
Essa é a galera do Corte Branco - Ipueiras -Ce que dança a autêntica quadrilha nordestina no chão de terra, numa latada coberta com palha, descalço, vestindo chita e com grande animação.Parabéns! meninada, por seguir a tradição.
NOSSO VELHO SÃO JOÃO
Ipueiras velha querida,
Quanta coisa ficou pra trás...
As fogueiras de São João,
Como era, já não se faz.
Mas a saudade no peito,
Teu povo ainda traz.
*
Em cada casa ardia,
A chama da tradição.
Fagulhas voavam ao vento,
Aumentando a animação.
Era um encanto pros olhos,
Labaredas em ascensão!
*
Mesa farta na calçada,
Fazendo jus a colheita.
Macaxeira e batata doce,
A dona de casa ajeita,
Com milho canjica e pamonha,
A mesa fica perfeita!
*
Meninos bebendo aluá,
Adultos bebendo quentão.
Não faltava pé-de-moleque,
Nem tão pouco animação.
O traque corria solto,
Pipocando pelo chão.
*
Parece que estou vendo...
Vem à tona o pensamento.
Santú trazendo lenha,
No lombo do seu jumento,
Pra fogueira de Espedito,
E também do Zeca Bento.
*
Na casa do Zeca Bento,
Seu Davi armava a fogueira.
Mas na casa do Espedito,
Do seu Manuel era a trabalheira.
A meninada ajudava!
Eita saudosa ipueiras...
*
As quadrilhas? Nem se fala!
Eram singelas e bonitas.
Rapazes amatutados,
Moças vestindo chita.
Cabelos longos trançados,
Nas tranças laços de fita.
*
Quem quiser saltar fogueira!
Quem quiser fazer simpatia!
Não se esqueça do passado.
Não se esqueça da magia.
Tente olhar sem medo,
Seu rosto numa bacia.
*
Seja compadre ou comadre,
Brincando de passar fogo.
Volte a se encantar,
Entre de novo no jogo
Junte o passado ao presente,
Escreva a história de um povo.
Texto e foto de Dalinha Catunda