um empalho!
e não ia quebrar o galho
pra quela situação.
#
Esperou foi avizinha
faser um grande passeio
e vendo a árvore sozinha
envadiu sem arrodeio;
de machado derrubou
e combustível atirou
pra não deixar nem raíz!
era o fogo devorando
e a passarada chorando
com aquele gesto infeliz.
#
Imaginem meus senhores
o grande nó na garganta
e o tamanho
dos clamores
da dona daquela planta.
o lamento do vim-vim...
a ausência do din-din
da manga doce e do cheiro!
restando a cinza e mais nada
e a triste História contada
por um grande Washington Grangeiro.
Barbalha / Janeiro de 2013
José Joel de Souza - Zé Joel
Washington Grangeiro,
Obrigada por ter lido meu texto em seu programa e super obrigada por ter me mandado este belo cordel do Zé Joel, poeta que eu conheço pessoalmente, fui apresentado a ele pela grande cordelista do Crato, Josenir Lacerda.
Este cordel de Zé Joel já está na pauta para ser postado no blog. Diga para Zé Joel que gostei muuuuuito!!!
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