O Cantinho da Dalinha é também o canto do cordel. O picadeiro onde costumo entoar o meu canto em versos propagando a poesia popular. É o Canto de uma cearense que adora suas raízes, canto da mulher destemida que saiu das entranhas nordestinas e abriu uma janela para cantar sua aldeia para o mundo, Interagir com outros poetas cordelistas desfrutando deste mundo virtual. Sou Maria de Lourdes Aragão Catunda, a poeta de Ipueiras e do cordel, sou a Dalinha Catunda. dalinhaac@gmail.com
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quinta-feira, 22 de novembro de 2007
TEMPO DE CAJU
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Tempo de Caju
Num passeio de duas semanas, encontrei Ipueiras super colorida e com um cheirinho especial de caju invadindo toda a cidade.
Impossível não voltar aos velhos tempos e as boas recordações onde castanhas e meninos davam o tom às brincadeiras. A fartura das castanhas assada em pedaços de flandres furados, fazia a alegria da meninada que participava de todas as etapas daquele ritual. Sendo a mais importante a hora de saboreá-las.
Presente ainda em minha lembrança, os litros transparentes cheios de cachaça com um caju que boiava magicamente em meio ao liquido deixando-me fascinada, e ao mesmo tempo intrigada com o feito, por não entender, na época, exatamente, como a fruta entrara ali.
Contudo, a melhor recordação, era o jogo de castanhas que acontecia assim: uma dupla com seus saquinhos de castanhas. Um colocava um torno, (que era uma castanha grande) e o outro começava o jogo, que nada mais era, que, atirar castanhas alternadamente tentando acertar o torno. O primeiro que acertasse enchia a mão levando todas as castanhas atiradas.
Se as recordações ainda me encantam, o presente não deixou por menos. Cajueiros mais exibidos do que nunca apresentavam um espetáculo maravilhoso que só mesmo a natureza seria capaz de produzir.
Em pleno calor de outubro, o sertão com sua paisagem já amarelada passando a um marrom acinzentado, típico dos tempos secos, aparecem os verdes cajueiros a fazer contraste com a fartura de árvores ressequidas.
Aos meus olhos que sempre se encantam com as coisas do sertão, o cajueiral em sua pujança mais parecia grandes árvores de natal, fora de época, com suas bolas multicores atraindo pássaros das mais variadas espécies dando um colorido fascinante ao show patrocinado unicamente pela natureza em sua peculiaridade.
A feira também se encheu de cor, pelo chão, cajus, amarelos, vermelhos, alaranjados, pequenos, grandes compridos. O colorido, o cheiro e o preço baixo pela larga oferta eram um convite. Difícil não sair carregando sacolas e mais sacolas da fruta da época.
Era comum chegar em casa de amigos e ser agraciada com latinhas de doce e refrescar a garganta com o suco do momento e até levar uma garrafa de cachaça com caju da safra passada. O nordestino, principalmente, o do interior é dado a essas gentilezas.
Se o jogo de castanhas se perdeu no tempo..., o doce de caju, o suco, a cajuína, a castanha assada, a cachaça com caju estão aí a nos dizer que sempre haverá, tempo de caju em nosso querido Nordeste.
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2 comentários:
Bela crônica sobre o tempo dos cajus,quando ainda na década de 70 meu Pai teve por um curto período um terreno no Lamarão, passávamos os fins de semana a colher e chupar cajú, e além, quem pode esquecer do cheiro e gosto das castanhas torradas. Bons tempos que foram e são as dos cajueiros floridos.
Bérgson Frota
Dalinha, o seu blog está a todo vapor. Boa velocidade. Esta crônica sobre a temporada dos cajús está deliciosa. Parece-me sentir o gostinho da iguaria. Há uns que são doces como mel...
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