Chapeuzinho de Palha
Numa casinha de taipa, no meio de um lindo carnaubal, morava Chapeuzinho de Palha. Lá viviam também : seu pai, sua mãe e um irmãozinho.
O pai era um simples agricultor.
A mãe, para ajudar nas despesas de casa, dedicava-se ao artesanato.
As carnaubeiras, que cantarolavam ao vento abrigando passarinhos, eram as mesmas que forneciam palha para a confecção do artesanato.
Dava gosto de se ver pendurada num alpendre, construídos com troncos de carnaúbas, o artesanato que ali ficava exposto encantando os passantes, que vez por outra, paravam para adquirir alguma peça : abanos, vassouras, peneiras, cestas, chapéus entre outros objetos que compunham o cenário.
O que era feito no meio da semana, era levado para ser vendido na feira de sábado.
Eles viviam com sacrifício.
O que ganhavam não sobrava para brinquedos. As crianças tinham que se contentar com brinquedos improvisados.
Chapeuzinho de Palha tinha este nome porque não tirava da cabeça o chapéu que ganhara de presente de sua mãe.
Já seu irmão, passava o dia para cima e para baixo, montado num cavalo de pau, feito do talo da carnaúba, um mimo do pai, que se esmerou em fazer umas orelhas e colocar um cabresto de barbante.
Chapeuzinho vivia triste e emburrada pelos cantos, por não ter com que brincar.
Não queria brincadeira de menino.
Com o chapéu não tinha graça brincar. Fazer o quê ?
Chegou o sábado e a menina pediu a mãe para ir com ela a feira.
No mercado chegando Chapeuzinho ficou maravilhada com um cesto cheio de bonecas de pano com roupinhas coloridas.
Pedia insistentemente a mãe que comprasse uma para ela.
Queria porque queria.
Sem condições de satisfazer a vontade da filha, pois ainda não havia vendido uma peça sequer das que levara a feira nada podia fazer. Além disso precisava primeiramente comprar alimentos de que a casa necessitava. O que a filha em sua inocência não entendia.
A vendedora de bonecas, vendo o pranto da criança, e a contrariedade estampada no rosto da mãe, num gesto de bondade, pegou uma bonequinha rechonchuda de pano e deu de presente a menina, que de imediato começou a sorrir, pegando a boneca no colo feito um bebê.
A mãe comovida escolheu a mais bela peça de palha e ofertou aquela que numa atitude de nobreza fez sua filha sorrir.
Muitas vezes um pequeno gesto se torna grande quando feito com amor.
Texto de Dalinha Catunda publicado no DN infantil, Diário do Nordeste de Fortaleza.