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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O POETA ME CONTOU


Xilogravura do Mestre J. Borges

O POETA ME CONTOU

Nas noites enluaradas
Carro de bois nas estradas
Gemiam pelo sertão.
Naquela melancolia
O caboclo valente seguia
Atrás de ganhar seu pão.

Na certa, mal dividido
Cabendo como é sabido
A maior parte ao patrão.
Enquanto o carro corria,
Me contava Jeremias
Um poeta do sertão,

Que os carreiros aos gritos,
Tocavam a condução.
Às vezes embalavam os bois,
Naqueles tempos de então
Entoando cantigas nativas,
E velhas loas como:

“vai, vai mandingueiro!
Vai, vai azulão!
Vaaai meu carro ligeiro!
Vai rei do sertão!”
Esta eu guardei na memória,
E não esqueço mais não.

Cada pau-d’arco abatido,
Cada Angico caído,
Doía no coração.
Talvez por isso o motivo,
Do carro entristecido
Chorando pelo sertão.

3 comentários:

Anônimo disse...

DALINHA



OLHO-TE

Eu estou a olhar-te…
Olho-te através da janela…
E vejo-te ao longe…
E sinto que tu também me vês…

Mas calmamente…
Segues o teu caminho…
Caminho que não deve ser fácil…
E que também deve ser árduo…

Mas que tentas esconder…
E que mesmo dorido…
Agarras com as duas mãos…
E eu… continuo a olhar-te…
Através da janela…
E a pensar…
Que do longe…também se faz perto!...


Lili Laranjo

O Profeta disse...

Quanta beleza...quanta pureza nesta poesia...


Doce beijo

Oliver Pickwick disse...

O que acho digno de estudo é o nome que os caras escolhem para os bois. É muito curioso.
Um beijo!