O Cantinho da Dalinha é também o canto do cordel. O picadeiro onde costumo entoar o meu canto em versos propagando a poesia popular. É o Canto de uma cearense que adora suas raízes, canto da mulher destemida que saiu das entranhas nordestinas e abriu uma janela para cantar sua aldeia para o mundo, Interagir com outros poetas cordelistas desfrutando deste mundo virtual. Sou Maria de Lourdes Aragão Catunda, a poeta de Ipueiras e do cordel, sou a Dalinha Catunda. dalinhaac@gmail.com
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terça-feira, 19 de agosto de 2008
O BURACO DA BALA
Foto: picasoweb.google.com
O Buraco da Bala
Essa é mais uma das muitas histórias do folclore ipueirense.
Afirmo e confirmo que muitas vezes a caminho das Barreiras, onde meu pai possuía terras, passei e parei para ver o tal buraco da bala junto aos meus irmãos. Buraco esse, que aguçava a minha curiosidade de menina e acompanhou-me até os dias de hoje.
O famoso buraco era a prova viva de um assassinato e de uma promessa de vingança cumprida e costumeira nos antigos sertões nordestinos.
Desde sempre tive interesse em esmiuçar essa história que virou lenda em Ipueiras, o buraco que resiste a ação do tempo, e permanece aberto para quem quiser confirmar a veracidade, ou não,da história.
Tudo começou quando mataram um membro da família Leite.
O assassino foi preso, porém, depois de certo tempo ganhou permissão para passar os domingos em casa, voltando antes do anoitecer para dormir na cadeia.
Os irmãos da vítima inconformados com o crime, juraram vingança e prepararam uma emboscada para pegar o assassino.
O cenário do acontecimento era o cemitério e redondezas, no dia da perseguição foi um corre-corre danado, bala de revolver para todos os lados, mas nenhuma acertava o criminoso que se esquivava entre túmulos e cruzes.
Também corria um boato que o criminoso tinha o corpo fechado e uma bala comum jamais alcançaria seu corpo. Sabendo disso, um sujeito da família dos Militão trouxe uma espingarda lazarina com uma bala de ouro e entregou um dos irmãos do finado para dar continuidade a perseguição, enquanto isso, o perseguido pulou o muro do cemitério e correu o mais que pode, em vão, pois logo foi atingido pela bala de ouro da lazarina que atravessou o seu corpo e pipocou no chão abrindo um buraco que jamais se fecharia denunciando para sempre o lugar do crime.
Dizem que o assassinado mesmo atingido chegou a correr alguns metros até tombar perto de uma grota onde até hoje existe uma cruz.
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5 comentários:
As lendas. Como te disse certa vez, elas sozinhas dariam um livro. Você tem uma excelente coleção. Seria uma boa idéia, não acha? Abração.
Adoro as lendas... lindas demais...
Beijos
Dalinha querida amiga
O meu silêncio não significa coisa nenhuma que não seja simplesmente a falta de tempo e alguma ausência cá de casa.
Hoje estou por aqui mas amanhã iremos para o Norte de Portugal, para Moledo uma zona litoral lindíssima que eu adoro.
Não esqueci a Dalinha e quero agradecer-lhe as amáveis visitas que me fez mesmo tendo eu andado arredado da Net nestes últimos tempos.
As nossas visitas e o nosso contacto é uma forma de me sentir ligado a esse belo país irmão.
Sei que já foi de férias e espero que tenham sido bem boas.
Nós iremos assistir às tradicionais Festas da Senhora da Agonia em Viana do Castelo. São talvez as mais famosas e importantes do povo português, populares portanto. Uma Romaria.
Repetem-se há muitos e muitos anos, e só eu já as frequento há mais de cinquenta anos, desde os tempos de criança com meus pais.
Se me perguntar porque razão as vejo sempre, não saberia responder-lhe. É qualquer coisa de muito intimo que me liga àquela gente, àquelas tradições regionais, aos usos e costumes do nosso povo minhoto, terra de minha mãe e minha por eleição.
Querida amiga, deixo-lhe um xi-coração cá de Portugal e espero que quando voltar de férias, em Setembro tudo volte ao normal e eu possa continuar a visitar os muitos amigos com quem estou em falta. Espero que me perdoe esse facto.
António
Uma bela crônica de resgate. Dalinha nos faz pensar nas muitas estórias que na infância ouvimos ou presenciamos e nelas nos deixamos fantasiar. Parabéns.
Jean, Tito, António e Bérgson. Compartilhar com outras pessoas as lendas, esse meu mundo cearense me deixa muito feliz.
Um abraço a todos,
Dalinha
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