BUNDA ALEGRE
Eis aqui um pouco da história da
antiga “botadeira d’água”, Luiza Carolina, uma figura muito conhecida na cidade
de Ipueiras no interior do Ceará.
Era uma mulher alta, cor de
rapadura encerada, tinha os cabelos curtos e ondulados pendendo para claro. Três
coisas acompanhavam Carolina: A rodilha, uma lata e um par de brincos.
Lembro-me bem que ela tinha um
problema de vista, só enxergava de um olho. Além da deficiência visual, Carolina
veio ao mundo dos vivos com um defeito na perna. Tinha um pé embolado, que
deixava uma perna menor do que a outra, quando Carolina caminhava, naturalmente
balançava a bunda de um lado para o outro gerando assim um constante rebolado em
consequência de sua deficiência.
Os mais complacentes chamavam
Luiza Carolina, apenas de Carolina, porém os gaiatos da cidade apelidaram logo a
criatura de Bunda Alegre.
Os problemas de Carolina não
fizeram da mesma uma mulher imprestável, muito pelo contrário, ela foi uma das “botadeiras
d’água” que durante muitos anos dedicou-se com afinco a esta profissão que lhe
deu dignidade para não viver de favores.
Foi precisamente o requebrado de
Luiza Carolina a caminho do rio, dos barreiros, ou pegando água no chafariz da
cidade, subindo e descendo os becos de Ipueiras com uma lata d’água na cabeça, que
fez esta figura simples e interessante, ganhar o apelido de Bunda Alegre e
entrar para história das figuras populares de minha terra.
Texto e ilustração de
Dalinha Catunda
8 comentários:
Lindo isso. Nunca tinha ouvido ou lido a respeito das botadeiras de água! Legal! beijos,chica
Olá Chica,
Obrigada pelo comentário.
Antigamente no interior do Ceará, acredito que no interior de todo Nordeste, não tínhamos água encanada e as "botadeiras d'água" prestavam este serviço.
Dalinha
Um primor, o perfil da Carolina. Homenageia as botadeiras d'água
e rega a lembrança nobre de Ipueiras.
Marcos
Olá Marcos,
Obrigada pelo comentário, fico feliz com sua presença.
Pretendo fazer um resgate destas figuras populares que habitaram nossa Ipueiras. Guardar só na memória é muito pouco. Registrar para repassar as novas gerações acho que é uma boa pedida.
Parabéns, Dalinha! As histórias do povo nordestino nos enche de orgulho. bjos!
Obrigada, Nelcimá,
É sempre bom contar com sua participação por aqui.
Meu abraço
Muito interessante a história da Carolina, nossa Ipueiras tem muitas histórias, e ainda bem que temos uma Dalinha de mente brilhante para resgatar a vida desta gente boa do nosso sertão. Forte abraço e até breve. Tereza Mourão
Oi Teca, muito bom ter você de volta aos comentários.
Bateu vontade de voltar a resgatar as histórias de nossa gente.
Um abraço carinhoso.
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