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segunda-feira, 22 de abril de 2013

BUNDA ALEGRE


BUNDA ALEGRE
Eis aqui um pouco da história da antiga “botadeira d’água”, Luiza Carolina, uma figura muito conhecida na cidade de Ipueiras no interior do Ceará.
Era uma mulher alta, cor de rapadura encerada, tinha os cabelos curtos e ondulados pendendo para claro. Três coisas acompanhavam Carolina: A rodilha, uma lata e um par de brincos.
Lembro-me bem que ela tinha um problema de vista, só enxergava de um olho. Além da deficiência visual, Carolina veio ao mundo dos vivos com um defeito na perna. Tinha um pé embolado, que deixava uma perna menor do que a outra, quando Carolina caminhava, naturalmente balançava a bunda de um lado para o outro gerando assim um constante rebolado em consequência de sua deficiência.
Os mais complacentes chamavam Luiza Carolina, apenas de Carolina, porém os gaiatos da cidade apelidaram logo a criatura de Bunda Alegre.
Os problemas de Carolina não fizeram da mesma uma mulher imprestável, muito pelo contrário, ela foi uma das “botadeiras d’água” que durante muitos anos dedicou-se com afinco a esta profissão que lhe deu dignidade para não viver de favores.
Foi precisamente o requebrado de Luiza Carolina a caminho do rio, dos barreiros, ou pegando água no chafariz da cidade, subindo e descendo os becos de Ipueiras com uma lata d’água na cabeça, que fez esta figura simples e interessante, ganhar o apelido de Bunda Alegre e entrar para história das figuras populares de minha terra.
Texto e ilustração de Dalinha Catunda

8 comentários:

chica disse...

Lindo isso. Nunca tinha ouvido ou lido a respeito das botadeiras de água! Legal! beijos,chica

Dalinha Catunda disse...

Olá Chica,
Obrigada pelo comentário.
Antigamente no interior do Ceará, acredito que no interior de todo Nordeste, não tínhamos água encanada e as "botadeiras d'água" prestavam este serviço.

literatura disse...

Dalinha
Um primor, o perfil da Carolina. Homenageia as botadeiras d'água
e rega a lembrança nobre de Ipueiras.
Marcos

Dalinha Catunda disse...

Olá Marcos,
Obrigada pelo comentário, fico feliz com sua presença.
Pretendo fazer um resgate destas figuras populares que habitaram nossa Ipueiras. Guardar só na memória é muito pouco. Registrar para repassar as novas gerações acho que é uma boa pedida.

Nelcima De Morais disse...

Parabéns, Dalinha! As histórias do povo nordestino nos enche de orgulho. bjos!

Dalinha Catunda disse...

Obrigada, Nelcimá,
É sempre bom contar com sua participação por aqui.
Meu abraço

Os Recantos de Tereza disse...

Muito interessante a história da Carolina, nossa Ipueiras tem muitas histórias, e ainda bem que temos uma Dalinha de mente brilhante para resgatar a vida desta gente boa do nosso sertão. Forte abraço e até breve. Tereza Mourão

Dalinha Catunda disse...

Oi Teca, muito bom ter você de volta aos comentários.
Bateu vontade de voltar a resgatar as histórias de nossa gente.
Um abraço carinhoso.